La Situación é uma comédia brasileira divertida com empoderamento feminino (Crítica)
La Situación, nova comédia nacional, que além de boas atuações traz um roteiro com situações que nunca imaginaríamos passar
Publicado em 22 de março de 2023, por Amanda Bonfim • CríticasO cinema brasileiro é, normalmente, conhecido por seus filmes de comédia. Desde as chachadas, um humor mais escrachado, que aconteceram entre os anos 1930 a 1960, derivadas delas vieram comédias com um teor erótico, as pornochanchadas. E essa forma de fazer humor, utilizando a objetivação feminina e o sexo continuou por muitos anos. Com a vinda de realizadores que possuem uma visão diferente sobre o humor e como fazer sem que utilizasse a mulher simplesmente como um adereço ao filme, chegamos ao longa La Situación, escrito por Carolina Castro e Natália Klein (responsável também pela série Maldivas, da Netflix), que traz apenas mulheres como protagonistas e várias piadas ligadas ao universo feminino. Além disso, há muitas reviravoltas criadas para empoderar as mulheres. Apesar de ter sido dirigido por um homem, neste caso Tomás Portella, a essência é estritamente feminina.
O filme conta a história de Ana (Natália Lage) que vai até a Argentina atrás da herança de sua avó junto de sua amiga Letícia (Júlia Rabello) e sua prima Yovanka (Thati Lopes). Yovanka tem uma personalidade muito excêntrica, isso faz a viagem seja caótica desde o início, fazendo com que elas acabem se envolvendo até com a polícia.
Por conta disso, o filme apresenta inúmeras situações caóticas e estranhas, que arrancam diversas risadas ao longo de sua projeção. Algumas situações você até pensa: como aquilo aconteceria sem nenhum questionamento? Mas não trata-se de algo que atrapalha ao assistir. Talvez seja uma característica dos roteiros escritos por Natália Klein, famosa por trazer algumas questões inusitadas por meio de suas personagens. Além disso, no filme, é justamente nessas situações que vêm os risos, o que é algo bom para uma típica comédia um tanto nonsense.
O desenvolvimento dos acontecimentos fazem sentido e nem sempre parecem aquilo que vai acontecer, o que é algo bom. Essa questão não fica óbvia e ainda traz um certo exagero, outra característica interessante do gênero. A fotografia, por meio das nuances de iluminação, ajuda a aumentar a tensão em alguns momentos chaves, mas fora isso é uma fotografia que não compete com o que está sendo mostrado, porque provavelmente é essa a intenção. A direção de arte também é algo muito bem desenvolvido no projeto, pois a caracterização dos espaços e ambientes, levando em conta a cultura do local e como as coisas funcionam, são bem utilizadas. Lage, Rabello e Lopes desempenham interpretações muito boas, nas quais os espectadores compram o que elas estão vivendo e torce por elas, mesmo no caos.
É um filme brasileiro que vai as telas em meio aos filmes do Oscar e filmes de super heróis. Sempre necessário prestigiar um filme nacional que chega aos cinemas. Esse, além disso, é um filme divertido que vale ainda mais a pena.

Nota: 3.5
