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Pinóquio de Del Toro tem um grande coração que carrega o amor por Stop Motion (Crítica)

Nova versão do clássico Pinóquio, filme da Netflix traz uma versão mais sombria da história sob a perspectiva de Guillermo Del Toro

Publicado em 13 de dezembro de 2022, por Críticas, Oscar 2023

Um original Netflix, Pinóquio por Guillermo del Toro (Guillermo del Toro’s Pinocchio) traz a perspectiva do renomado diretor Guillermo Del Toro sobre o clássico conto de fadas. Trata-se de uma versão mais sombria da narrativa do boneco de madeira que se transforma em menino de verdade. Tendo como cenário a Itália fascista, liderada por Mussolini, Pinóquio ganha uma profundidade antifascista, se aproximando mais do clima em que foi criada a obra original de Carlo Collodi do que as outras adaptações.

A versão, co-dirigida por del Toro e Mark Gustafson, mostra os estragos causados por guerras, desde o seu ponto de partida: a morte do menino filho de Gepeto (David Bradley), vítima de um bombardeio, causando o sofrimento que viria a motivar o artesão a criar o boneco Pinóquio (Gregory Mann).

Proporcionando uma visão mais ampla da história, do que a perspectiva do próprio boneco, o roteiro, escrito por del Toro e Patrick McHal, é guiado pela narração do grilo falante Sebastian J. Cricket (Ewan McGregor). Escolha narrativa que permite maior compreensão sobre o cenário crítico causado pelo avanço do fascismo, sem arriscar a visão inocente e infantil do jovem Pinóquio.

Os elementos mágicos da história são complementados pelo espírito da floresta, Wood Sprite, e pela Morte — ambas pela voz de Tilda Swinton —, acompanhadas de coelhos carregadores de almas. Todos carregados pela estética característica de del Toro, que dá uma roupagem mais sombria e distante das versões dos contos de fada. Escolha marcante também na criação estética do protagonista, que assume características mais rústicas, a la Frankenstein.

É sempre um prazer poder ter um vislumbre da perspectiva de Guillermo del Toro sobre o que é ser humano e ver essa visão ganhar vida pelas mãos de quem aprecia a magia de fazer arte. Torna-se impossível falar desse filme sem abordar o respeito do diretor pela beleza do trabalho de animação Stop Motion, que eleva a produção ao patamar de obra prima. A função, que costuma ser ofuscada pelos nomes de atores conhecidos, é tratada pela equipe e pela divulgação do filme com o destaque do trabalho que dá vida à produção.

É isso que faz com que Pinóquio seja um filme de tripla nacionalidade — EUA, México, França —, com del Toro tendo feito questão de deixar a animação do protagonista nas mãos de profissionais mexicanos.

De forma engenhosa, a história do boneco de madeira mais famoso do mundo, é também contada, nessa versão, por meio de bonecos, usando a técnica de stop motion aliada a tecnologia. Tudo o que vemos na tela foi criado com meses e meses de dedicação e trabalho manual em contraposição a criação de Pinóquio, feito em uma noite por um Gepeto bêbado.

O resultado é uma verdadeira obra de arte que maravilha, entretém e emociona, ao abordar temas comuns a experiência de vida e mortalidade de toda humanidade. Pinóquio está disponível para assistir na Netflix, onde você também pode conferir o documentário Pinóquio por Guillermo del Toro: Cinema Feito à Mão, sobre sua produção, uma visão dos bastidores que deve encantar todos os amantes de arte.

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Pinóquio por Guillermo del Toro
Guillermo del Toro's Pinocchio
2022
Guillermo del Toro, Mark Gustafson
Guillermo del Toro; Patrick McHale; Carlo Collodi (baseado no livro escrito por)
Netflix

Nota: 4

Nota: 4

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24 anos. Jornalista com interesse em Estudos Culturais. Cohost do podcast Cadelinhas da Indústria Cultural. Fã de artes em diversas mídias, tentando acumular o maior número de hobbies possíveis.