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Back to Be: Ludmilla volta às raízes exaltando poder, sexo e liberdade (Review)

Comemorando 10 anos de carreira, a cantora presenteia os fãs com EP de funk raiz

Publicado em 25 de março de 2022, por Lançamentos, Reviews

Uma das personalidades mais conhecidas do funk carioca da última década, MC Beyoncé deu as caras no mundo da música após um período de resguardo para deixar Ludmilla brilhar. Brincadeiras à parte, a Rainha da Favela lançou nesta quinta-feira (24) o despretensioso EP Back to Be, trabalho que abre as comemorações de uma década de carreira da artista.

Inspirado nos primeiros anos da funkeira, Back to Be é um revival do que Ludmilla criava quando ainda assinava como MC Beyoncé, e traz 6 faixas (realmente curtas) que evocam sensualidade, libertação, sexualidade e o poder feminino, temas que fazem parte do repertório da cantora. Sem retornar ao passado de forma aprofundada, o trabalho transporta os ouvintes para algo familiar com toques modernizados. Uma boa surpresa para os fãs, mas uma desencanto para quem esperava um mergulho mais intenso na proposta de “voltar ao passado”.

Seria pedir demais termos essa MC de volta, mesmo que só por uma era? 

Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde

Lançada em 2012, a música “Fala Mal de Mim” foi um estouro popular, catapultando a moça para o estrelato e pavimentando um caminho brilhante, de muito sucesso e prestígio. Seu álbum de estreia, Hoje, lançado em 2014, foi uma fábrica de hits, fato que ajudou a consolidar a cantora na cena popular. Todos os cinco singles do disco foram um fenômeno nas rádios e TVs de todo o país, aguçando a curiosidade do que viria pela frente.

Dois anos depois, Ludmilla entregou mais maturidade e coesão no segundo CD, A Danada Sou Eu, feito que proporcionou a primeira indicação da carreira ao Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa.

Os anos seguintes foram de aclamação e respeito da indústria, com o lançamento do primeiro DVD ao vivo da cantora, Hello Mundo, sendo um sucesso absoluto em crítica e vendas, comercializando mais de 150 mil cópias no Brasil, e a coleção de pagode contemporâneo mais aclamada dos últimos tempos, Numanice. Sem contar com os inúmeros feats de sucesso e singles soltos que explodiram nas rádios e nas plataformas, como “Verdinha”, “Rainha da Favela” e, recentemente, “Socadona”.

Revivendo as raízes (mas olhando para o futuro)

Por meio de seu trabalho e talento, Ludmilla tornou-se uma das artistas mais populares e criativas de sua geração. Colecionando hits em todos os seus lançamentos, a carioca agora se prepara para uma série de produções que celebrarão sua primeira década de carreira. Segundo a artista, o desejo de reviver o alter-ego MC Beyoncé surgiu não só com um estalo criativo, mas também na vontade de ver o funk da favela ganhar a força de outrora.

“Atualmente, o funk raiz tem perdido espaço para outros gêneros. Quero muito que o Back to Be traga de volta também o sentimento de pertencimento. É muito importante para as pessoas periféricas, e isso não pode ser esquecido só porque não estamos mais no lugar de onde viemos”, declarou a artista na última quarta-feira (23), durante uma festa repleta de famosos para lançar o trabalho.

(Fernando Schlaepfer/Divulgação)

Com participações de Akon e MC Don Juan, Ludmilla transita entre a paixão fervorosa (“O Bruna”) e o proibido (“Foi Comigo”), criando um contraponto ao resgatar letras mais explícitas, sem deixar de lado seu amadurecimento artístico. Ela também traz lembranças de supostos relacionamentos antigos (“Ai Maria”) e, dividindo os vocais com MC Don Juan, capricha no blend entre inglês, português, batidas pop e o tambor do funk carioca (“Down Down Down”). Essa última, sem dúvidas, é a melhor canção do projeto.

A penúltima faixa traz uma pegada funk melody com muita sensualidade (“Tudinho”), mas deve em conteúdo, de forma geral. O trabalho encerra seu compromisso com os vocais de Akon (“Putari4”) e, com menos de 15 minutos (!), Back to Be deixa a sensação de que algo faltou, talvez propositalmente.

Capa do EP Back to Be. (Warner Music Brasil/Reprodução)

Serviu… uma entrada

Do ponto de vista crítico, o EP tem suas limitações e parece ter sido feito às pressas, mas comemorar o passado é algo louvável na proposta do trabalho. Um conceito que poderia causar vergonha para muitos artistas, mas jamais para Ludmilla, que entende sua essência e sabe que é referência em criatividade, reinvenção e músicas chiclete.

Para aqueles que buscam uma vibe amorosa ou uma lapidação artística, Numanice será a trilha dos fins de semana. Mas para os amantes do trash, do carro de som nas alturas e da rebolada sem preocupação, Back to Be é perfeito. É a trilha sonora criada para esquecer tudo e se jogar no bom e velho funk carioca.

Provando que sua essência é a grande responsável por seu sucesso, Ludmilla serviu uma entrada, quase tímida, mas saborosa, sem muita pretensão. A danada, que já tem seu nome cravado na memória popular, mostra que veio para ficar, independente de qual seja a sonoridade. Em suas próprias palavras, “quem é cria, nunca deixa de ser”.

Back to Be
Ludmilla; MC Beyoncé
2022
Warner Music Brasil
Funk

6.5


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