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Harry’s House é o ambiente confortável de um artista consolidado (Review)

Sem se preocupar com o que vai hitar no TikTok, Harry’s House mistura um ambiente confortável com ritmos pop que remetem aos anos 1970 e 1980

Publicado em 24 de maio de 2022, por Lançamentos, Reviews

Harry Styles já não precisa mais provar sua capacidade como artista. Com 12 anos de carreira, desde seu início no X-Factor, o cantor já mostrou sua capacidade tanto em trabalhos em grupo, com a One Direction, quanto solo. Seu novo álbum, Harry’s House é fruto desta consolidação.

No terceiro LP de sua carreira solo, Styles segue sem se apostar em nenhum feat e traz uma produção autoral em que explora diferentes estilos, misturando músicas que criam uma ambientação confortável com ritmos pop remetentes aos anos 1970 e 1980, em produções mais dançantes. Nesta casa, dançamos chorando ao som do single “As It Was“, primeira música do álbum a ser lançada, mas também somos convidados a relaxar ao som de melodias como “Daydreaming” e a chorar em posição fetal com “Matilda”.

Curiosamente entramos em Harry’s House, com “Music for a Sushi Restaurant”. A ideia do título surgiu quando Harry estava com seu produtor em um restaurante de sushi, em Los Angeles, e uma de suas músicas do álbum Fine Line começou a tocar, o fazendo pensar: “Essa é uma música realmente estranha para um restaurante de sushi” (tradução livre), contou o cantor em uma entrevista para a NPR.

A composição mistura jazz e música pop dos anos 1970, nos recepcionando a sua casa com uma música para restaurante, “música para um restaurante de sushi, música para o que você quiser” (no original, “Music for a sushi restaurant, Music for whatever you want”).

Entramos em “Late Night Talking”, uma canção confortável, leve e dançante, que já se tornou uma das minhas favoritas. Ela é seguida por “Grapejuice”, que continua a marca do artista em cantar sobre frutas. A música cria um ambiente confortável em que Harry conta sobre um relacionamento que o faz aproveitar mais a vida. Chegamos no single “As It Was”, produção de synth-pop com letra melancólica, que é uma das mais marcantes, se não a mais marcante, do álbum. Essa canção agridoce, quebrou recorde, como a música mais transmitida no período de 24h no Spotify, por um cantor masculino. Foram mais de 16 milhões de streams no primeiro dia de lançamento da música, que ficou em primeiro lugar em 34 países.

Seguimos com “Daylight”, na qual Harry canta sobre um relacionamento que o deixou “amaldiçoando a luz do dia” (no original, “cursing the daylight”). É uma linda música triste sobre um relacionamento que não deu certo. A sexta música do álbum é uma doce balada, “Little Freak”, que segue falando sobre um relacionamento terminado sobre o qual Harry continua pensando, mas que não está preocupado com a outra pessoa ou com os novos relacionamentos dela.

Depois dessa sequência melodramática, chega a música para quebrar as lágrimas. “Matilda”, de forma semelhante ao filme de mesmo nome, narra a história de alguém que não foi bem-amada e cuidada por sua família. Assim, Harry lembra Matilda que não precisa ir para casa (“You don’t have to go home”), que ela pode construir seu próprio lar e sua vida. Mostrando que lar não é um lugar.

Ao final dessa canção, entramos na sequência que considero a mais fraca do álbum. Após a sequência das músicas tristes, entramos na calmaria de “Cinema”, que é seguida por “Daydreaming”, onde o álbum volta a ter um ritmo dançante, e, desta vez, mais animado. Então chegamos em “Keep Driving”, na qual Harry canta sobre ignorar o mundo caindo e apenas continuar dirigindo, em uma música viciante. Com “Satellite” chegamos a antepenúltima música do álbum, onde ele canta sobre falta de comunicação em um relacionamento. Ele compara-se com um satélite voando ao redor da pessoa, enquanto espera por ela deixá-lo se aproximar.

Em “Boyfriends”, a penúltima música, ouvimos Harry cantar sobre namorados que tratam mal as pessoas com quem se envolvem romanticamente. É uma música triste, que foi performada pela primeira vez no Coachella deste ano. A música causou grande comoção virtual, contribuindo para as especulações em torno da sexualidade de Styles, sobre a qual ele se recusa a ser claro. Deixando em dúvida se ele faz parte da comunidade LGBTQIA+ e não quer rotular sua sexualidade, ou se é um hétero que quer o marketing de queerbaiting.

O álbum termina em grande estilo com “Love of My Life”, música que Styles disse ter sido inspirada no seu amor pela Inglaterra. Circula pela internet, a possibilidade do álbum ter sido feito para ser ouvido de trás para frente, com a última música como a primeira. A teoria tem base no tweet “uma trilha sonora familiar tocada de trás para frente” (tradução livre), feita pela conta de divulgação You Are Home.

Também ouvimos, no trailer de divulgação do álbum, parte de “Love of My Life”, tocada de trás para frente, e temos a capa do álbum, em que Harry se encontra de pé no teto da sala ao invés do chão, tudo indicando a ordem contrária. Testei a experiência e as músicas também formam uma ordem interessante e confortável de ouvir. Seguindo esse caminho, o álbum parece contar a história de um casal que se separou, mas voltou a ficar junto. Uma história de reconciliação e de aprender com os erros.

No entanto, “Music for a Sushi Restaurant” tem as características de uma música intro em um álbum, e o próprio cantor disse que “depois de Fine Line, eu tive uma ideia de como eu pensei que o próximo álbum começaria. Mas havia algo sobre ‘sushi’, que eu pensei ‘nah, isso é como eu quero começar”, comentou. Agora, fica a dúvida se foram essas características de “Music for a Sushi Restaurant” que fizeram com que Harry decidisse cantar a história de trás para frente ou se o ordenamento das músicas é o correto e tudo isso não passa de teorias criadas online.

Conta pra gente o que achou do novo álbum de Harry Styles se experimentou ouvi-lo na ordem contrária e continua ligado no Portal Pop3 para outras notícias sobre o artista.

Harry's House
Harry Styles
2022
Columbia Records
Pop Rock, Pop

8


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24 anos. Jornalista com interesse em Estudos Culturais. Cohost do podcast Cadelinhas da Indústria Cultural. Fã de artes em diversas mídias, tentando acumular o maior número de hobbies possíveis.