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Men: Faces do Medo e o comtemplativo no terror (Crítica)

Men: Faces do Medo utiliza do silêncio e do mundano para criar tensão em todos os seus principais momentos

Publicado em 6 de setembro de 2022, por Críticas

Harper (Jessie Buckley) é uma recém viúva que, após a morte do marido, quer mudar seus ares. Ela decide ir para uma cidade no interior da Inglaterra se recuperar da tragédia. Em uma viagem cuja vista é muito bonita, Harper chega à casa que irá ficar hospedada. Mas antes de entrar no local, ela visualiza uma macieira, a qual a protagonista retira uma maçã e morde. Já dentro da casa, Geoffrey (Rory Kinnear), dono da casa, diz que ela está comendo um fruto proibido. Sem graça, Harper esconde a maçã no primeiro lugar que visualiza. Ainda desconfortável, ela faz o tour para conhecer a casa. Riley (Gayle Rankin) liga para saber de Harper e, ela então, conta sobre o local, dizendo que primeiro quer dar uma volta pela redondeza.

Na floresta, Harper se encanta pelo silêncio contemplativo que encontra entre os tons de verde, marrom e de flores que eventualmente vai se deparando. Até que a personagem chega em um túnel. Harper se encanta com o comprimento e cantarola usando do eco para ela compor sua canção; ela estava bem feliz. No entanto, ela percebe que no final do túnel havia uma pessoa. Harper fica sem saber muito o que fazer de imediato, até que começa a correr. Perdida, ela vai caminhando em busca de um novo caminho. Harper finalmente chega em um campo aberto e, encantada novamente com a beleza, decide tirar uma foto.

Logo após de dar o clique, Harper repara que a pessoa que estava no túnel a encontrou e era um homem. E ele está pelado. Assustada, já em casa, Harper liga para sua amiga para contar sobre o ocorrido e mostrar a casa. No tour, Harper percebe que seu perseguidor a seguiu até lá. Dessa maneira, Harper liga para a polícia. E o filme caminha justamente nessa tensão mundana de que uma mulher poder ser assediada a qualquer momento. Em uma cidade onde só se vê homens e que se protegem, Harper se sente ainda mais isolada do que estava quando vivia em seu apartamento na cidade de Londres. O terror e o medo se criam a partir dessa condição!

Diferente da maioria dos filmes desse gênero, a fotografia do longa-metragem procura ser mais plástica, brincando com cores e enquadramentos que tragam uma tranquilidade para que os momentos de tensão, no meio da imensidão, sejam mais assustadores, pois Harper estará sozinha no meio do interior rural inglês.

Com o vermelho e verde bem presentes, assim vivemos a atmosfera do filme, com cores que nos fazem lembrar do Natal, época de festa e celebração. Neste ponto, o diretor Alex Garland consegue demonstrar como a presença masculina pode ser amedrontadora. E acaba alternando momentos bonitos e felizes com momentos de tensão, até mesmo no clímax do terror do filme se está completamente tomado por aquilo que pode acontecer a Harper.

Garland inova em trazer uma elegância ao gênero e utiliza o silêncio como fator principal de construção do medo. Algo que a protagonista procurava a atormentou e, além do fato de uma mulher, sofrer assédio de um homem traz uma realidade muito concreta para o filme, sendo que com a metáfora bíblica do fruto proibido, temos vários fatores que evoca o patriarcado; Harper, sozinha, luta contra ele.

Para os amantes de filmes de terror, é bastante diferente da forma que Midsommar (2019) cria a tensão em terror à luz do dia. Aqui se cria um terror em algo que todos conhecem: a possibilidade do assédio. É um filme que vale a pena assistir e para conferir todo o desenrolar da história.

Men: Faces do Medo
Men
2022
Alex Garland
Alex Garland
Paris Filmes

Nota: 3

Nota: 3

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Amo música, cinema, artes visuais e cores. Gosto de descansar vendo filmes e, as vezes, isso acaba cansando também. Sou graduada de Cinema e Audiovisual.