Creed III: Michael B. Jordan faz sua estreia na direção da franquia (Crítica)
Creed III tem a estreia da atriz mirim Mila Davis-Kent, que é surda, interpretando Amara Creed
Publicado em 10 de março de 2023, por Amanda Bonfim • Críticas
Creed III é o terceiro filme do spin-off de Rocky, porém, este é o primeiro filme da sequência que não tem Silvester Stallone no elenco, nem por meio de flashbacks ou fotos. Além disso, o filme se passa quase que inteiramente em Los Angeles. Com ele, Michael B. Jordan também faz sua estreia na direção.
Os filmes da franquia Creed sempre revisitam acontecimentos do passado. Nos dois longas anteriores, muito da história do pai de Adonis (Michael B. Jordan), Apollo Creed, é trazida para dar embasamento ao subtexto. Nesse, porém, o próprio passado de Adonis volta à tona, o fazendo lidar com assuntos não resolvidos. O filme tem início em 2002, um dia que mudou a vida de Adonis e Damian, amigos inseparáveis.
Após isso, voltamos ao tempo presente e vemos a última luta de Adonis, que se prepara para se aposentar no auge de sua carreira de pugilista. Adonis ganha a luta e aposentadoria vem com glória. Avançamos três anos desde essa luta, Adonis está curtindo sua aposentadoria com a família e treinando, junto de Duke (Wood Harris), novos talentos do boxe. Até que Damian (Jonathan Majors), reaparece na vida de Adonis.
Com a mesma estrutura de roteiro de Creed II, temos uma luta que Adonis não ganha, porém, em Creed III, essa luta é metafórica dele contra seu passado para depois ele ir até o fundo do poço e ter sua redenção. Adonis tenta fazer dessa batalha ganha ajudando Damian a realizar seu sonho de quando era adolescente, ser um lutador de boxe profissional super premiado. Porém, acontecimentos mudam o rumo de sua história e ele tenta, 18 anos depois, ser um campeão com a ajuda de Adonis.
O personagem, ainda assombrado por seu passado, não pensa direito e faz exatamente isso acontecer. Duke não concorda e tenta alertar Adonis, mas como ele é muito impulsivo e teimoso, não dá ouvidos. Adonis chega no seu pior momento em que tem que decidir entre enfrentar suas falhas e ponto fracos para lutar contra Damian ou ter sua reputação manchada. Como Adonis presa muito sua reputação e seu ego, ele decidi lutar, outra batalha extremamente difícil, porém, que quando tiver sua redenção, será extremamente gratificante.
Por essa estrutura repetida, o filme não tem muitas surpresas, levando ainda em consideração de que o espectador, ao perceber isso, pode decifrar facilmente o que irá acontecendo. E mais um vez, as lutas são introduzidas como se alguém estivesse vendo um VT dela e nele contendo câmera lenta dos golpes significativos. Apesar disso, há novidades nos momentos das lutas, que trazem algo mais onírico quando vemos que a luta de Adonis e Damian é algo entre eles. Dessa forma, é possível assistir apenas os dois no ringue e ninguém mais; o onírico se intensifica com a quantidade de fumaça que surge. Esse recurso ainda traz um tom mais denso do que simplesmente uma luta, pois, na verdade, trata-se muito mais de uma luta contra o passado pessoal de ambos.
Em Creed II, sabemos que a filha de Bianca e Adonis é surda, falam que há uma possibilidade de que com seu crescimento, o teste não seja verdadeiro. Ao Amara (Mila Davis-Kent) aparecer e conversar com Adonis com a língua de sinais, percebe-se que aquela possibilidade não se concretizou. O mais interessante nisso tudo é que Mila é uma atriz surda, o que traz um enriquecimento para a produção em fazer com que os atores que contracenam com Mila tenham que aprender a linguagem de sinais e que não é só uma atriz interpretando e sim há uma diversidade verdadeira para o filme. Mais uma vez Tessa Thompson e Phylicia Rashad possuem performances incríveis. Para os fãs da franquia Rocky e para os de boxe no geral, é um filme muito instigante para se assistir.
Nota: 3.5
