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Em Ruído Branco, Noah Baumbach apresenta uma comédia nonsense alternativa (Crítica)

Longa-metragem da Netflix chega à plataforma de streaming em 30 de dezembro deste ano

Publicado em 28 de dezembro de 2022, por Críticas

O cineasta Noah Baumbach é mais conhecido no nicho alternativo do cinema, com filmes de um tempo mais lento que os filmes comerciais. Em Ruído Branco, seu novo projeto, porém, ele ainda possui esse seu lado alternativo no gênero da comédia, o que pode lhe trazer mais espectadores. Previsto para ser lançado oficialmente na Netflix em 30 de dezembro, o longa-metragem tem bastante chance de entrar na corrida para o Oscar 2023.

A trama é focada em uma família que vive no Centro-Oeste dos Estados Unidos, formada por Jack Gladney (Adam Driver), o patricarca, que também é professor universitário e consiste em uma autoridade especialista na figura de Aldolf Hitler — porém ele não fala alemão —, e Babette Gladney (Greta Gerwig) é sua esposa. Ambos estão em seu quarto matrimônio, morando juntos com os filhos dos casamentos anteriores, além de suas próprias crianças — totalizando quatro pessoas. O filme tem início antes de uma batida entre um caminhão de combustível com um trem contendo Nyodene-D. Com isso, a produção é dividida em três partes: antes do acidente, durante o acidente e o pós-acidente.

A primeira parte é uma apresentação dos personagens, na qual a família se mostra muito excêntrica, cheia de energia e até mesmo caótica com seus seis membros. Porém, essa excentricidade não é exclusiva da família e sim dos personagens do filme, já que há um colega de Jack que é especialista em Elvis e tudo que ele fala se resume ao rei do rock. É uma parte um tanto monótona, pois é só o dia a dia; Jack vai até a universidade, volta para casa a noite para o jantar. Ele espera o jantar que Babette preparou e come junto de sua família.

Assim, a história começa a se desenvolver melhor quando ocorre o acidente. O filho mais velho, Heinrich (Sam Nivola), escuta pelo rádio que houve essa colisão e fica obcecado sobre ele. Como não há muita notícia sobre o que o que realmente aconteceu e porque da nuvem preta que surgiu do acidente, especulações sobre isso começam aparecer e Heinrich, mesmo para os anos 1980, está informado como se existisse Twitter. A segunda parte é sobre o desenrolar do acidente. Há especulações sobre quais sintomas podem acontecer, os dois primeiros “lotes” de sintoma são mais plausíveis, mas no terceiro e último é um tanto curioso, você poderia sentir a sensação de um dejá-vu.

Inclusive, Jack comenta que esse sintoma não faz sentido. Jack e Heinrich discutem sobre os possíveis desdobramentos, Jack está convicto que nada vai acontecer e a fumaça não iria passar pela cidade. Enquanto Heinrich, com todas as informações sobre o acidente, fala que a cidade irá que ser evacuada porque não é a fumaça que é o perigo, mas sim as substâncias que soltam. Segundo suas informações as substâncias tóxicas estão sendo transportada pelo ar e não pela fumaça, então precisaram sair de casa e ir para um lugar seguro. Eles estão discutindo isso durante o jantar que Babette demorou para preparar.

E logo que os pontos são falados, a polícia informa na rua que a cidade está sendo evacuada. Eles demoram um pouco para processar a informação e cada um vai pegar algumas coisas para irem embora. Steffie (May Nivola) fala que não encontrou a máscara de esqui dela. Sendo que eles estão no verão e uma máscara de esqui não seria necessária naquele momento, toda a família comenta sobre isto. Durante o congestionamento, há vários momentos caricatos exagerados sobre o medo que estão sentindo, porém todos são demonstrados de formas não usuais, trazendo o humor para o filme. Além de muitas outras.

Na terceira parte, há uma elipse temporal. Ela começa uns dias depois de tudo voltar ao normal, para não deixar o espectador perdido no tempo, há uma fala falando brevemente como aconteceu, algumas consequências do ocorrido e quantos tempo se passou desde que acabou o temor coletivo. Esta parte não tem muita relação sobre o acontecido, porém ela só foi percebida porque Babette está se comportando estranhamente fazia um tempo, então essa parte é focada nisso. É uma parte um pouco investigativa, porém de um modo caricato e estranho. 

O filme trabalha o absurdo para fazer humor. E o deixa engraçado. A cena final é incrível e você fica se perguntando ‘o que está acontecendo?’. Noah Baumbach sai um pouco do estilo de seus filmes, mas sua essência está através dos monólogos longos e pensamentos um tanto existencialistas no filme.

É um filme gostoso e engraçado de se ver, apesar de seus absurdos, como Jack idolatrar Hiltler, por exemplo, e sua duração de 2 horas e 16 minutos. Os figurinos são muito bonitos e diferentes, a paleta do filme também muito bonita que fica mais evidente nas cenas que eles estão no supermercado, inclusive a identidade visual das embalagens é muito bonita, como a identidade visual gráfica da fonte do filme possui uma constância durante o filme.

Na fotografia, há movimentos de câmera interessantes. Apesar de ter Adam Driver e Greta Gerwig fazendo muito bem seus papéis, as atuações de mais destaques, na minha opinião, são de Sam e May Nivola, os seus personagens são muito peculiares e eles fazem isso atuando muito bem.

Ruído Branco
White Noise
2022
Noah Baumbach
Noah Baumbach
Netflix

Nota: 4

Nota: 4

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Amo música, cinema, artes visuais e cores. Gosto de descansar vendo filmes e, as vezes, isso acaba cansando também. Sou graduada de Cinema e Audiovisual.