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Alerta Máximo: Gerard Butler protagoniza fiasco cinematográfico (Crítica)

Alerta Máximo conta com um elenco carismático, mas nem isso é suficiente para salvar o fiasco desenvolvido pelos roteiristas e a direção de Jean-François Richet

Publicado em 13 de janeiro de 2023, por Críticas

Filmes de desastres são tantos que praticamente já formaram um novo gênero cinematográfico. Sempre tem um check-list a se cumprir: um piloto que pode ser o salvador ou o destruidor, uma ameaça a vida além do avião ser uma bomba-relógio, o avião cair numa região inóspita ou extremamente violenta. O filme cumpre algumas delas, mas parece que ainda falta algo.

Brodie Torrance (interpretado por Gerard Butler) é o capitão do voo 119, um voo que acontece antes do Ano Novo e ele está um pouco ansioso porque irá passar o Ano Novo com a filha no Hawaii, então o voo não pode atrasar para ele conseguir chegar em tempo. Apesar deles só possuírem 14 passageiros, dois extras então porque um policial está extraditando um fugitivo da polícia dos Estados Unidos que é procurado por assassinato faz 15 anos. Além disso, a companhia aérea, por querer poupar combustível, faz com que eles passem pelo meio de uma tempestade fortíssima no meio do caminho.

Até esse ponto, parece que os roteiristas só quiseram fazer uma mistura de muitos clichês e só estão seguindo a lista mencionada anteriormente para escrever o roteiro. Para aumentar os desastres, como se já não fossem suficientes os anteriores, no meio da tempestade, mesmo Torrance tentando desviar o meio das nuvens, o avião é atingido por um raio e frita os componentes elétricos e ele perde a comunicação com a torre de controle e os controles do avião também. Ou seja, eles estão voando sem comunicação, além de caírem, eles podem bater em outro avião.

Porém, essa é uma tensão criada, mas não muito bem aproveitada, ela é simplesmente jogada e passado adiante para o próximo problema. Dele (Yoson An), seu copiloto, que já está quase desmaiando de tão pálido, percebe que estão sem energia. Torrance fala que ele precisa cronometrar 10 minutos, que esse é o tempo que eles têm para pousar o avião para ele não despencar do céu. Num mergulho para passar da tempestade e tentar avistar algum lugar para pousar, eles veem que estão no meio do mar e irão ficar a deriva sem ninguém saber onde eles estão.

Além do mais, como um Deus ex Machina, terra é vista. Dos dez minutos, restam somente três para eles pousarem. E sim, eles conseguem pousar, com o avião intacto. Assim como os problemas são apresentados rapidamente, as soluções para eles também. Nem deixa os espectadores terem tempo de absorver cada emoção que as cenas trazem.

Na terra, Torrance e Dele tentam descobrir onde eles estão, e eles acham que eles pousaram num arquipélago de ilhas das Filipinas. Dele comenta que uma das ilhas, deste arquipélago, é extremamente perigosa. E é claro que eles pousaram ali, porque a vida de todos já não está, suficientemente, difícil. Em uma tentativa de tentar fazer contato, Torrance vai até um lugar que ele conseguiu avisar enquanto estava pousando o avião, junto ele leva Gaspare (Mike Colter), o fugitivo, com ele. Por Torrance ter tirado a algemas, Gaspare foge. Torrance chega até o prédio e consegue fazer contato com a companhia e com sua filha, porém no meio do contato ele é atacado.

Nesta cena, o diretor fez uma câmera na mão para filmar o conflito mas ficou muito confuso a movimentação da luta e da câmera, não estavam em sincronia. O diretor mirou no Martin Scorsese em Touro Indomável, mas o vento atrapalhou e acertou algo completamente ruim e confuso. E mais um vez, os roteiristas apelam para o Deus ex Machina e Gaspare volta magicamente e salva Torrance.

(Lionsgate/Reprodução)

Enquanto isso em Nova York, sede da companhia, um gerenciador de crise é chamado Scarsdale (Tony Goldwyn de Scandal) e pela região que o avião poderia ter caído, ele contrata mercenários, pois, pelos conflitos que existem, mercenários são melhores chance de sucesso que medidas de segurança dos governos de lá. Porém, como toda solução acontece fácil, Torrance consegue praticamente salvar sua tripulação e passageiros das milícias que estão os atacando até os mercenários chegaram.

Além dos problemas de roteiros que existem nesse filmes, parece que o orçamento do filme foi praticamente usado para construir um avião para gravar as inúmeras cenas internas do avião, os efeitos especiais – que na minha opinião foram muito mal feitas, dá para perceber que são imagens computadorizadas, há filmes com cenas assim feitos muito melhores –  e para pagar o cachê de Gerard Butler. Ele estar nesse filme também dá para questionar se sua carreira de ator não está mal e ele está aceitando qualquer papel que o propõe. E com esses gastos altos não pode se pegar um preparador de elenco para os outros atores, que fazem mais um papel de figuração, de como reagir aos acontecimentos que estão passando, pois a grande maioria está com uma cara de paisagem, sendo que eles tem mais chances de morrerem do que sobreviverem. 

Apesar do filme se desenvolver naturalmente, não há sensação de progressão para chegar ao término. Há somente a sensação que tudo é muito fácil de se resolver, sendo que eles caíram numa ilha comandada por uma milícia separatista, o que não se parece algo simples e fácil de se resolver. O roteiro não consegue convencer disso, o filme do clichê passa para o tosco com claras intenções de quer ter uma qualidade melhor, porém o orçamento não foi bem dividido. O estilo de direção tem referências boas, porém a equipe não entrega o mesmo e, principalmente, o roteiro deixa a desejar e muito.

Alerta Máximo
Plane
2023
Jean-François Richet
Charles Cumming e J.P. Davis
Paris Filmes

Nota: 1

Nota: 1

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Amo música, cinema, artes visuais e cores. Gosto de descansar vendo filmes e, as vezes, isso acaba cansando também. Sou graduada de Cinema e Audiovisual.