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Midnights marca a volta de Taylor Swift ao pop (Review)

O mais novo álbum de Swift segue seu legado no pop, divide público e crítica com comparações a folklore e evermore

Publicado em 23 de outubro de 2022, por Lançamentos, Reviews

Lançado na última sexta-feira (21), o novo álbum de Taylor Swift, Midnights, marca a volta da artista ao pop. Taylor deu uma pausa no gênero após lançar suas criações “irmãs”, que são mais folk pop alternativo em 2020, e as regravações dos álbuns, que são mais country pop em 2021.

Nesse sentido, é possível dizer que Midnights chegou com tudo: em menos de 24 horas de lançamento quebrou vários recordes, como o de maior debut mundial de um álbum no Spotify; seu lead single, “Anti-hero também quebrou o recorde mundial de música mais reproduzida. Mas, mesmo sendo um grande sucesso comercial, Midnights parece dividir o gosto em algumas críticas — e até os fãs da cantora.

O álbum parece ter uma continuação lógica dos últimos álbuns pop de Taylor, como a sequência de reputation e Lover, mas com pequenas pitadas de 1989. Contudo, o que surpreendeu a maiorias das pessoas que não gostaram do álbum, foi que, após folklore e evermore, era esperado mais de Swift. Até mesmo no trailer dos “music films”, como ela chamou os vídeos da do álbum, ela parece referenciar visuais de eras passadas.

(Taylor Swift/Reprodução)

Midnights, na versão standard de treze faixas, é um álbum sonoramente coeso, com algumas músicas mais experimentais e diferentes do que Swift já fez. No álbum ela trabalha com o colaborador de longa data, Jack Antonoff em todas as faixas, trazendo alguns produtores e compositores novos em algumas produções.

A abertura do álbum, “Lavender Haze, faz com que quem escute pense que ela está indo para território não explorado, o que o restante do álbum mostra que não é verdade, já que a produção é um pop bastante eletrônico, com um pouco de synth, melodias parecidas com o que já foi mostrado em reputation e algumas melodias mais grandiosas, como em “The Archer, do Lover.

A primeira metade do álbum, nas primeiras seis faixas (com exceção de “Snow on The Beach“), se mostra bastante superior ao restante, com um pouco de groove e melodias quase R&B (“Lavender Haze e “Midnight Rain“). As faixas podem não mostrar um lado 100% novo da artista, mas as letras encapsulam o melhor de suas composições.

(Taylor Swift/Reprodução)

Grande destaque para os arranjos vocais em “Lavender Haze”, o drama e a melancolia em letra e música de “Maroon, a incrível “Anti-Hero“, que poderia ser uma faixa mais obscura do 1989, apresenta Swift em um estado vulnerável e questionador sobre si mesma, com uma melodia alegre e upbeat, a linda narrativa com uma melodia sonhadora e melancólica de “You’re On Your Own Kid (uma das minhas favoritas do álbum), e a grande surpresa de “Midnight Rain”, cuja melodia e refrão grudam na cabeça e é impossível não gostar.

A segunda parte de álbum parece uma mistura um pouco mais caótica, mas temos faixas como “Question…?, com características bastante reminiscentes do 1989, tanto na melodia como nas letras. “Vigilante Shit e “Karma” parecem saídas diretamente da era reputation: uma, com uma batida mais pesada e obscura e trechos que falam de vingança; a outra, com um twist no título, já que Swift tira onda de como o karma dela é, na verdade, ser feliz enquanto seus inimigos ainda sentirão as consequências do tempo em suas ações.

“Bejeweled” é uma faixa facilmente esquecível, com melodia bastante genérica e letras fracas, mas na segunda parte do álbum, embora mais bagunçada e desconexa em tema e letras, a compositora nos apresenta duas baladas lindas. “Labyrinth é uma das melodias mais interessantes do álbum, com uma letra bonita e vulnerável.

(Taylor Swift/Reprodução)

“Sweet Nothing” é uma composição de Swift com seu namorado, Joe Alwyn, e sua melodia majoritariamente composta no piano é uma das coisas mais lindas do álbum. A letra que acompanha o piano do começo ao fim também, é uma resposta da pergunta em ‘peace’, “will it be enough if I could never give you peace?”. Em “Sweet Nothing”, é uma garantia de que nada é esperado desse amor, ele é de graça, parecem respostas a perguntas que Taylor tem se feito a vida toda em suas músicas. É realmente uma das mais bonitas que o casal já compôs juntos.

A faixa que encerra o álbum, “Mastermind”, é fofa e interessante na maneira em como ela usa a ideia de que o destino não teve nenhuma interferência no sucesso de seu relacionamento, o que é bastante ousado, já que a carreira toda ela escreveu músicas sobre como ela sempre acreditou em destino – mas a faixa acaba não sendo assim tão memorável.

Logo após o álbum ser lançado, às 3h da manhã, Swift anunciou sua edição “deluxe”, ou o que ela chamou de versão das 3h da manhã, com sete faixas extras e colaboração de Aaron Dessner, produtor principal de folklore e evermore.

(Taylor Swift/Reprodução)

As faixas novas se encaixam bem no álbum, mas parecem ter um quê diferente na produção, já que Dessner tem uma assinatura tão única. “The Great War” tem uma batida boa, melodia agradável e letra bem escrita, “Glitch” também tem o groove de “Lavender Haze” e “Midnight Rain”, mas a música mais marcante é “Would’ve, Could’ve, Should’ve”, na qual Taylor relembra seu relacionamento de 2009 com John Mayer, no qual ela tinha 19 anos e ele a idade que ela tem hoje, 13 anos depois, com um pouco mais de tristeza e raiva, refletindo de forma que seria impossível aos 19 anos sobre como esse relacionamento a marcou profundamente de maneira tão negativa.

A verdade é que como um todo, Midnights lembra bastante os álbuns 100% pop da carreira de Swift, com um elemento forte de reprodução, já que de primeira é quase impossível entender do que o álbum se trata. Ele cresce na gente. Quanto mais se escuta, mais vai perceber os detalhes nas letras, e mais agradável ele vai ficando.

A verdade é que não é um álbum perfeito, mas é ótimo e dentro do elemento de Taylor Swift. Comparável a todos seus álbuns, contém letras boas e faixas na qual ela não se leva a sério. Com as críticas de Midnights é muito fácil reconhecer quem é fã da discografia de Swift e quem passou a respeitá-la apenas em 2020, com folklore e evermore.

É verdade que a colaboração de tantos anos com Antonoff pode levar a artista a fazer um som que seja, com o tempo, cada vez mais parecido, e sempre que ela tenta colaborar com pessoas novas, há um resultado positivo (como é possível ver em Red, 1989, folklore e evermore), mas para um artista com quase 18 anos de carreira e 10 álbuns, essa versatilidade já é surpreendente. Do country ao pop, do pop ao alternativo e de volta para o pop, Swift parece, não importa o que faça, sempre se manter relevante e estável em seu lirismo, mas basta uma saída do caminho do que é esperado dela, e as críticas parecem ser mais duras.

(Taylor Swift/Reprodução)

É quase como se a cobrança para que ela sempre se mantenha nova e diferente, se “supere” a cada álbum é algo já estabelecido, ela não pode se manter em uma linha, ela precisa se reinventar. Esse tipo de cobrança parece não afetar outros artistas, como Adele, por exemplo, que com 30 (um álbum excelente), continua apresentando baladas e músicas escritas para o mesmo tipo de melodia e letras com temas similares, mas muito bem escritas, ou Ariana Grande, que sempre apresenta pequenas variações do mesmo pop com um elemento ou outro de R&B. Então por que essa versatilidade é sempre tão esperada de Taylor Swift?

Midnights é um álbum sonoramente coeso que apresenta essa versatilidade toda, com letras mais pesadas e bastante complexas, outras menos sérias e mais leves, um pouco do que já ouvimos dela e um pouco de novidade. Com letras que conversam com o restante de sua discografia, é um álbum para quem é fã de Taylor Swift e não apenas do folklore e evermore.

Para mim, foi muito bem colocado na crítica de Brittany Sapanos para a Rolling Stones:

“Com Swift regravando seus álbuns anteriores, é claro que escorregar de volta ao seu passado auto desbloqueou algo brilhante e fresco em sua composição. Midnights pode ser uma surpresa para os fãs mais recentes de sua música, aqueles que só aprenderam a gostar de sua composição quando veio no tradicionalmente respeitável pacote folklore/evermore. Mas, como muitos de seus lançamentos puramente “pop” no passado, Midnights deixa cada vez mais para ser descoberto sob a névoa de sintetizador azul-roxo na superfície. E talvez isso seja parte do plano dela para começar.”

O que você achou do álbum?

Midnights
Taylor Swift
2022
Republic Records
Pop

8.0


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Jornalista viciada em cultura pop, uso a ficção e a arte para tentar navegar o caos do mundo e vivo tentando escrever sobre coisas legais internet afora.