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O Pior Vizinho do Mundo tem Tom Hanks no papel de um idoso ranzinza (Crítica)

Em O Pior Vizinho do Mundo, Tom Hanks consegue fugir de seu carisma natural para protagonizar um idoso rabugento em um remake de filme sueco

Publicado em 25 de janeiro de 2023, por Críticas

É difícil que alguém nunca tenha se irritado até hoje com algum vizinho. Porém, em O Pior Vizinho do Mundo, nós vemos o filme sob a perspectiva do vizinho odiado. Otto (Tom Hanks) é um senhor que já está na casa dos seus 80 anos, sendo o síndico de um grupo de casas. Todas as manhãs, depois de seus afazeres, ele faz a inspeção diária de passes de estacionamento, verifica se a catraca está fechada, se os lixos estão jogados em suas lixeiras certas, entre outras atividades. Uma rotina de um aposentado, algo que Otto faz no início do filme, não, como todos imaginam, querendo ter esse tempo livre depois de anos trabalhando, mas, praticamente, obrigado.

Assim é a personalidade de Otto, dificilmente você irá saber se está agradando ou não. E seus vizinhos não parecem muito mais se importar com este fato. Porém, quando Marisol (Mariana Treviño) se muda para a casa da frente, a rotina de Otto muda quase completamente. Com uma família latino-americana nos Estados Unidos, formada por duas filhas, marido e ainda estando grávida de outro bebê, Marisol traz bastante caos para a vida de Otto. E percebemos isso quando o personagem vai visitar o túmulo de sua falecida esposa, Sonya (Rachel Keller). Ele pede desculpas pela demora por não ter conseguido chegar antes. Nesses momentos de puro afeto dentro de um homem tão rabugento vemos o que na verdade é só uma capa de alguém que está passando por um grande luto.

Dessa forma, O Pior Vizinho do Mundo mostra que o luto pode nos afetar de várias maneiras além das suas fases. E isso pode mudar o temperamento das pessoas; é o que vemos acontecer com Otto. Por meio dos flashbacks que Otto tem, percebemos que quando ele conheceu sua esposa era uma pessoa muito mais feliz e o que o fez mudar foi os acontecimentos da vida com sua esposa e a perda de sua grande companheira que o incentivava.

Porém, isso acaba mudando quando Marisol chega em sua vida. Marisol chega a comentar que ele tem o temperamento de seu pai, o que a faz tentar se aproximar de Otto mesmo ele sendo ríspido em suas primeiras interações. Isso também não faz a companhia de Marisol substituir Sonya, pois além de relacionamentos diferentes, ninguém consegue substituir a falta, Marisol só faz a vida de Otto ser menos solitária. Mesmo Otto sendo ranzinza, você torce por ele, se simpatiza pela sua dor e pelo que passou, assim o filme nos traz momentos de felicidades e de melancolia. O Pior Vizinho do Mundo nos mostra que empatia é algo que faz mudar a vida das pessoas, seja por um simples sorriso ou olhar nos olhos. 

Vale ressaltar que este é um remake de um filme sueco, Um Homem Chamado Ove, de 2015. Por isso, muitas vezes ao longo da exibição, coisas suecas são visíveis. Vale também assistir o filme de 2015, que é tão bonito quanto, porém os tons levados em ambas as produções são um pouco diferentes. A versão estadunidense e Tom Hanks não deixam a atmosfera tão pesada. A melancolia que a neve e o inverno trazem na seriedade do filme sueco para O Pior Vizinho do Mundo e ajuda a construir o tom melancólico e nostálgico que Otto tem. 

O filme não tem muitas experimentações na fotografia e a arte traz um realismo que não deixa de ser crível. Em momentos que tem algo diferente do usual, há uma explicação muito bonita para aquilo, nos mostrando mais uma vez que Otto é uma pessoal muito boa. Esse é um filme para chorar e se emocionar, não há dúvidas. Um filme que merece ser assistido. E na minha opinião, um dos melhores remakes estadunidenses feitos até hoje!

O Pior Vizinho do Mundo
A Man Called Otto
2023
Marc Forster
David Magee
Sony Pictures

Nota: 4

Nota: 4

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Amo música, cinema, artes visuais e cores. Gosto de descansar vendo filmes e, as vezes, isso acaba cansando também. Sou graduada de Cinema e Audiovisual.