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Casamento em Família surpreende ao ser uma comédia romântica bastante reflexiva (Crítica)

Casamento em Família tem Susan Sarandon e Diane Keaton juntas novamente com um filme de temática matrimonial

Publicado em 15 de fevereiro de 2023, por Críticas

Normalmente, em um filme de comédia romântica a carga dramática não é tão profunda e reflexiva. Contudo, essa questão é bem diferente no longa Casamento em Família. Trata-se de um filme baseado em uma peça de teatro escrita pelo diretor, Michael Jacobs, nos anos 1970. Por isso, a carga dramática que existe no filme é maior do que quem está acostumado a ver em outras comédias românticas — algo que não é negativo, pois alguns filmes possuem a falta disso e acabam sendo rasos.

O filme conta a história de seis pessoas: Monica (Susan Sarandon), Grace (Diane Keaton), Sam (William H. Macy), Howard (Richard Gere), Michelle (Emma Roberts) e Allen (Luke Bracey). Temos Howard e Monica, em um hotel luxuoso, discutindo sobre o futuro do planeta, o que não era bem a intenção da noite. Algo que a própria Monica comenta que não está vestida para aquele tipo de conversa, em um robe de seda rosé com renda preta com um corpete tomara que caia. Já em um cinema temos Sam, super emocionado com o filme que está vendo, e Grace que vai acalentá-lo. Já, em um casamento, temos Michelle e Allen. O que une, primeiramente, essas conversas que estão acontecendo ao mesmo tempo é sobre o amor. Algumas sobre futuro que uma relação pode ter, sobre como chegou ali e porquê daquilo estar acontecendo, mas, de qualquer forma, o amor é o tópico principal.

Após a crise que todos passam, cada um volta para a sua casa. E quando Michelle e Allen voltam para casa de seus pais, percebemos que ambos estavam com o seu possível futuro sogro e sogra. Aumentando o drama para o filme. E como cada casal teve um tempo de tela, isso parecia um cenário possível de acontecer, algo que é comum em filmes que histórias que começam e acabam se entrelaçando por outro motivo no desenrolar da narrativa.

E vendo o casamento de Sam e Monica, percebemos o porquê de Allen estar tão inseguro em tornar o seu relacionamento mais sério do que já está. E, também, entendemos o porquê de Michelle ser uma pessoa tão segura do que quer e sendo muito romântica do que jeito que é, pelo casamento de seus pais Howard e Grace. Esse dualismo, porém, não é algo somente de Michelle e Allen. Monica e Howard são pessoas mais céticas quanto ao amor e Grace e Sam são extremamente românticos — o que diferencia cada um é o estado de espírito e como o casamento de ambos acontece. O que não, necessariamente, precise acontecer, pois a vida e viver não é a base de dois pesos e duas medidas. As personalidades dos personagens são complexas, mas parece que acaba ficando somente sobre a temática amor.

Dito isso, o filme é uma comédia romântica para um público de 40 anos ou mais. As reflexões que existem é mais sobre como chegaram ali, o que poderiam ter sido feito de diferente, mas, ao mesmo tempo, por se ter filhos não há arrependimentos no caminho que se tomou pela alegria de ter um filho. A infelicidade vem pelo motivo de como deixou o relacionamento chegar ao ponto que está. A carga dramática da produção, nesse sentido, é trazida não só pela temática romântica, mas por todo existencialismo que o filme possui sobre a vida. Acredito que essa carga dramática vem da peça de teatro que o filme é adaptado, pois há inúmeros monólogos e algumas narrações que possivelmente eram outros monólogos — e isso é o que mais deixa o filme bonito.

O fato de não ter um personagem atravessando a fala de outro é outro indício de tratar-se de uma adaptação teatral, além de serem poucos figurinos e locais onde o filme acontece. Até porque não é isso que faz o filme interessante, mas sim o que os personagens estão para falar. Os figurinos dos homens não têm muito o que dizer, já o de Susan Sarandon é bastante dramático, algo que reflete na personalidade da sua personagem. O de Diane Keaton reflete a religiosidade que sua personagem possui. Emma Roberts traz o estilo romântico para suas roupas também, abordando, não só para o seu discurso, como o amor é importante para ela viver sua vida.

Apesar de o público alvo ser um pouco mais velho, as reflexões que ele traz é algo muito bonito. E essa dramaticidade, que é sempre bem vinda para a tela, é boa de ver como os personagens irão reagir com a fala do outro. No mais, é um filme interessante de se assistir.

Casamento em Família
Maybe I Do
2023
Michael Jacobs
Michael Jacobs
Paris Filmes

Nota: 3.5

Nota: 3.5

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Amo música, cinema, artes visuais e cores. Gosto de descansar vendo filmes e, as vezes, isso acaba cansando também. Sou graduada de Cinema e Audiovisual.