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Fracasso entre a crítica, Umma explora os impactos do trauma geracional entre mulheres (Crítica)

Filme de terror protagonizado por Sandra Oh aborda imigração coreana para os Estados Unidos e o trauma geracional em mulheres de três diferentes gerações da mesma família

Publicado em 14 de maio de 2022, por Críticas

Protagonizado por Sandra Oh, Umma é um filme de terror dirigido por Iris Shim.  Lançado em 2022, a produção tem 83 minutos de duração, e recebeu duras reviews, com apenas 27% de aprovação da crítica e 51% de audiência no Rotten Tomatoes. Recomendo que o público não se deixe assustar pelas avaliações, mas que dê uma chance à narrativa que explora de forma não convencional o trauma geracional em três gerações de mulheres e a imigração da Coreia para os Estados Unidos. 

A trama acompanha uma mãe, Amanda (Sandra Oh), e sua filha Chris (Fivel Stewart), que vivem uma vida pacata e sem eletricidade em uma fazenda nos Estados Unidos. O motivo do afastamento da tecnologia seria uma doença de Amanda, que a impossibilita de estar perto de eletricidade. As duas produzem e vendem mel, enquanto Chris, que é uma adolescente na idade de ir para a faculdade, considera essa opção. Ela esconde esse desejo da mãe, de quem é a única companhia constante.

A ausência de tecnologia elétrica em suas vidas afasta Chris dos outros jovens, que isolada de um mundo de smartphones e redes sociais é vista como uma estranha pelos seus colegas. Apesar dessa inadequação social, Chris aparenta ser uma jovem feliz, com a mãe e o revendedor de mel de meia idade, como únicos amigos. Essa situação muda quando os restos mortais da mãe de Amanda, Umma (MeeWha Alana Lee), chegam da Coreia, deixando a filha assombrada pelo medo de se transformar na própria mãe. Somos apresentados a partes da infância traumática, com uma mãe furiosa, de Amanda, um passado do qual ela tenta fugir e esquecer.

Fivel Stewart em Umma. (Sony Pictures/Reprodução)

Assim, o trauma geracional permeia a história dessas mulheres, que ganha aspectos de fantasmagóricos de terror, com a presença do espírito de Umma. Vemos a relação entre mãe e filha ser explorada em diversas perspectivas. E, até mesmo, a mãe raivosa de Amanda não é mantida como uma pessoa má e unidimensional, mas ganha contornos de sua própria história traumática de imigração da Coreia para os Estados Unidos, seguindo o marido, da forma que a expectativa social esperava que ela fizesse.

A narrativa também carrega diversas referências a gumiho, o espírito da raposa, sobre o qual eu pouco conhecia. De acordo com as pesquisas que realizei após terminar de assistir o filme, o mito coreano da raposa de nove caudas, imagem que chega a ser personificada em uma cena, se refere a um espírito que consegue trocar de forma e frequentemente opta por ser vista como uma mulher para pregar peças nos humanos.

Com um roteiro dessa dimensão, Umma tinha o potencial de ser uma narrativa muito mais poderosa do que se apresenta, mas ainda assim entrega um produto que entretém. A curta duração do filme, que por um lado é um alívio para quem busca assistir algo em pouco tempo numa época em que muitas produções se aproximam, ou passam, de 2h30 de duração, pode também influenciar em como muitas das pautas apresentadas são colocadas de forma rasa, deixando o seu desenvolvimento a desejar.

Umma é uma produção Sony Pictures e está disponível para assistir no Brasil por meio da compra ou aluguel do filme na Claro Video, Google Play Movies, Microsoft Store e Youtube.

Umma
Umma
2022
Iris K. Shim
Iris K. Shim
Sony Pictures Motion Picture Group

Nota: 3.5

Nota: 3.5

24 anos. Jornalista com interesse em Estudos Culturais. Cohost do podcast Cadelinhas da Indústria Cultural. Fã de artes em diversas mídias, tentando acumular o maior número de hobbies possíveis.