O Portal Pop3 diz adeus a Jean-Luc Godard, um dos gênios da Nouvelle Vague
Segundo Agnès Varda, cineasta francesa de grande expressividade, Jean-Luc Godard criou um estilo de cinema e viveu dele até o fim
Publicado em 13 de setembro de 2022, por Vanessa Freitas • Artigos, CinemaO cineasta Jean-Luc Godard deixa o mundo aos 91 anos, após um suicídio assistido, segundo o jornal francês Libération. Apesar de sua ausência física, o realizador, roteirista e crítico de cinema franco-suiço, realizou mais de 80 filmes em sua carreira. Dentre eles, alguns nomes realmente memoráveis, como: À bout de souffle, (O Acossado, 1960); Une femme est une femme (Uma mulher é uma mulher, 1961) La Chinoise (A chinesa, 1967); Week-end (Week-end à francesa, 1968), entre tantos outros.
Assim, a estreia de Godard se deu com um manifesto da Nouvelle Vague: O Acossado. Nele, é possível perceber a relação dos heróis à deriva, o baixo orçamento, os jump cuts e um sabor agridoce entre a ironia, que mais tarde se revelaria em outros trabalhos de Godard, e um possível diálogo com o cinema Hollywoodiano.
Nesse contexto, o cineasta da Nouvelle Vague, em um tom de provocação, declara que para fazer um filme basta uma mulher e uma arma. Afirmação que é bastante coerente com o fazer cinematográfico dele.

À bout de souffle, de Jean-Luc Godard. (StudioCanal/Reprodução)
Nesse mesmo sentido, Godard dedicou-se também à crítica cinematográfica, sendo um dos nomes expressivos, inicialmente da La Gazette du Cinéma, após da Cahier du Cinéma, duas revistas importantes para a crítica e divulgação de cinema. Um dos seus primeiros textos para a Cahier du Cinéma foi com o pseudônimo de Hans Lucas, o texto intitulá-se “Défense et Illustration du découpage classique”.

La chinoise, de Jean-Luc Godard. (Athos Films/Reprodução)
Sobre sua vida pessoal, o cineasta esteve cercado de poucos amigos, como Agnès Varda, Jacques Demy e François Truffaut. Suas relações não eram tão próximas, já que o realizador era considerado uma pessoa difícil. No entanto, isso foi um dos detalhes que o permitiu retratar a complexidade e o turbilhão que são as relações humanas.
Nas palavras do próprio realizador:
“Essa é a condição da dialética cinematográfica: é preciso viver ao invés de durar.”
E Godard viu e filmou até o fim de sua vida. Dessa forma, o Portal Pop3 se despede desse grande realizador e convida todos os leitores a revisitarem suas obras.