CRASH de Charli XCX é mais uma prova de sua evidente versatilidade (Review)
Em seu quinto e último álbum pela Atlantic Records, Charli XCX homenageia o passado enquanto se prepara para o futuro
Publicado em 20 de março de 2022, por Lucas Ricci • Lançamentos, ReviewsAo longo de seus mais de 14 anos de carreira, Charli XCX se consagrou como uma das mais influentes e inovadoras artistas do pop contemporâneo, navegando entre o underground e o mainstream de maneira harmoniosa e invejável. Em seu mais novo projeto, CRASH, a cantora britânica abraça seu lado main pop girl para comprovar o que muitos já sabiam, quando Charli XCX genuinamente se propõe a fazer algo, ela raramente fracassa.
Após diversas postagens enigmáticas em suas redes sociais, Charli XCX finalmente anunciou o lead single de seu quinto álbum de estúdio, a vibrante e nostálgica “Good Ones”. Banhada em influências dos anos 80 e usufruindo-se do sample de “Sweet Dreams”, do Eurythmics, a canção é uma representação encantadora do que CRASH seria: um álbum que olha para o passado, o presente e o futuro do pop.
O lançamento de “Good Ones” foi seguido pela nem tão revigorante “New Shapes”, onde a cantora se junta as antigas parceiras Caroline Polachek e Christine and the Queens para cantar em cima de uma combinação de sintetizadores sobre o amor de forma ressentida e anti-heróica. Essa visão sobre o tema é recorrente em seus projetos anteriores, e em CRASH ganha espaço ainda nas músicas “Every Rule” e “Used To Know Me”.
Já em “Beg For You”, sua parceria com Rina Sawayama, Charli retorna as características que fazem do álbum um projeto tão interessante; a homenagem ao passado e sua reconstrução sob lentes modernas através de produções volumosas e composições afiadas. Usando o sample de “Cry For you”, de September, o resultado aqui é um dance-pop enérgico digno das pistas de dança e que mantém a grandiosidade da original.
Entretanto, não é sempre que essa retomada é feita de maneira magistral, como na faixa “Used To Know Me” produzida por Dopamine. A canção conta com uma interpolação de Robin S. feita por dentro de uma produção sem graça e uma composição que não compensa pela batida desinteressante.
Felizmente, em CRASH resultados negativos a partir da parceria com diferentes produtores são minoria. Na excelente “Move Me”, a cantora se junta a Ian Kirkpatrick para fazer uma música melancólica, íntima e arrebatadora. Já em “Yuck” conta com a ajuda de Mike Wise para fazer a divertida e cativante canção que soa como uma mistura de “Sex Paranoia”, de Goldie Boutilier, com o dance-pop de Doja Cat. “Lightning” é também um saldo positivo dessa decisão, produzida por Ariel Rechtshaid, a música conta com Charli cantando com vocais distorcidos sobre coração partido e novos amores, dessa vez mais positiva e apaixonada.
CRASH é um ótimo encerramento de uma fase importante na carreira de Charli XCX. O álbum é um olhar introspectivo sobre o mundo da música pop e uma homenagem ao que há de melhor nele. No seu último projeto pela Atlantic Records, Charli XCX, reflete sobre sua carreira e o que significa fazer música pop enquanto planeja seu próximo passo. Agora com mais liberdade ainda, é difícil dizer qual será ele, mas que Charli continuará a surpreender e se reinventar é praticamente inegável.

7.5