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Ancine e Cultura criam suposta urgência para produção de conteúdo pró-armas

Por meio de seus dirigentes, Ancine deve lançar edital de fomento a conteúdos armamentistas

Publicado em 27 de outubro de 2022, por Artigos, Cinema, Notícias

Em abril deste ano, o antigo braço direito de Mário Frias, André Porciúncula, revelou que o edital de 200 anos de Independência do Brasil disponibilizado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), foi planejado para promover conteúdo pró-armas.

Justificando com o absurdo de que “a arma de fogo foi fundamental para que garantíssemos a nossa independência”, a ala bolsonarista do governo pretende fomentar o conteúdo de extrema direita com intuito de fazer a população em geral se identificar com as propostas dele — mesmo que estas forem de encontro com os interesses do povo.

O atual diretor-presidente da Ancine, Alex Braga, aprovou o lançamento deste edital ad referendum, alegando urgência, em 12 de setembro. Mesmo assim, o projeto foi mantido em sigilo, se esquivando de uma possível repercussão negativa, já que a última pesquisa do Instituto Datafolha sobre o assunto revelou que 72% do país não apoia a utilização extensiva de armas.

Os documentos do edital estão prontos para serem liberados, mas por enquanto não estão lançados a público. A Ancine assinou acordo de cooperação com a Secretaria Nacional do Audiovisual para dividir funções desse e de outros editais, mas não publicou nada no Diário Oficial.

A tática da ala de extrema-direita no país se dá após o plano de governo cortar a contribuição da Condecine, que rendia 800 milhões de reais por ano para o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), um dos maiores meios de fomento e produção de filmes do país. Desta forma, o governo Bolsonaro abre espaço para a produção de quase nenhum filme com fomento governamental, exceto os que estejam 100% alinhados com seus interesses.

(Redes Sociais/Reprodução)

Também em abril, a Agência Pública, num texto de Alice Maciel e Bruno Fonseca, denunciou o Secretário de fomento à cultura prometendo 1 bilhão de reais e incentivando que pessoas ligadas à indústria armamentista se inscrevessem em editais da Lei Rouanet para a divulgação de ideais que estão de acordo com a ala bolsonarista.

O Ministério Público também já denunciou a dupla Frias e Porciúncula devido aos gastos exorbitantes da gestão dos dois na secretaria de cultura, incluindo viagens pessoais aos EUA. O Intercept Brasil já denunciou falhas importantes no trabalho exercido para a cultura, que é quase inexistente e de poucos impactos na cultura do Brasil, pelo menos até essa guinada propagandista que tende a piorar tensões eleitorais e armamentistas no país.

É importante lembrar que o cinema e audiovisual foram bastante importantes na Alemanha pré-nazista para a manipulação de boa parte da população que se via em crise anos antes da chegada de Hitler ao poder e narrativas simplistas que colocavam a população contra falsos “espantalhos” geraram uma legião de novos adeptos ao regime. Nestes filmes há ampla divulgação de ideias antissemitas, anticomunistas e favoráveis à eutanásia ou a morte de indivíduos que não se encaixem em um padrão de raça.

Filmes proibidos, de Felix Moeller (Edition Salzgeber/Reprodução)

Esses filmes atualmente têm exibição proibida devido a seu conteúdo, o que também é questionado por alguns historiadores e sociólogos, mas claro sob o pretexto de discussão dos temas e dos intuitos que os levaram a serem produzidos.

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Estudante de Cinema e Audiovisual em formação, "sériéfilo" por consequência, entusiasta de efeitos visuais e crente no poder de transformação social através das artes.