Os Banshees de Inisherin: Colin Farrell se destaca em uma de suas melhores atuações (Crítica)
Os Banshees de Inisherin só possui a sua potência graças à criatividade e genialidade de seu diretor e roteirista Martin McDonagh e que por isso está concorrendo a melhor direção, melhor filme e melhor roteiro original no Oscar deste ano
Publicado em 31 de janeiro de 2023, por Amanda Bonfim • Críticas, Oscar 2023Normalmente quando lemos o título de um filme, ele já diz muita coisa sobre. Vendo o trailer, um pouco mais. Porém, com Os Banshees de Inisherin traz à tona mais perguntas do que realmente faz você imaginar uma história que esse filme terá. Além que sua pronúncia é um tanto difícil e ao se deparar no filme, com o sotaque irlandês, se percebe que até isso é diferente. Mas esses detalhes são coisas que deixam intrigado, algo muito bom para o filme, pois traz espectadores para assisti-lo. E o assistindo, te deixa ainda mais intrigado.
Com uma vista espetacular de uma ilha irlandesa, há um vilarejo conhecido por Inisherin, onde há poucos moradores e todos se conhecem. Pádraic (Colin Farrell) vai até a casa de seu melhor amigo, Colm (Bredan Gleeson), convidá-lo para ir até o bar tomar um cerveja, como fazem todos os dias religiosamente. Ao chegar à casa de Colm, ele diz que não irá ao bar com Pádraic, o que o faz estranhar já que é o ritual dos dois, mas Pádraic vai até o bar mesmo assim. Por lá, Jonjo (Pat Shortt), dono do bar, estranhou e perguntou se eles tinham brigado porque parecia. Pádraic responde que não ou que imagina que não. Insistente e com vontade de ver seu melhor amigo, Pádraic vai até sua casa novamente e, lá, Pádraic o vê indo em direção ao bar.
Lá no bar, Pádraic vai até a mesa que está Colm para conversarem. Então Colm dá a notícia que ele não quer mais ser mais amigo de Pádraic. Sem entender, Pádraic vai para casa desolado, desabafa para sua irmã Siobán (Kerry Condon) que fica confusa com aquilo também e pergunta se Pádraic ficou bêbado demais e falou coisas que não devia e ele diz que acha que não ou que não lembra. No outro dia, Pádraic percebe que o dia anterior foi 1° de abril, o dia da mentira, todo feliz, Pádraic vai até Colm perguntar se tudo aquilo do dia anterior não era uma brincadeira. Colm, irredutível, falou que não e que era a decisão que ele tinha tomado e não iria mudar de ideia.
O filme, que parece uma grande brincadeira de mal gosto, pois Colm não dá explicação algum do porquê ele está tomando aquela decisão drástica, começa a parecer-se com uma brincadeira que beira o sádico a ponto de Colm ameaçar a cortar seus próprios dedos se Pádraic se dirigir a ele novamente. Isso acaba comovendo o vilarejo inteiro, fazendo com que Pádraic não trocasse palavras com Colm, já que ele era o músico da região e alegrava as noites no bar e ensinava suas canções ao alunos de uma professora de música. Para tentar passar seu tempo, Pádraic se aproxima do excluído do vilarejo, Dominic (Barry Keoghan), a princípio, ele parece ser excluído por não saber conversar ou comportar, porém, no desenrolar do filme, percebe-se que seu jeito tinha uma razão muito sombria e triste.
E isso é algo recorrente no filme, que mescla momentos de comédia, se utilizandode um humor ácido para momentos em que temáticas sérias são trazidas à tona, deixando o público cada vez mais curioso para saber o que irá vir na próxima cena. Então, esse ar misterioso vai tomando conta do filme e você fica ali, paralisado, sem saber o que fazer e o que irá acontecer. E apesar de ser um filme irlandês, tem um personagem que lembra muito as feiticeiras que preveem o futuro para Macbeth: a Sra. McCormick (Sheila Flitton). Além dela fazer algumas considerações sobre o futuro, seus conterrâneos não a levando muito a sério, seu figurino, uma capa preta que ia até os seus pés, e a atitudes dos que vivem no vilarejo de a evitarem e a chamarem de bruxa, traz a mente as representações das Mortes. Outro elemento que traz ao filme um tom instigante.
A fotografia do filme é algo deslumbrante até porque sua locação de filmagem já ajuda muito. As falésias irlandesas enquadradas já trazem uma beleza natural sem muito esforço, o que aliada à luz natural intencional traz uma beleza estonteante para os espectadores. A direção de arte dos ambientes são muito simples, mas ao mesmo tempo peculiares, pois os objetos de decoração que tem na casa de Colm são máscaras e outros acessórios que constroem este ar sombrio para o personagem.
A escolha do figurino também são elementos muito interessantes de se perceber, por se tratar de uma cidade minúscula de interior e ainda isolada do restante da Irlanda por ser uma ilha, muito de seus moradores possuem o mesmo pensamento de que sua vida ali, de viver do que produz ou dos animais que possui, basta. Este pensamento percebemos através de seus figurinos que possuem uma paleta parecida, com tons neutros mais escuros, pois o filme parece se passar no outono. E Siobhán possui seus figurinos muito mais coloridos, com cores terrosas, mas em tons vivos. Esta escolha de paleta para a personagem reflete em sua personalidade, Siobhán é a moradora que vive lendo livros, possui um vocabulário mais rebuscado que os demais e ela sonha em uma vida além da ilha.
Claro que os seus figurinos não fazem o todo, sua atuação é admirável, tanto que recebeu indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. A atuação de Farrell também é espetacular, pois ele consegue passar muito bem essa angústia de não entender o porquê que seu ex-melhor amigo está fazendo aquilo, também levando uma indicação ao Oscar, porém por ator principal. E Brendan Gleeson e Barry Keoghan recebem suas indicações como atores coadjuvantes, merecidas. Os quatro atores que carregam esse filme de uma maneira espetacular fazem desse projeto algo único. Se quem você na tela não vende o que está acontecendo, do que adiante um bom roteirista e diretor? Porém, Martin McDonagh faz uma incrível direção, uma bela escolha de elenco e escreve muito bem esta história peculiar. Sendo um ótimo filme para ser ver e rever.

Nota: 4.5
