Adão Negro acerta ao equilibrar tensão e comédia com heróis da DC (Crítica)
Filme da DC conta com Dwayne Johnson, Pierce Brosnan, Aldis Hodge, Noah Centineo e Viola Davis no elenco central
Publicado em 18 de outubro de 2022, por Matheus Rocha • CríticasÉ inevitável fazer algumas comparações entre franquias cinematográficas baseadas em heróis dos quadrinhos. Desde que Kevin Feige introduziu a unidade criativa nos projetos da Marvel, o resultado passou a ser além do satisfatório. Por enquanto, a DC ainda não possui uma figura como essa em seu hall de produtores. Porém, entre erros e acertos, a subsidiária da Warner Bros. Discovery parece estar conseguindo finalmente seu tão sonhado lugar ao sol. Um bom exemplo a ser citado dentro desse contexto é o recém-lançado Adão Negro (Black Adam, no original), spin-off de Shazam! (2019), que conta com o carisma de Dwayne Johnson, o The Rock, para atrair a audiência e contar a história de um anti-herói cheio de camadas.
Com o objetivo de apresentar alguns heróis da companhia, como o protagonista titular e outros rostos ainda desconhecidos do grande público, o longa-metragem, dirigido por Jaume Collet-Serra, utiliza algumas sacadas interessantes na construção dos seus arcos narrativos. Para começar, logo no início da produção, viajamos a um passado bastante remoto, no qual é possível entender como os deuses agraciaram o campeão da cidade de Kahndaq com poderes capazes de libertar o povo de tiranos e ditadores. No entanto, no presente, ao que tudo indica, a região ainda amarga nas mãos de pessoas ambiciosas e truculentas.
Quem está disposta a subverter esse cenário é a professora Adrianna Tomaz (Sarah Shahi) e seus aliados, o que inclui seu próprio filho, Amon (Bodhi Sabongui), e seu irmão, Karim (Mohammed Amer). Em busca da coroa de Sabbac, ela acaba libertando Thet-Adam (Johnson), que logo passa a protegê-la em uma espécie de recompensa. Criando algum laço de afinidade com essa família, Thet-Adam entende que é o campeão escolhido para finalmente libertar Kahndaq.
Acontece que, nesse meio tempo, Amanda Waller (Viola Davis) já havia recrutado a Sociedade da Justiça, composta por Carter Hall (Aldis Hodge), o Gavião Negro; Albert Rothstein (Noah Centineo), o Esmaga Átomo; Maxine Hunkel (Quintessa Swindell), a Cyclone, além de Kent Nelson (Pierce Brosnan), o Senhor Destino, para deter aquele que estava servindo apenas destruição.

(Warner Bros. Pictures/Reprodução)
Com uma premissa simples, porém com algumas doses de complexidade, Adão Negro foca na dinâmica interna de seus personagens, equilibrando tensão e comédia de um jeito bastante competente. De forma rítmica, o filme consegue trabalhar muito bem sua ambientação e principais pontos narrativos com tranquilidade, fazendo com que os espectadores tenham tempo de refletir sobre as referências e ações. Nesse sentido, a relação de causa e efeito se dá de forma competente, cujos clichês conseguem realmente emular emoção e simpatia pelo que está posto na tela.
Um bom exemplo disso está concentrado em dois personagens cômicos: Karim e Al. Enquanto o primeiro é um ser despretencioso que gosta de cantar músicas românticas e assistir filmes do cineasta Sergio Leone, o segundo gosta bastante de comer, talvez para controlar sua ansiedade. Assim, Collet-Serra poderia construí-los de outras formas, ainda mais abruptas, porém, ressalta pequenos pontos de cada um deles para surtir efeitos posteriores. Dessa maneira, o cineasta parece estar preocupado com os detalhes e também com as percepções do público, o que é gratificante no contexto geral do filme.
Mesmo com um pouco de exposição — até mesmo visual, o que não acaba sendo enfadonho em um filme de origem —, Adão Negro dá conta de estabelecer toda a sua história, seguindo por uma linha narrativa coerente e apresentando bons momentos aos espectadores. Em linhas gerais, as dicotomias são deixadas de lado para trabalhar em algo muito maior. Muitos poderão considerar alguns artifícios específicos do roteiro como previsíveis, contudo, eles são essenciais para a eficiência de outros pontos cruciais, incluindo os próprios spoilers fornecidos por um personagem que consegue prever o futuro.
Em resumo, com esse filme, a DC finalmente consegue acertar sem deixar a desejar em uma bagunça eterna de ideias. Após tantas tentativas de se consagrar como uma produtora de filmes divertidos e carregados de emoções, Adão Negro mostra como um roteiro bem desenvolvido é essencial para o bom trabalho de todos os outros departamentos, incluindo até mesmo os efeitos visuais, que aqui estão muito bem orquestrados à serviço da narrativa. Com a cena pós-créditos — importante citar —, fica evidente que a ambição da companhia em seguir por um caminho épico e cheio de energia.

(Warner Bros. Pictures/Reprodução)
Eu não sei vocês, mas já estou bastante curioso para saber o que vem por aí!

Nota: 4
