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Abracadabra 2 mistura nostalgia, novidades e irmandade entre as bruxas (Crítica)

A espera de quase 30 anos traz de volta as irmãs mais charmosas do cinema com piadas modernas, números musicais dignos das Sanderson e um novo coven

Publicado em 30 de setembro de 2022, por Críticas

Abracadabra é um clássico filme de 1993, que conta a história das irmãs Sanderson, três bruxas velhas malvadas, mas muito divertidas. No primeiro filme, o dia deve ser salvo graças a um gato falante (amaldiçoado pelas Sanderson), dois adolescentes, Max Dennison e Allison (Omri Katz e  Vinessa Shaw) e uma criança, Dani Dennison (Thora Birch). Sob a direção de Kenny Ortega, mesmo diretor de High School Music, o filme é considerado um clássico, tanto pela poderosa performace das bruxas Winifred “Winnie”, Mary e Sarah Sanderson, como também pela sua capacidade de entretenimento.

A sequência chega ao streaming depois de quase 30 anos. Ela traz de volta as bruxas carismáticas vividas pelas atrizes hollywoodianas Bette Midler (Winifred “Winnie” Sanderson), Kathy Najimy (Mary Sanderson) e Sarah Jessica Parker (Sarah Sanderson). As três são trazidas por um fã das Sanderson, mas enfrentam o mesmo dilema do primeiro filme: para poderem viver depois do amanhecer, precisam de uma alma de criança. No entanto, diferente do primeiro, elas e nós, o público, tomamos consciência de um novo feitiço poderoso o suficiente para deixá-las vivas. Um grupo de três amigas, Becca (Whitney Peak), Izzy (Belissa Escodedo) e Cassie (Lilia Buckinghamm) vão tentar evitar a todo custo.

Quem assume a direção da continuação é Anne Fletcher, diretora de várias comédias românticas, como A Proposta (2009). No filme, não podemos dizer que Fletcher traz um estilo muito diferente de Ortega, mas ela faz o trabalho e faz bem. Temos mais sequências musicais, mais dança, sem que o filme seja um musical.

(Disney+/Reprodução)

O humor do filme, assim como o primeiro, está no diálogo com a tecnologia, a última vez que as Sanderson viram o mundo moderno foi em 1993, nós — mais do que ninguém — sabemos as transformações radicais vividas em um espaço de tempo relativamente curto. Assim, as irmãs encaram as novidades do século XXI com muita confusão. Como espectadores, divertimo-nos tanto quanto elas, já que também estamos — de alguma forma — pedidas com o acúmulo de informação e tecnologia.

Outro grande ponto forte do filme é uma introdução ao passado das bruxas. Em Salem do século XVII, encontramos as irmãs ainda adolescentes tendo que lidar com as pressões da sociedade da época. Nesse sentido, mesmo tendo um ar infantil, já que é também o público a quem se destina, o filme traz uma reflexão sobre o que é a bruxaria, qual a importância de ter laços de irmandade, formando um coven ou não, e como as mulheres podem se unir e se empoderar.

(Disney+/Reprodução)

O feminismo trazido pelo filme não é panfletário. Ele dialoga nas minúcias, reforça-se nos detalhes e atinge o ápice no final do filme — para saber sobre o que se trata, é preciso ver o filme —. Eu fiquei particularmente tocada e satisfeita com esse desenvolvimento do enredo. Tenho visto muitas produções machistas sendo realizadas pela grande indústria como se fosse a ordem das coisas. Temos — em pleno século XXI — reforçado a mulher como louca, tirana e incapaz de tomar decisões racionais, vide Game of Thrones (2011-2019), ou ainda, quando não, o público a faz parecer tudo isso, como foi o caso de The boys (2019 -) em que a atriz Erin Moriarty, Starlight, foi alvo de comentários misóginos em sua rede social, ou ainda, em O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (2022) em que houve mais um ataque misógino (e racista). Temos inúmeros exemplos de machismo fora e dentro das telas. Assim, em Abracadabra 2, posso dizer: AS BRUXAS ESTÃO SOLTAS!

(Disney+/Reprodução)

Por fim, fica o convite para assistirem ao filme. Ele ainda não é um cult, mas deixemos para o tempo temperá-lo, o primeiro também não saiu como cult. O filme vai te arrancar boas risadas e, no fim, assim como eu, talvez, vocês tenham vontade de dizer: “irmãs, unimo-nos” ou eles nos queimarão na fogueira mais uma vez. Em todo caso, se você quiser assistir a um filme com mulheres fortes, mas polêmico, aproveita para ler a crítica do Não Se Preocupe, Querida (2022).

Abracadabra 2
Hocus Pocus 2
2022
Anne Fletcher
Jen D'Angelo, David Kirschner e Blake Harris
Disney +

Nota: 4.5

Nota: 4.5

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Graduada em Cinema e em Letras, sou apaixonada pelas mais diversas linguagens. Além das Artes, do Cinema e da Literatura, tenho uma paixão secreta (ou não tão secreta) por bolos.