O Chamado 4: Samara Ressurge diverte, mas não assusta ninguém (Crítica)
Filme de terror escorrega e acaba parecendo uma comédia dos anos 1990 com fantasmas e personagens divertidos, eis o resultado do oitavo filme da franquia Ring
Publicado em 26 de abril de 2023, por Vanessa Freitas • CríticasO cinema de terror japonês é conhecido por suas histórias perturbadoras e assustadoras, além de sua direção visualmente impactante e atmosférica. Se, nos filmes de horror estadunidenses, o grande vilão acabam sendo psicopatas ou figuras escondidas por trás de máscaras, no cinema japonês de horror, encontramos os fantasmas. Eles são apresentados como espíritos vingativos que assombram aqueles que os perturbaram em vida. Para quem é fã da série de Ring (O Chamado), assim como eu, isso não é uma novidade.
Mas, depois de Ring: O Chamado (1998), Ring 2: O Chamado (1999), Ring 0: Birthday (2000) e Sadako 3D (2012), o que esperar para o Sadako DX, novo filme da franquia japonesa Ring?
Dessa foma, O Chamado 4: Samara Ressurge (Sadako DX), dirigido por Hisashi Kimura, conta a história de uma estudante com um alto QI que se dispõe a explicar cientificamente as mortes súbitas de vítimas que viram um vídeo amaldiçoado. A sinopse não está fora do que se espera de um filme da franquia Ring. A diferença está em como burlar a maldição em tempos de internet, afinal assim como a internet, os antigos 7 dias também estão mais rápidos, tornando-se 24 horas.
Com uma mistura de humor e terror, o filme nos apresenta uma Sadako que assume muitas formas, o que torna as cenas de tensão ou terror bem engraçadas. O filme tem gosto de terror dos anos 2000, apesar de o tempo todo a narrativa tentar nos lembrar que é uma “nova” Sadako. Lembrou-me bastante de quando era adolescente, uma mistura de suspense, jovens protagonistas e muito cabelo preto. No entanto, o filme acaba não trazendo o charme dos anteriores, a trama aqui é muito mais diluída e as resoluções de conflitos relativamente simples e muito jocosas.
Para os amantes da versão estadunidense, vale lembrar que as versões japonesas, quase sempre, não estão preocupadas com o jump scare, ou até mesmo com protagonista heroicas, mas, sim, com o fantasma e sua manifestação. Assim, o terror do filme é causado pela metamorfose de Sakado em alguém que sempre estará ali a espreita. Em tempos de internet, o filme reafirma que o vídeo amaldiçoado e, logo, Sadako são eternos e vão continuar rodando o mundo.
Um outro detalhe, é que em muitos momentos, o filme não é bonito, não tem planos sofisticados ou até mesmo muitos detalhes de direção de arte. As imagens são bastante chapadas sem trazer muito da profundidade de campo, podemos encontrar câmera na mão e câmera fixa. Assim, não temos um uso expressivo da linguagem usada para nos dar medo. Em Sadako DX, contar a história do fantasma e da protagonista Ayaka (Fuka Koshiba) é o que realmente importa.

(Paris Filmes/Reprodução)
Por fim, posso apontar que não é um filme ruim, mas não está nem perto a fazer jus ao que já foi essa grande franquia. Isso porque, além dos motivos citados, o filme abandona sua grande atmosfera úmida e fria, como também deixa Sadako (Samara) como apenas mais uma antagonista. Além disso, torcemos Ayaka e sua família sem, no entanto, grandes emoções ou reviravoltas.
Quanto ao desfecho, ele é bastante diferente do desfecho habitual da franquia. Dessa forma, se você acompanha a franquia — assim como eu — vai perceber que esse é mais divertido e cômico. Nessa trama de “nonsense”, o final parece ser a única saída possível. Desse modo, se você ficou curioso, veja o filme e conte para gente o que achou. Já se você é daquelas pessoas que não vê filme de terror, o Pop também foi ao cinema assistir à: Três Mosqueteiros e Dungeons & Dragons.

Nota: 2.5
