Halloween Ends: mais um final para a saga Halloween (Crítica)
44 anos depois desde o primeiro filme, Halloween Ends encerra a trilogia iniciada em 2018, que reviveu a história entre Laurie Strode e Michael Myers
Publicado em 12 de outubro de 2022, por Lídia Glória • CríticasContém leves spoilers
Chegamos ao fim, mais uma vez.
Definitivamente essa não é a última vez que veremos Michael Myers. Dirigido por David Gordon Green, o que não chega a assustar nem garantir qualidade já que Green dirigiu tanto o Halloween em 2018 quanto a tristeza que foi Halloween Kills. Aqui ele está acima da média.
Esse filme é melhor que as outras 10 tentativas de encerramento. A direção é mais dedicada e bem mais criativa com planos que não esperava ver especificamente nesse filme, Green parece ter sido tão atormentado pelo Kills quanto nós que tivemos expectativas colocadas nele. A melhor parte da criatividade na direção é que ela não está sozinha. Todas as estripulias da câmera de som aqui são muito bem justificadas. Os planos da escada na sequência inicial são os sons de ratos que vem junto com Michael Myers ou as canções cantaroladas pelo morador de rua. Não temos um plano bonito só por ser bonito aqui tudo está muito bem amarrado narrativamente.

Frame do trailer. (Universal Pictures/Reprodução)
Ao que se propõe o filme é bem-sucedido, é um horror fascinante de prender o espectador embora o roteiro funcionasse melhor em um filme novo, pois a história de fracassos pregressa dessa obra pode tirar um pouco da imersão. O importante é que o filme assusta, o décimo terceiro (13°) filme de Halloween honra o legado de John Carpenter, não temos abusos de gore nem muitos jumps scares. É cheio de referências e acenos para o filme de 78, e a outros filmes de Carpenter, igual aos dois anteriores dessa trilogia de Green, porém aqui funciona em Kills não. É nostálgico e divertido ver referências ao início do filme como a insistência do menininho que Michael Myers é um assassino de babás como seria o título original do primeiro filme (Halloween: The Babysitter Murders of Haddonfield). Os efeitos práticos desse filme são belíssimos, e não são usados à exaustão. Todo corte ou machucado é muito crível.

Frame trailer. (Universal Pictures/Reprodução)
As personagens são um pouco mais vazias Allyson Nelson (Andi Matichak) não é tão cativante quanto Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) que está ótima aqui, toda sua trama de luto e de cuidado com a neta são muito bem exploradas. Já a neta Allyson é uma final girl de sequência só que apaixonada pelo novo bicho-papão, cega de amor acaba não reparando o óbvio, mas isso não chega a ficar tão forçado a ponto de incomodar. Corey Cunningham (Rohan Campbell), por sua vez, é bem chato. Acompanhar as mudanças de Corey é bem interessante, mas até o rapaz começar a tomar jeito demora um pouco, mas quando começa você quer ver mais e mais do que ele tem para mostrar. As dificuldades das personagens principais dão uma camada a mais a Laurie, Allyson e Corey que fez com que ele ficasse minimamente gostável em todo o começo da obra.
Um único ponto nas personagens é que se toda a cidade não fosse tão detestável nada disso nunca teria acontecido. O que faz com que a morte deles não tenha tanto peso e seja até esperada.
Ends é um filme que tem tudo para ser um sucesso de bilheteria, é bem dirigido, tem uma linguagem um pouco mais moderna é visualmente bonito e assustador. Quando se desconecta dos outros filmes horrorosos que vieram antes, como o abominável Halloween 4, esse ganha um primor que agrada qualquer fã do gênero e também os fãs da franquia devem ficar mais felizes com esse final que os outros. Apesar de não acreditar que esse será mesmo o final de Halloween é um encerramento bonito para uma história marcada por tantos baixos, seria bom acabar em um ponto alto pelo menos.

Nota: 4
