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Love Sux: álbum despretensioso traz elementos que nos fazem amar Avril Lavigne (Review)

Rainha do pop punk celebra 20 anos de carreira com diversão, leveza e maestria

Publicado em 20 de março de 2022, por Lançamentos, Reviews

O barulho da guitarra sendo plugada nos primeiros segundos de ‘Cannonball, música que abre o sétimo disco de estúdio de Avril Lavigne, Love Sux, é um aviso claro: os próximos 33 minutos (sim, apenas meia horinha de diversão) levarão o ouvinte a uma viagem nostálgica e disruptiva para o universo que nos fez amar a canadense no começo deste século.

Três anos depois de uma jornada musical íntima e delicada, estabelecida com o morno Head Above Water, Avril mergulhou de cabeça nos elementos que fizeram dela um ícone pop punk/ pop rock. Contextualizando para a Geração Z, que talvez não tenha muita familiaridade com a moça, Avril Lavigne foi em 2002 o que Billie Eilish foi em 2019: um fenômeno musical, midiático, social e comercial. Não à toa, Billie assume a paixão e a inspiração em Avril desde o início da sua carreira.

Há 20 anos, Avril surgiu como uma promessa diferenciada, que fugia da curva do que suas colegas de trabalho na época entregavam. Com looks urbanos, pouca maquiagem e uma proposta rebelde, a loirinha de 17 anos estremeceu o mundo da música com o aclamado debut Let Go, álbum que transformou uma geração, vendeu mais de 18 milhões de cópias e recebeu oito indicações ao Grammy. Os anos seguintes foram de sucesso, consagração, mudança e consolidação.

Verdade seja dita, há um tempo Avril adentrou o ‘limbo da nostalgia’ e é mais lembrada pelos sucessos de outrora que por hits dos álbuns mais recentes. A cantora também passou por momentos delicados em sua vida pessoal, com o diagnóstico e tratamento da doença de Lyme, motivo que a afastou dos holofotes por anos.

(Avril Lavigne/Reprodução)

Mais forte do que nunca e, segundo a mesma, se divertindo como não fazia há muito tempo, a cantora nos presenteia com o excelente ‘Love Sux’, disco que não pretende inventar a roda, muito menos pavimentar um caminho inovador. A proposta é justamente contrária: cante, dance e divirta-se sem pensar muito. Não há pretensão, responsabilidades ou obrigações. São 12 faixas bem produzidas, coerentes e que trazem tudo que a nova geração descobriu com Olivia Rodrigo e Willow, mas que foi firmado por Avril.

Love Sux é como se o Let Go tivesse convidado o The Best Damn Thing pra tomar um porre. A diversão se faz presente (“Cannonball” e “Bite Me”) junto ao sentimento de indignação (“Bois Lie”, “Love Sux” e “Déjà Vu”), tudo com a personalidade bem marcada da intérprete. Criando um balanço interessante, o disco traz um contraponto (“Avalanche” e “Dare To Love Me”), expondo um lado mais frágil e vulnerável de Avril.

O disco chega para explorar a juventude e a atitude, independentemente da idade. Avril não tem mais a urgência adolescente de 20 anos atrás, mas reivindica seu lugar e, principalmente, sua coroa.

(Avril Lavigne/Reprodução)

Ao fim das 12 faixas, fica uma sensação de dever cumprido, tanto da parte de Avril quanto para os fãs, que tem material inédito para se deliciar – e cantar a plenos pulmões com a loira no Rock In Rio desse ano. O revivaldo pop rock ajudou a reposicionar esse estilo entre os queridinhos da nova geração. E para Avril, o reinado nunca esteve tão vivo.

Love Sux
Avril Lavigne
2022
DTA, Elektra Records
Pop Rock, Rock

8.0


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Apaixonado por cultura pop, literatura, entretenimento e baboseiras úteis. Se Fernanda Young e Katy Perry tivessem tido um filho, seria eu.