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Conheça: The First Taste, de Fiona Apple

Ícone feminina do rock alternativo, em 1996, Fiona Apple descreveu do melhor jeito possível a sensualidade de esperar que alguém dê o primeiro movimento em faixa de seu primeiro disco

Publicado em 5 de janeiro de 2023, por (G)old, Artigos

No ano passado, 2022, Fiona Apple foi uma das artistas que eu decidi que queria conhecer mais a fundo. Meu primeiro contato com a artista foi em 2020 com o lançamento de seu quinto disco Fetch The Bolt Cutters e na época mesmo eu já fiquei viciado, mas não fui atrás de conhecer seus trabalhos antigos, apesar de saber quem ela era, conhecia os hits “Criminal” e “Across The Universe” e só. Então, nessa jornada de ouvir os outros quatro outros discos da artista, comecei pelo primeiro: Tidal, lançado em 1996. A cantora nessa época tinha seus meros 19 anos mas já emplacava letras dolorosas e profundas sobre sua vida como mulher, e ela escreve de uma maneira muito excêntrica que influenciou diversas artistas — das minhas favoritas, é inegável o impacto dela pra existência da carreira de Lana Del Rey.

De qualquer maneira, ouvi o disco, não me cativou muito no geral. Exceto pela faixa que vou falar hoje: The First Taste. A faixa tem a duração de 4 minutos e 46 segundos que soam como 2 minutos facilmente. Aberta apenas com a voz de Fiona dizendo as seguintes palavras: “I lie in an early bed thinking late thoughts/ Waiting for the black to replace my blue” que já me deixaram anestesiado e ansioso pelo o que ela estaria descrevendo ali. De todas as canções que consigo me lembrar da artista, essa traz uma sensação única, traz um sabor novo e uma sensualidade inesperada na harmonia da cantora e compositora com os instrumentais. A produção da faixa sobressai, ainda mais no último minuto em que ouvimos uma guitarra contracenando com Fiona.

É claro que fiquei obcecado pela música, que fala sobre esse desejo da cantora pelo seu suposto parceiro, mas desejando que ele tome a primeira iniciativa, dando primeiro o “sabor” à ela, com ele deixando as coisas começarem. É muito fácil se identificar com a artista e com essa sensualidade. Como eu disse, a artista realmente tem uma habilidade muito especial de descrever algumas sensações específicas. O segundo verso foi o que marcou a faixa pra mim e toda a intensidade que eu levo na minha vida e nos meus relacionamentos, até nos casuais como este da faixa. Cheguei até criar uma playlist influenciada pela sonoridade e pela composição do verso.

Adagio breezes fill my skin with sudden red
Your hungry flirt borders intrusion
And I’m building memories
On things we have not said

Eu, nos meus meros 21 anos, ouvi em repetição a faixa, prestava atenção nos timbres, em tudo que podia ter escondido e fui até atrás de clipe. O clipe não fica no canal da artista, foi removido aparentemente. Mesmo sendo um clipe meio “cringe” para os dias atuais, ou “camp”, ele foi revolucionário na época e demonstra bem o estilo dos anos 90 e 2000. Além de conseguir representar a intimidade que toda a faixa me passa muito bem, tendo até um beijo gay — chocante para este período.

Pra quem não conhece a artista, caso goste da faixa, recomendo ouvir o disco completo Tidal e depois seu mais recente Fetch The Bolt Cutters. Meu trabalho favorito da cantora é seu segundo disco que possuí o abreviado nome: When the Pawn… tanto pela sua sonoridade quanto suas letras profundas.

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Apaixonado por música e viciado em last.fm. Amo cinema e o mundo pop no geral. Ah, e também sou biólogo.