Portal Pop3

APOPTOSE: para Bortoli, todas as décadas do Pop são bem-vindas em um único set (Entrevista)

Já foi Trash, Alt Pop, Farofa, B-Side e agora é a vez das principais influências para a grande onda de discos dos últimos anos — os anos 1980 e 1990, que são as grandes referências do DJ Bortoli, quinta e última atração da festa Apoptose

Publicado em 9 de agosto de 2022, por Apoptose, O Pop de Londrina

Durante a década de 1970, a Disco Music nos presentou com grandes clássicos que até hoje são referenciados e ditam novas tendências da música. De 2019 pra cá, o Disco, Synthpop e House continuam presentes e até atingindo o topo das paradas. Nesta semana, por exemplo, Beyoncé ocupa a primeira posição nos charts americanos com uma música que se relaciona diretamente com o House dos anos 1990, lembrando principalmente o hit “Show Me Love“, de Robin S.

Mas não somente esses gêneros são reforçados com samples e homenagens. Os anos 1980, 1990 e 2000 também são presentes na nova nostalgia que atinge a Geração Z. O TikTok, principal plataforma de vídeos atualmente, reviveu grandes clássicos da música, de “Running Up That Hill“, de Kate Bush, também impulsionada pela série Stranger Things, e “Dreams“, do Fleetwood Mac, grande hit durante a pandemia.

No caso das duas músicas citadas, a versão original ganhou os holofotes, mas existem alguns casos de canções que foram remixadas, aceleradas ou até mesmo reimaginadas, se tornando um verdadeiro fenômeno em compartilhamento na rede. Quem se aproveitou deste movimento foi Madonna, que recentemente lançou novos videoclipes para a faixa “Frozen”, de 1998, e na última semana regravou o gigantesco hit dos anos 1980 “Material Girl”, agora estilizado de “Material Gworrllllllll!”

Apesar de soar antigo quando dizemos em voz alta que estamos ouvindo Kate Bush ou até alguma faixa do Like A Virgin, celebrar o passado está cada vez mais presente. Além da música, a moda e estética dos anos 1990 como os Mullets (corte de cabelo), pochetes, roupas oversized e o terror jeans de cintura faixa estão presentes no dia a dia de 2022. 

Mas, para além de TikTok, no início de 2020, artistas como Dua Lipa e The Weeknd, escancaravam a estética Disco em seus respectivos álbuns: Future Nostalgia e After Hours, mostrando influências dos artistas citados, e mais pro fim daquele ano também tivemos grandes presentes como o finérrimo e chique “What’s Your Pleasure”, de Jessie Ware, que também brinca no mesmo gênero musical ao longo de uma discoteca muito sensual. Vale citar Kylie Minogue, que nos presentou com o excelente Disco — o nome do álbum é “Disco” mesmo, seu quinto décimo álbum que também bebe da mesma água de Dua, The Weeknd e Jessie, mas todos focaram em também adicionar novos elementos. Jessie Ware, inclusive, continua trabalhando na estética Disco, praticamente sua assinatura atual.

Introdução feita, mas para falar sobre o próximo entrevistado, precisamos citar os anos 1990, especificamente 1996-2000, onde a grande ascensção da época foram boybands e girlbands. Você conhece alguém que quase chora ao ouvir “I Want It That Way”, de Backstreet Boys, ou se torna uma criança apaixonada ao ouvir “2 Become 1”, das Spice Girls? Ou ainda melhor, lança chuquinhas com o uniforme amarrado à cintura ao escutar “Baby One More Time”, da Britney Spears? 

Quem já conhece o Portal e acompanha nossas colunas como o Promo Sample – A História de uma Música provavelmente já se deparou com algum texto no nome de Matheus Bortoli, que além de redator, atua como DJ e produtor cultural há cerca de seis anos. Suas principais referências são uma junção de tudo que foi citado anteriormente com o acréscimo de se manter em dia com o Pop, conseguindo mixar uma canção vintage como “All I Want For Christmas”, da Mariah Carey, com algo completamente inusitado como “Be Sweet”, da Japanese Breakfast, “Kyoto”, de Phoebe Bridgers, ou até mesmo “The Only Heartbreaker”, de Mitski. Pensando nisso, o DJ era a escolha perfeita para completar tudo que uma festa de Pop precisa: Farofa, Conceito, B-Sides, aclamação, produção impecável e músicas de cacura né? 

(Frootaria Renaissance/Reprodução)

Bortoli nos concedeu a honra de uma entrevista, podendo nos explicar e contar um pouco de sua história como DJ, elucidando suas maneiras de enxergar como a música é essencial para um bom rolê e também falando um pouco da importância de trazer influências e elementos dos anos 1980 e 1990.

Victoria: Quando surgiu a vontade de ser DJ e quando foi sua primeira discotecagem? 
Bortoli: É meio complicado resumir como surgiu a primeira discotecagem, mas vou tentar. Lembro que em 2015 fazia parte de uma produtora chamada Pessoas Na Van Preta e nós tínhamos uma confraternização chamada “Party Hard da Van Preta”. Em uma edição, nós definimos alguns DJs; eu era um deles, chamado “The Bortoli”. Nessas festas nós alugávamos cama elástica e nisso surgiu uma vontade de produzir uma festa aberta. Criei uma chamada Halleatória, mas por muitas questões, principalmente financeiras, acabamos não realizando naquele momento.

(Pessoas Na Van Preta/Reprodução)

Bortoli: Em 2016, nós da Van saíamos quase todo fim de semana e descobrimos um esquema no NYL Londrina em que você entrava mais rápido se estivesse na lista de aniversário. De vez em quando, a gente conseguia colocar nosso nome para entrar mais rápido e conhecendo alguns promoters eu decidi fazer meus 20 anos lá. Como eu já ia com muita frequência, a promoter me indicou fechar o camarote, “só” precisava de 60 pessoas. Eu, doido, acabei aceitando e foi uma loucura esse número de pessoas, mas deu tudo certo porque abri um evento no Facebook e todos os amigos e colegas foram adicionando pessoas.

No dia do meu aniversário, eu e minha amiga Rebeca fomos pra festa fantasiados de Paquitas New Generation, ela com um uniforme azul e eu com um uniforme preto pra combinar com o tema da festa: Pirigótica. Lembro que nesse dia, um dos meus amigos presentes, o Wellington — WETTO para alguns —, me disse que eu fui bobo de fazer um camarote, que deveria ter feito uma festa e cobrado entrada barata. Como eu já tinha pensado na Halleatória antes, aquilo ficou na cabeça.

Logo depois, quando comecei a postar as fotos vestido de Paquita, um dos produtores da Terça Bit me chamou pra ser quase um promoter da festa. Era mais pra postar no evento do Facebook e chamar alguns amigos em troca de entrada e consumação. E nessa época é importante contextualizar que o Facebook era principal plataforma pra você divulgar eventos. Não tinha tanto Instagram, não tinha tanto Twitter, tinha o Facebook era onde, tipo, você tinha seiscentos confirmados no evento. Era a rede social mais usada que eu me lembro assim pra divulgar esse tipo de evento.

Enfim, eu tinha gastado horrores na roupa das Paquitas, já sugeri se ele queria que eu e minha amiga fossemos vestidos de Paquitas pra animar o povo, ser tipo um Hostess. Lembro que ele topou na hora porque a festa tinha uma pegada meio nostálgica, só que no dia a Rebeca não pode ir e eu tive poucas horas pra convencer alguém de ir no lugar dela, até que um amigo chamado Muniz acabou aceitando. Na hora, ganhamos uma pistola de brinquedo carregada de bebida alcoólica e fomos distribuindo tudo em uma pista lotada. Eu assoprei um apito e saí embebedando o povo. Fiquei alguns meses sendo Paquita New Generation — importante ressaltar que é NEW GENERATION, a geração de 1995, até que fui chamado pra tocar como DJ com o Muniz.

Só que, antes de estrear na Bit, o Wellington estava produzindo uma festa chamada Bangerz! e também me chamou pra tocar, logo aceitei. Foi uma festa no Cortiço Bar, em outubro de 2016, em que abri a pista para as pessoas que estavam chegando. Foi bem legal pra experimentar o Virtual DJ e entender como as pessoas recebiam as músicas que tinha preparado. Umas semanas depois, toquei na Bit. Então foi quase uma estreia dupla, as duas foram muito importantes para mim.

(Victor Pedrassoni/Reprodução)

Victoria: Você lembra que artistas marcaram presença nesses primeiros sets?
Bortoli: Como foi uma estreia dupla e na primeira festa eu abri a pista, acabei tendo uma similaridade de sons. Nesse primeiro momento, eu me inspirei muito no som dos Popolins, que eram minha maior referência, mas também na Mari Marques, que faz uma mistura de Pop com Indie que até hoje é muito único. Na Bangerz, festa do Wellington, foquei mais em Pop Internacional, mas como eu era conhecido como Paquita, haha, acabei acrescentando uma da Xuxa no set. Lembro que era um mash-up de “Máquina do Tempo” com “Planeta Xuxa”, mas nos primeiros segundos de “Máquina do Tempo”, que era acapella, o pessoal começou a esvaziar. Eu entrei em desespero e antes de tocar “Planeta Xuxa”, eu coloquei “We Found Love”, da Rihanna; acabei seguindo no internacional.

É bem legal lembrar dessa fase Paquitas porque, na minha cabeça, eu achava que as pessoas QUERIAM ouvir esse tipo de som. O produtor da Bit pediu para eu enviar o set em texto com antecedência e aí preparei todo um conceito que tinha “blocos”, cada um com uma música da Xuxa seguido de Pop. Então, acabei descobrindo que não era bem daquele jeito. Ele disse que aceitaria se eu insistisse no som, mas que não deveria tocar muita Xuxa pois o pessoal poderia não entender. Eu fiquei meio “vixe”, mas entendi a crítica construtiva e mudei o set. Lembro que toquei “Gringo”, da Banda Uó, “Barbie Girl”, do Aqua, “It’s Raining Men”, da Geri Halliwell, mas ainda sim escolhi uma da Xuxa pra representar as Paquitas e abrir meu set: “O Xou da Xuxa Começou”. Hoje eu tocaria essa música só em uma festa especial do especial, mas na época fez um pouco de sentido.

(NY Lounge/Reprodução)

Victoria: De lá para cá, o que mudou? Se sente mais a vontade tocando farofas ou “conceitos”?
Bortoli: Já naquela época mudou muito e eu vi nos meus olhos essa dualidade de farofa e conceito surgindo. Essa coisa de tocar Xuxa não durou muito tempo. Lembro que logo que estreei como DJ, comecei a produzir eventos, começando pela Halleatória, que apresentei para o Wellington tentando convencê-lo ao máximo de que seria uma festa legal. Expliquei que o “Halle” vinha de “Halleloo”, bordão da Shangela em RuPaul’s Drag Race, que ainda nem tinha participado do All Stars 3, e o “Aleatória” porque meus amigos me achavam aleatório e eu gostava de trabalhar com aleatoriedade no meu set.

Nós fizemos duas edições da Halleatória no Cortiço Bar, o que chamou atenção de alguém do NYL Londrina e logo me convidaram pra tocar em janeiro de 2017. Já nesse momento eu comecei a abandonar um pouco esse conceito trash-Xuxa e foquei mais em Pop que misturasse o antigo e o atual. Naquela época ainda não dava pra arriscar muito Lado B, mas aos poucos eu fui desenvolvendo uma ideia de tocar album tracks de artistas. Lembro que um dia toquei “Dance in the Dark”, da Lady Gaga, e um amigo meu foi pro chão de tão feliz. Em uma We Love 90’s eu abri meu set com “Hyper-Ballad”, da Björk, e dois rapazes vieram gritando agradecendo eu tocar.  Nessa época, muitas pessoas já me paravam pra elogiar por tocar bastante Pop e aos poucos muitos pedidos inusitados chegavam. Lembro de dois colegas que pediam “Never Give Up On The Good Times” e “Who Do You Think You Are” das Spice Girls, me pediam Charli XCX, Tove Lo e isso foi me motivando a sempre tentar levar o máximo de Pop pra tocar, principalmente se tocava antes das 3h da manhã nas festas.

Essa ideia de “conceito” chegou até mim em uma festa chamada LDRV Party, na qual eu dividi um set improvisado com um DJ de São Paulo, chamado Bruno. Enquanto meu set tinha no máximo uma Bjork e algum Lado B de Spice Girls, ele sugeria da gente tocar algumas canções BEM alternativas para a pista. Lembro de “Off to the Races”, da Lana del Rey, “Doooo It”, da Miley Cyrus e por aí vai. Hoje chegam até ser músicas bem conhecidas, mas na época, em que o maior hit era “Loka”, da Simone e Simaria e Anitta, era um risco uma pista cheia ouvir um som assim.

Eu lembro que no fim fizemos uma mistureba de som, era Lana e em seguida “Wannabe”, Clarice Falcão e Robyn, enfim, foi uma bagunça, mas foi o set que me fez ter bastante vontade de tocar os dois estilos. O Melodrama, da Lorde, também foi um divisor de águas nessa ideia de brincar com hit e pouco conhecido. Eu toquei “Green Light” no dia que essa música saiu la no SoHo Bar e só uma pessoa conhecia. Hoje em dia, eu amo misturar os dois, inclusive, recentemente no Oloo Bar joguei “Track 10”, da Charli XCX e foi um momento. E lembro que nesse mesmo dia uma moça implorava pra eu tocar algo dos anos 1990 por estar com uma camiseta das Spice, então acho que tento transmitir o máximo que dá pra viver esses dois lados do Pop e aproveitar bem.

(Acervo Pessoal/Reprodução)

Victoria: Você passou dois anos lá no Japão. De que maneira a sua estadia nesse país influenciou a sua maneira de enxergar as festas atualmente?
Bortoli: Então, essa época do Japão foi um pouco dolorosa pra mim, sinceramente. Foi em 2019 e eu já tinha saído um pouco de cena como DJ, mas eu continuava atuando muito ativamente como produtor; todos os meses praticamente. E eu produzi muitas festas legais nessa época, exceto uma que a minha parceira de produção Isabela Imazu odeia. Minha família foi embora do Brasil em 2017, atualmente da família só tenho uma pessoa no país, lá no Pará. Eu sou descendente de japoneses, sou sansei para ser mais exato, mas tive pouco contato com a cultura conforme fui crescendo. Quando eles se estabeleceram lá, veio um convite para intercâmbio, e no primeiro momento eu não levava muito a sério e ficava “ata, claro, um dia vou”, imagina, ir pro Japão? Meu dinheiro não chegava nem perto de pagar muita coisa além de algumas despesas. Mas o convite foi ganhando forma até ver que poderia ser algo bom profissionalmente e pessoalmente pra mim.

Não é muito fácil ter 20 anos e estar longe de todos seus parentes, ainda mais eu que vivia muito em festas e não tinha tempo pra relacionamentos, acabava ficando solitário muitas vezes. Quando aceitei e me despedi dos meus amigos, eu fiz um evento para quase quatro mil pessoas. E foi uma facada no coração. Acho que nunca comentei muito sobre, mas eu me sentia muito mal por parecer que estava abandonando tudo, principalmente minhas parcerias. Eu lembro que nessa época, o Wellington, principalmente, já era muito respeitado e a Imazu era muito, muito disciplinada, e levava muito a sério produzir eventos, e nesse dia em específico foi muito especial.

Eu tinha comentado sobre os Popolins no início da entrevista, nessa minha última festa o Gui Popolin tocou, estava vestido de Britney, comprou Corote de Pêssego e lembro que ele tocou “God Control”, da Madonna, em uma caixa muito alta, foi bem especial. Neste último dia também as Triniz tocaram, já estavam inserindo um Pop Conceito que se tornou mais bem aceito, como Kim Petras (que hoje já é bem Bubblegum Pop). Meu último set no Brasil foi na festa Guerra do Pop! Frootaria vs Pop It, que aconteceu no NYL Prudente. Foi um set gostoso pra dançar, inclui muita canção que foi lançada na época, porém com aquele gostinho amargo de despedida.

Mas estando no Japão, eu perdi muito contato com discotecagens e eventos. Meu máximo era assistir a vídeos e escutar áudios que amigos mandavam, além das redes sociais que eu podia acompanhar. Foi bem triste porque eu vejo como o fim de 2019 foi especial para fãs de Pop em Londrina, mas ao mesmo tempo foi muito importante estar no Japão pois eu tive muito, muito tempo para estudar o público e estudar a música.

Foi uma época análitca, praticamente. Da minha cidade para a escola que estudava levava quase duas horas de deslocamento entre ida e volta; era o tempo que mergulhava no mundo Pop e nos estudos. Eu cometi alguns erros de longe, às vezes apostando em coisas que não davam certo, mas praticamente consegui construir personas de eventos, mapeamento de músicas e momentos, naquela época funcionou bastante e até hoje eu consigo aplicar um pouco do que fui aprendendo, às vezes alguém vem me pedir opiniões e visões, e muitas vezes acabo quase “prevendo” o que ocorrerá, algo bem investindo em renda variável.

(Acervo Pessoal/Reprodução)

Victoria: Você chegou a tocar na pandemia, em Março, numa festa online chamada iFroot. Foi legal essa reaproximação com o mundo das discotecagens, mesmo que de longe?
Bortoli: Foi muito bom, apesar de ser dentro uma época muito difícil para todos. Naquela época já estava isolado, pois o Japão encerrou as aulas no último dia de fevereiro, então foi uma reaproximação com pessoas no geral. Lembro que fiz um set bem bagunçado musicalmente, tinha “Stupid Love”, da Lady Gaga, que havia acabado de sair na época, toquei meu xodó “All I Want for Christmas is You”, da Mariah. Não segui uma proposta linear, já que não teria uma controladora ao vivo, pensei no set como uma celebração do que a Frootaria era e como ela fazia falta para quem estava ali, online, tentando viver um pouco além de acompanhar as notícias trágicas, que só tendiam a aumentar. Depois desta edição, só voltei a rever uma controladora em dezembro de 2021, quando abri rapidamente o Ensaio Técnico da Frootaria enquanto o primeiro DJ não chegava.

(Acervo Pessoal/Reprodução)

Victoria: Depois do Japão, você voltou para Londrina e de vez em quando toca em festas. Qual a diferença daquela época de 2016 para hoje?
Bortoli: A diferença daquela época de 2016 pra hoje tem um nome que começa com “Froot” e termina com “aria”, vamos ser sinceros. (risos) Mas falando sobre mim, nesses seis anos, acabei me desapegando um pouco desse conceito trash e fui me “especializando” em Pop e Pop Alternativo, Internacional e Nacional também. O cenário atual envolve mais Pop atual, desde Renaissance até “Cachorrinhas”, da Luísa Sonza. Mas gosto muito, muito de anos 1970, 1980, 1990 e 2010-2012, nesse caso, pensando mais Pop Alternativo, como Nicola Roberts. Apesar de concordar com muita gente que diz que ninguém aguenta mais “Crazy In Love”, eu acho que esse movimento anti-hits antigos acabou afetando muitos clássicos.

“Running Up That Hill” ter viralizado este ano foi muito importante para DJs que gostam de abordar um som mais antigo, por exemplo. Lembro que a única vez que ouvi Kate Bush por aqui foi com o Walter Closs em uma Frootaria. Acho que uma diferença daquela época pra hoje é que o TikTok está trazendo muitas músicas antigas e abrindo esse espaço para revivê-las. Felizmente, o presente nos faz lembrar que é sempre legal pensar em futuro olhando pro passado, amém pela Beyoncé e também a Gaga, The Wekknd e todos os artistas que abordaram Disco e Synth nos últimos anos. Hoje eu também gosto muito de tocar artistas que não possuem muito lugar em outros sets, às vezes pelos ritmos lentos. Sempre que posso, vou acrescentando artistas como Robyn, Phoebe Bridgers, Mitski, Sky Ferreira e até alguns artistas antigos que não possuem tanto espaço, “Maria”, do Blondie, é uma das músicas que sempre está no meu pendrive esperando seu momento.

(Acervo Pessoal/Reprodução)

Victoria: Então, o que podemos esperar do seu set na Apoptose?
Bortoli: Bom, eu não sou bobo, eu vou agradar primeiro os produtores do evento se não eles não me chamam mais para tocar, então preciso ter o foco pra saber que não vou os desagradar (risos). Brincadeiras à parte, estou estudando bastante para a Apoptose, quero tentar fazer uma linha do tempo do Pop, sem muita linearidade, acrescentando várias décadas do Pop. Eu gosto muito de Pop atual e acho que todo Pop atual tem uma referência ao passado, então vou sempre tentar conectar uma música comtemporânea com uma dos anos 1980 e 1990. Também vou ficar de olho no que pedirem no Instagram da Apoptose, né? Tem sempre uma caixinha de perguntas, vou dar uma stalkeada e tentar descobrir pra agradar o pessoal. Eu particularmente gosto de fazer e ver as pessoas dançarem, eu gosto de fazê-las reconhecerem uma canção que adoram, mas também de ver alguém abrindo o Shazam para descobrir uma música que toquei.

Victoria: Para finalizar, você foi o último DJ anunciado. Gostaria de dar um último recado para convencer o pessoal a ir para a festa?
Bortoli: Que responsabilizadade, hein. Difícil… Mas acho legal dizer que os sets se resumem em dança, celebração e descobertas. A Apoptose vai ser uma festa muito legal, muito focada em variar os ritmos do pop, então quem gosta de Pop, apenas vá! Será uma grande celebração da história do Pop. Por mim, Londrina teria uma festa Pop por semana no mínimo, então se você gosta do gênero, compre ingresso, sempre tem muita tentativa de produzir festas desse estilo, não só da Apoptose, nós temos muitas festas aí acontecendo, grandes ou menores, que valem a pena conhecer ou reconhecer.

Vamos pra Apoptose?  Garanta seu ingresso por R$15 na plataforma Na Muvuka. Para mais informações sobre o evento, siga o Instagram oficial.

Tags: , , , , ,
24 anos. Jornalista com interesse em Estudos Culturais. Cohost do podcast Cadelinhas da Indústria Cultural. Fã de artes em diversas mídias, tentando acumular o maior número de hobbies possíveis.