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A Primeira Comunhão é O Chamado feito em espanhol (Crítica)

Publicado em 30 de março de 2023, por Críticas

Sinopse: Espanha, final dos anos 1980. A recém-chegada Sara (Carla Campra) tenta se entrosar com os outros adolescentes de uma pequena cidade na província de Tarragona. Se ao menos ela fosse mais parecida com sua melhor amiga extrovertida, Rebe (Aina Quiñones), as coisas seriam mais fáceis. Uma noite, elas vão para uma casa noturna e, na volta, a caminho de casa, elas se deparam com uma menina segurando uma boneca, vestida para sua primeira comunhão. É aí que o pesadelo começa.

O filme é tão simples quanto a sinopse faz parecer, ao que se propõe é suficiente, mas não espere o terror do ano ou um novo clássico. Com um filtro muito bonito e uma maldição simples, A Primeira Comunhão (La Niña de la Comunión, no original) é um filme muito simpático que tem desenvoltura o suficiente para segurar o espectador até o final. É bonito e esforçado.

A produção se inicia apresentando uma família atormentada pela maldição da boneca da primeira comunhão — que é muito fácil de entender: encostou na boneca, pegou a maldição. Isso é algo ótimo, pois ganhamos tempo de filme, tempo que poderia ser usado para assustar se não fosse desperdiçado em um arco sobre drogas que não leva a lugar nenhum. Há uma primeira morte bem gráfica, que se repete nas mortes seguintes, mas com uma frequência um pouco menor que o esperado para filmes desse gênero. Ele tropeça aqui e ali, mas nada que interfira na verossimilhança que Victor Garcia, seu diretor, propõe. Até consegue assustar um pouco — claro que com o jumpscares a cada 20 minutos ele tinha quase que a obrigação de conseguir alguns sustinhos.

Trata-se de uma versão do clássico O Chamado para quem tem coração, com um poço próprio e um pai problemático fica impossível pensar que ele não tenha bebido muito do poço de Samara e sua história, com um final um pouco mais feliz para a fantasma neste caso. Algo como Ringu — o original japonês — para quem tem pressa ou cheio de efeitos visuais, A Primeira Comunhão tem seu charme. O longa-metragem conta com ótimas cenas de horror psicológico. Destaco aqui a cena do fliperama, que se resolve muito bem tanto sonora quanto visualmente, com luzes e vozes realmente assustadoras o que a faz ser, facilmente, a cena mais bonita e relevante do filme. 

O maior problema dessa produção, ao meu ver, é a maquiagem e os efeitos especiais. O fantasma parece uma mosca, o que tira um pouco o medo que ela pudesse passar, já que beira o ridículo. A boneca também não fica atrás, chega a ser risível como ela não consegue parecer algo antigo e fica até sem sentido na narrativa se você prestar muita atenção. Nenhuma das mortes realmente convence, mas como elas são todas muito parecidas, é fácil aceitar que as pessoas daquela vila só morrem muito facilmente e que a polícia lá não existe, apenas ambulâncias. Algumas das mortes são completamente ignoradas pelo filme e só estão ali para assustar, outras acabam ficando ridículas pelos efeitos especiais com pouca verba. 

A trama do final do filme é interessante e esforçada. Se a caracterização dos monstros fosse melhor, não há dúvidas de que teríamos um grande final. Mas como está, só serve para olhar e pensar: legal, não esperava por isso.

A Primeira Comunhão
La Niña de la Comunión
2022
Victor Garcia
Guillem Clua, Victor Garcia
Paris Filmes

Nota: 3

Nota: 3

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