Triângulo da Tristeza faz sátira instigante sobre as relações sociais (Crítica)
Triângulo da Tristeza conta com indicação de melhor filme, melhor direção e melhor roteiro original para o Oscar 2023, além de ter sido ovacionado durante oito minutos no festival de Cannes e é um ótimo filme para quem gosta de ver rico passando perrengue
Publicado em 11 de março de 2023, por Amanda Bonfim • Críticas, Oscar 2023
Ruben Östlund é conhecido por seus filmes com foco em relações interpessoais extremas. Em Triângulo da Tristeza, isso não passa desapercebido, porém o que o diferencia dos outros é a forma. Östlund se supera ao escrever esse roteiro e surpreende o espectador ao assistí-lo. O filme é dividido em três partes, contando a história de pessoas extremamente ricas: a primeira é a de Yaya & Carl, a segunda O Iate e a terceira e última A ilha.
Yaya (Cahrlbi Dean) e Carl (Harris Dickinson) são os únicos personagens que aparecem no filme inteiro e ambos são modelos; Carl teve o auge de sua carreira uns anos antes e Yaya está no ápice da sua, o que acaba sendo um ponto de tensão entre ambos. Apesar de ser um modelo bem conhecido, Carl é bastante inseguro, algo que transparece em seu relacionamento com Yaya — que mostra ser muito segura de si — trazendo outro ponto de conflito entre ambos.
Durante a segunda parte, no iate, vamos um outro ponto de conflito no relacionamento: o ciúmes. Carl fica incomodado porque Yaya sorri para um funcionário do iate. Com a insegurança que ele possui, ele vai até a comissária reclamar que um funcionário está sem camiseta. Então, Paula (Vicki Berlin), comissária chefe do iate, diz que é inaceitável aquele comportamento. A apresentação de Paula é ela preparando sua equipe para agradar de todas as formas que os hóspedes quiserem, já que aquilo pode garantir a eles uma boa gorjeta no final. E, basicamente, a personalidades dos hóspedes são: serem muito ricos, até porque sempre falam sobre isso ou fazem reclamações e pedidos fora do normal.
Todos os perfis dos personagens são construídos com muita excentricidade entre os ricos. Ruben Östlund pode ter escrito esse roteiro pensando em um experimentos social, pois coloca ricos com personalidades bem diferentes em um iate de luxo, convivendo no convés durante alguns dias sem poderem irem para outro local e praticamente só passando por situações que nunca iriam passar em suas vidas. Além disso, há um comandante (interpretado por Wood Harrelson) que não está ligando muito para o que acontece e só que quer que aquilo acabe. É assim que ele é apresentado com Paula implorando para falar com ele através da porta de seu quarto.
As mais inusitadas situações acontecem no filme e tudo isso com um humor muito satírico tomando conta. Algo que é difícil para alguns espectadores que podem ficar incomodados com essas situações que está vendo os hóspedes passarem. Para trazer um pouco da experiência de estar num barco em uma tempestade, alguns truques práticossçao realizados na tentativa de provocar uma certa imersão. A câmera possui um ângulo inclinado que fica se movimentando conforme a movimentação do mar. Além de que os atores também estão inclinados como se não conseguissem andar reto, pois o barco não está em seu nível normal. Isso, sem dúvidas, aumenta o humor e a tensão da cena, mostrando a cabine de comando sem ninguém presente. A fotografia e a arte fazem um trabalho muito bom para criar essa atmosfera luxuosa dentro de um iate e entreter o espectador durante duas horas e meia.
Não é um filme que tem cenas fáceis de ver, só que algumas pessoas não conseguem ter estômago para esse tipo de humor — não pelo fato de não achar engraçado e sim por ficarem sensibilizadas ao ver alguém passando mal de tanto enjôo. Dito isso, se você não tiver um estômago sensível e já conhece os outros filme do diretor ou quiser ver essa sátira social, saiba que o filme está presente no catálogo do Amazon Prime Video.
Nota: 5
