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Sabrina Carpenter aposta na simplicidade no álbum emails i can’t send (Review)

Artista entrega álbum maduro e pessoal, lidando com traumas e decepções

Publicado em 19 de julho de 2022, por Lançamentos, Reviews

Ao juntar um coração partido, decepções com alguns amigos, uma certa ansiedade social e um diário aberto, a ex-estrela da Disney Channel, Sabrina Carpenter, presenteou seus fãs e o mundo todo com o seu melhor disco, “emails i can’t send“. Lançado na última sexta-feira (15), a obra conta com 13 canções das mais simples, mais leves e mais maduras da carreira da cantora.

Coeso e sinestésico, o disco é, de longe, seu melhor lançamento. Ele abre os trabalhos com uma excelente produção homônima, e mostra de cara como os vocais de Sabrina são cristalinos e agradáveis. Uma intro de respeito, que nos guiará em uma viagem experimental e emocional.

Durante a divulgação do trabalho, Sabrina revelou à Teen Vogue que compôs as canções baseadas em e-mails que mandava para si mesma e que, definitivamente, não poderiam ver a luz do dia, sequer chegar em quem deveria os ler. Bem, expor esse conteúdo de forma lírica e musical foi uma das ideias mais geniais que ela pode ter em toda sua carreira, pois é nesse disco que encontramos uma versão mais crua e simples de sua arte.

Assim como toda história, emails i can’t send explora vários lados. Os divertidos, os intensos, os apaixonados, os decepcionados, os que ainda não cicatrizaram. São várias as faixas que proporcionam essa sensação de looping em montanha-russa, mas que no final fazem a gente querer dar mais uma voltinha. E arrisco ainda dizer que essa variedade é que torna o trabalho rico, mágico e bastante único.

O photoshoot do disco, assim como seu conteúdo, expõe mais simplicidade que glamour. (Vince Aung/Reprodução)

Agora, vamos aos destaques da tracklist (na minha humilde opinião): “Vicious”, uma faixa midtempo que cativa até quem torce o nariz para esse tipo de produção. A canção poderia ser de Billie Eilish e ter pertencido ao aclamado Happier Than Ever, mas a dona é outra estrela.

“Read your Mind”, “bet u wanna” e “Nonsense” são o tempero agridoce da produção. Todas tem um fundo animado, viciante e até flertam com a sensualidade em vários pontos, mas as letras contrapõe sua composição animada, explorando questões íntimas e, por vezes, nada divertidas.

As já conhecidas e excelentes “Fast Times” e “skinny dipping” também são destaques no corpo final do trabalho. Uma última estrelinha vai para a canção que fecha o disco. A emocional “decode” define perfeitamente a sensação de não receber o amor que você julga merecer – e por motivos que fogem ao seu controle, afinal de contas, nem todos estão preparados para mergulhar no sentimento.

Ao chegar ao fim do álbum, fica não só a sensação de dever cumprido, mas também o desejo de voltar e escutar novamente. Quem cresceu nos anos 90 sabe como é rebobinar uma fita para rever: é exatamente essa sensação que o final do disco traz. Sem nenhuma parceria e com sentimentos que transbordam, emails i can’t send é uma brisa leve e coroa o melhor momento da carreira de Sabrina.

Quem acompanha a cultura pop sabe que existem diversos artistas muito interessantes no meio que não recebem a devida atenção, e Sabrina Carpenter é uma delas. A prova disso é que, mesmo com uma carreira musical recheada de ótimas peças, a artista ainda não é um dos nomes mais falados de sua geração. A mudança de gravadora, o amadurecimento estético e essa nova era podem e devem trazer mais luz à carreira dela, com o sucesso merecido por essa jovem promessa.

emails i can't send
Sabrina Carpenter
2022
Island Records
Pop, power pop, bubblegum pop

8.0


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Apaixonado por cultura pop, literatura, entretenimento e baboseiras úteis. Se Fernanda Young e Katy Perry tivessem tido um filho, seria eu.