Solaine Chioro em sua primeira bienal como escritora publicada (Entrevista)
Escritora compartilha sua trajetória artística e a experiência de encontrar os leitores na Bienal do Livro
Publicado em 18 de julho de 2022, por Victoria Vischi • Entrevistas, O Pop do BrasilA Bienal do Livro de São Paulo volta a ser presencial após 4 anos. Por causa da pandemia de Covid-19, as últimas edições foram realizadas de forma virtual. Com expectativa de 500 mil visitantes e 1.300 horas de programação cultural, essa será a 26ª edição da feira literária, sendo o evento uma celebração da transformação realizada por livros na vida das pessoas.
É nesse cenário que Solaine Chioro, escritora da baixada santista, participa do evento pela primeira vez com livro publicado, com o livro Reticências, publicado pela Alt, e com um conto presente na coletânea “Sobre amor, estrelas (e algumas lágrimas)”, da editora Rocco. Solaine também possui obras já lançadas de forma independente e também escreve sob o nome Sol Chioro.
Atualmente, ela mora em São Paulo e é formada em Letras – Português/Latim pela (Universidade Estadual Paulista (UNESP). Além de sua atuação como escritora, Solaine também trabalha como leitora crítica, leitora de sensibilidade, revisora e tradutora. Ela participa dos podcasts Duas Limonadas, Pode Entrar e Românticast.
Recentemente, Solaine foi convidada pelo Portal Pop3 a compartilhar um pouco da sua trajetória como escritora e sobre como está sendo a experiência de participar como autora publicada da Bienal pela primeira vez.

(Solaine Chioro/Reprodução)
Victoria Vischi (VV): Primeiro pode contar um pouco sobre sua jornada como escritora, quando despertou interesse por isso?
Solaine Chioro (SC): Eu escrevo desde muito jovem. Eu não lembro muito bem a idade, mas foi por volta da quarta série. Escrevi uma historinha para um exercício do PROERD (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), aquele programa da Polícia Militar, que vai na escola e ensina as crianças a não usarem drogas. [No programa] tinha uma redação que era no finalzinho do curso.
Eu me animei muito escrevendo essa redação e quando cheguei em casa, peguei essa história e quis escrever mais, cerca de cinco ou seis páginas a mais. Foi a primeira vez que me lembro de estar empolgada e querer escrever. Depois disso fui escrevendo muito. Eu lia um livrinho e, então, escrevia uma história bem parecida com aquela. Depois, na adolescência, comecei a falar sobre livros e escrever com uma amiga o dia todo. Foi assim que começou.

(Solaine Chioro/Reprodução)
VV: Quando começou a escrever de forma profissional?
SC: De forma profissional foi em 2017. Durante minha faculdade foi mais difícil [de escrever]. Quando acabei a faculdade, pensei: “não é isso que eu quero, então eu vou investir nisso [escrever]”. Foi aí escrevi o meu primeiro livro, A Rosa de Isabela, que é uma novela na verdade, é menorzinho. Não era nem um conto, nem um romance. Decidi publicar na Amazon de forma independente, eu contratei alguém para fazer uma capa, revisei o livro. Ele foi pra Amazon numa época que não tinha tantas pessoas publicando e-books, era era um pouco mais incomum.
Hoje em dia vários autores publicam e-books, mas ali pra 2017 não tinha tantas pessoas assim. Não tinha dinheiro para publicar o livro físico, então foi o meio que eu vi de não gastar. E foi bem legal [publicar o e-book], acabei alcançando alguns leitores e a história foi indo de boca a boca.
VV: Como foi começar a ter livros publicados?
SC: São experiências diferentes, né? Quando eu comecei a publicar livros de forma independente foi muito legal, enxerguei a história chegando entre as pessoas, conquistando o mundo. Quando eu publiquei livro físico, tipo de publicação tradicional em editora grande, a primeira história foi um conto na coletânea Sobre Amores Estrelas (e algumas lágrimas), da Editora Rocco, e foi surreal, porque você acaba alcançando mais gente do que na Amazon com E-Books. No independente você acaba alcançando um público, de certa forma, limitado. As pessoas [que consomem E-Books] estão ali online e já sabem mexer com livros virtuais, mas não é todo mundo que lê dessa forma.
Um ano depois publiquei Reticências [Editora Alt], o livro foi para todo todas as livrarias do Brasil, alcançou muitas pessoas diferentes. É meio surreal pensar nisso ainda, que existem pessoas por aí lendo a minha história. Dá um negócio bom no coração.
VV: Como está sendo a participação na sua primeira Bienal do Livro com livro publicado?
SC: Está sendo muito muito gostoso. É a primeira vez que eu estou indo com um livro físico. O livro fica ali na estande da editora e as pessoas passam e eu apresento a minha história. Quando digo que eu sou autora, você vê tipo o olhar das pessoas mudando sabe? Meio fascinada tipo “nossa, tem uma autora aqui”, e acabo recendo muito carinho dos leitores, é muito gostoso.
Por mais que eu e outros autores ficamos ali em pé e cansados, dá uma energizada, porque é muito bom receber o carinho das pessoas. Receber um abraço, tirar uma foto, e às vezes tem alguém que te reconhece. É ainda surreal que nem a publicação [do livro físico], mas também muito gostoso, parece que deixa tudo mais concreto, sabe? Está sendo muito muito bom.
VV: Você acha que estarmos em um período pós-pandemia traz um peso diferente para a experiência?
SC: Ah, com certeza. Esses anos de pandemia mexeram com muitas coisas diferentes, até a questão da escrita afetou muito para mim. Não ando escrevendo tanto quanto eu escrevia. É outro ritmo, mas a questão da publicação também é muito diferente, porque os meus dois livros físicos, tanto a coletânea da Rocco quanto o meu livro Reticências na Alt, foram publicados durante a pandemia, e não tive eventos de lançamento presencial. Fiz uma live online, mas é muito diferente do encontro presencial, desde autografar livro, abraçar os leitores e tirar foto. [Presencialmente] parece que fica concreto, “é meu livro que está vendendo”.
Acho que [durante a pandemia] me senti um pouco afastada, publiquei o livro num momento que nem vacina tinha, sabe? Não tinha nenhuma previsão de quando ia acabar tudo isso. Eu me senti bastante afastada dos meus livros, nem parecia que estava acontecendo e demorou muito pra cair a ficha. Então estar ali na Bienal, agora, vendendo os livros, conversando com o leitor, participando do evento, parece que agora é concreto, então faz muita diferença.

(Agência Página 7/Reprodução)
VV: Você já tinha participado de outros eventos literários como escritora antes da pandemia?
SC: Antes da pandemia, eu acho que como escritora, participei de um evento, menor, na livraria Martim Fontes da Paulista. A Editora Seguinte organizava mensalmente encontros com temas. Aí eu participei de um, acho que no comecinho de 2019, sobre histórias e reinos, por causa do meu conto na coletânea Formas Reais de Amar, que é uma coletânea publicada na Amazon, também de forma independente.
Eu estava com outros dois autores que escreveram histórias com temas de reinos, realeza e monarquia. Foi bem interessante, não era um evento grande, tinha algumas pessoas ali. Fiquei bem nervosa, mas foi legal. Depois disso só participei de eventos online, durante a pandemia, bastante lives. Os eventos dentro da Bienal serão os primeiros ao vivos e presenciais que eu vou participar.

(Editora Alt/Reprodução)
VV: Para quem está te conhecendo agora, pode resumir do que se trata Reticências e o que podem esperar da obra?
SC: Reticências é basicamente uma comédia romântica, é a história do Davi e da Joana. Eles se conhecem online, trocam muitas mensagens, começam a meio que gostar um do outro, só que eles não revelam a identidade deles. Com um pouquinho de medo, eles se mantém no anonimato. Mas o Davi começa a trabalhar no mesmo lugar que a Joana e, por causa de um desentendimento, eles meio que não vão um com a cara com a cara do outro, só não sabem que são a mesma pessoa que estão conversando online.
Então, na internet eles continuam conversando, trocando mensagem todo dia, se adorando. E no trabalho ao vivo, eles estão ali meio que não gostando um do outro, tendo briguinhas. Logo as coisas vão se desenrolando… Enfim, muita treta, mas é basicamente isso.
Aquela coisa bem comédia-romântica mesmo, né? Uma sensação de sessão da tarde, é essa a sensação que eu quero passar. Aquela coisa meio “vou descansar, assistir uma coisa gostosa e dar uma alegria ali pro coração”. Eu acho que é isso que as pessoas podem esperar, e eu espero ter passado isso no livro.
Os livros de Solaine estão disponíveis na Amazon. Para conhecer mais sobre a autora, siga seu perfil no Instagram.