WHO CARES? de Rex Orange County é agradável, mas facilmente esquecível (Review)
Em seu quarto álbum de estúdio, o cantor aborda questões íntimas de maneira supérflua trazendo conforto por meio de sua doce voz
Publicado em 31 de março de 2022, por Carlos Bueno • Lançamentos, ReviewsRex Orange County ou Alexander O’Connor é um cantor e compositor britânico de 23 anos que já conta com quatro álbuns em sua discografia. E no dia 11 de março de 2022, seu novo disco foi lançado. WHO CARES? Conta com apenas 11 músicas e tem a duração aproximada de 35 minutos (super curto, mas comum nos dias de hoje).
Abrindo singelamente, Rex introduz muito bem seu disco com a “KEEP IT UP”. A faixa é uma mistura entre letras depressivas e com beats animados. Numa maneira de tentar se manter “up”, o cantor diz algumas mensagens motivacionais que convecem. Seguido por “OPEN A WINDOW” um feat com o queridíssimo Tyler, The Creator que infelizmente faz uma aparição relâmpago. A faixa, assim como o trabalho no geral, tem uma pitada de Bruno Mars em suas ultimas eras e conta com um instrumental forte.
Em “WORTH IT”, temos uma longa introdução que promete levar os ouvintes para algum lugar. Porém, não entrega tudo isso; mesmo que conte com instrumentais belíssimos, a música tem um passo confuso e desinteressante. Coisa que não acontece em “AMAZING” e “IF YOU WANT IT”. Ambas as faixas são extremamente cativantes e apesar da estrutura um pouco repetitiva, são as produções mais ousadas do disco todo, mas sem perder sua coesão.
A voz do cantor se destaca em “ONE IN A MILLION” por estar em outro tom. Um pouco mais despreocupado, mas ainda assim mantendo seu tom agradável e doce. Infelizmente, as letras do disco não são um ponto forte, apesar de “relatable” em certos pontos, esse conceito romântico fofo e adolescente não funciona por muito tempo, resultando num enjoo se prestar atenção demais.
Complementando esses problemas, “7AM” conta com uma letra extremamente expositiva e de certa maneira brega – mas que deve agradar seu público-alvo. O uso dos violinos e da orquestra dão um ar diferente pra faixa, mas não é o suficiente pra que ela se destaque.
Um grande problema do disco são suas excessivas repetições e estrutura semelhante entre todas as músicas. “THE SHADE” e “MAKING TIME” contam com versos repetidos demasiadamente e sem nenhuma adição de novos elementos. O esperado é que o ouvinte se anime para o refrão, mas os momentos mais interessantes da maioria parte das faixas do disco são os versos entre um refrão e outro.
Fugindo da coesão que Rex construiu ao longo do disco, “SHOT ME DOWN” é a canção mais desarmônica do trabalho todo. Sua sonoridade é cansativa e sem graça. Apesar de tentar criar coisas novas antes de encerrar a música é difícil criar um interesse quando a faixa já pareceu arrastada. Para encerrar, temos a faixa-título do álbum. Ao contrario de algumas aqui, ele consegue construir uma lírica fofa sem ser extremamente cafona. Ainda que seja expositiva demais, sem metáforas e linguagens complexas, a sensação de doçura, satisfação e descontração encerram o álbum, acertando aquilo que errou em sua maioria.
Mesmo com falhas, o disco mantém sua coesão em sua grande parte e tem pontos que se destacam. Faixas como “IF YOU WANT IT” e “WHO CARES?” são excelentes e contam com aspectos extremamente pontuais que mostram os acertos do artista. WHO CARES? é o primeiro disco que ouvi de Rex Orange County e talvez exista uma curiosidade de ouvir alguns outros trabalhos dele, desde que eles não contem com uma estrutura tão repetitiva quanto as vistas em “MAKING TIME” e “SHOOT ME DOWN”.

6.6