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TRINIZ: como a dupla reinventou e reforçou que ser DJ é uma arte (Artigo e Entrevista)

No auge do sucesso e após 4 anos do debut, a dupla de DJs Triniz discorre sobre o início, front, polêmicas, fanbase e hyperpop

Publicado em 3 de junho de 2022, por Entrevistas, O Pop de Londrina

ARTE: habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional.

Quanto custa fazer história e marcar uma geração? Fiz essa pergunta nos últimos meses, enquanto estive acompanhando de perto a dupla Triniz. Luiza Diniz, 27, e Giovanna Triani, 25, debutaram como DJs em maio de 2018, e desde então constroem uma carreira e um legado como dupla nas discotecagens. Com passagens nas principais casas noturnas, bares e chácaras de Londrina e região, as Triniz atingiram o ápice do sucesso em 2022, quando, após a pandemia, sua base de fãs aumentou estrondosamente. Nossa entrevista foi negociada durante alguns meses, pois é dever do Portal Pop3 fazer jus a uma dupla tão amada (e odiada) na cidade. E caso você não seja de Londrina ou do Paraná, prepare-se para uma jornada escrita com muita informação sobre esta cidade e como a música Pop é importante em eventos.

(Portal Pop3/Reprodução)

No último sábado, 28 de maio, Londrina foi agraciada com o retorno do Churrasco de Design. Meio churrasco, meio cervejada, meio recepção de calouro. É difícil definir o evento. Em minhas pesquisas em 2021, nos primeiros meses do Portal e buscando pautas para abordar na série “O Pop de Londrina“, me deparei com algumas pessoas que participaram da organização do Churrasco durante a última década. Até onde descobri, o evento rola desde meados de 2006 e o primeiro registro on-line de duas edições por ano, veterano e calouro, começou por 2012, sendo este o padrão que segue até hoje.

Uma das headliners da edição 2022.1 foi a dupla Triniz, que completou quatro anos de existência no último dia 26 de maio, quando realizamos nossa entrevista. Apesar de poucos dias atrás, parece uma eternidade ao pensar na repercussão que o evento obteve nos últimos dias. Mas este não é um espaço para negatividade, e para não parecer que sou um paneleiro que irá forçar um gênero na goela de jovens de 25 anos, indico a leitura dos materiais que produzi para o Portal Pop3. Indico principalmente minha coluna “PROMO SAMPLE – A História de Uma Música“, que já contou com textos sobre as Spice Girls e SOPHIE — farofa e hyperpop lado a lado, do jeito que amo.

A Farofa de Londrina

Se você é muito jovem ou não conhece o cenário noturno londrinense de (quase) dez anos atrás, vou contar sob minha vivência como enxergava os roles antigos. Minha primeira festa em Londrina foi em 2014, no antigo NYL Club. Recém-completado 18 anos, não fazia ideia nem de como me comportar em uma boate. Já era frequentador de bares como Jota, WARM e Barbearia, mas ir para uma casa noturna era outro nível. Quando entrei, me deparei com outro universo. Era tudo escuro, exceto pelo jogo de luzes no centro do salão (num estilo tapete elevado que mudava de cor), e muita gente dançando ou tentando dançar. Da noite, duas músicas me marcaram: “Venus” (Lady Gaga) e “Something New” (Girls Aloud).

Em seguida, conheci a Terça Tilt, e passei a frequentar os dois lugares. Nesta época, os headliners dos eventos eram DJs como Rafael Lepri, Iakyma Lima, Mari Marques, Bari e Nelo. Uma grande tendência da época era uma linha do tempo musical quase dominada pelo pop mainstream, mas além deste cenário, duas abordagens alternativas se destacavam: o eletrônico, com festas temáticas aos sábados, e o Indie Rock, o “patinho feio” da cena musical londrinense. Em algumas festas, este gênero dominava mais da metade do tempo, e pelo final, um pouco de Pop era concedido aos mais esfomeados.

(Terça Tilt/Reprodução)

Este cenário mudou um pouco em 2016, quando, ao meio dos álbuns Lemonade (Beyoncé), ANTI (Rihanna) e Joanne (Lady Gaga), o Bubblegum Pop da vez era protagonizado por Demi Lovato, Little Mix, Ariana Grande e Meghan Trainor. O Funk foi impulsionado por “Vou Desafiar Você” do MC Sapao e “Bang” da Anitta. Mudou mais ainda posteriormente, quando a música Pop ganhou mais espaço e a música alternativa voltou a ser tendência em alguns eventos.

Estas fases em rolês tiveram algo em comum: um embate do público, entre aqueles que concordavam com as mudanças de estilos musicais, e aqueles que as condenava. Em minha experiência pessoal, como DJ, vivi duas situações bem relevantes: uma manifestação pessoas que condenavam músicas trash, principalmente anos 90, e pessoas gigantes do cenário noturno que criticavam o “pop que ninguém conhecia” — dois exemplos que nunca esquecerei: “Green Light”, de Lorde, e “Ray Of Light” de Madonna. Pasme, “Green Light” já foi uma música que ninguém conhecia.

A música Pop e suas mudanças

Mudanças nos estilos musicais do gênero Pop não são novidades. No início dos anos 1980, o ABBA vivia a decadência da música pop lançando um álbum que praticamente era um velório antecipado — The Visitors. Alguns anos depois, o trio Michael Jackson, Madonna e Cyndi Lauper ditaram uma renovação na música Pop, tornando mais visual, pegajosa e polêmica. Logo, Whitney e Janet entraram no mundo da música com os pés direitos e Mariah Carey e Céline Dion anunciaram que parte dos anos 90 teria uma faceta romântica para o Pop. Nem todas essas mudanças foram bem vistas. Especialmente quando pensamos em Madonna, que em poucos anos de carreira já abordava temáticas como aborto e críticas à igreja católica.

(O strike vindo aí/Reprodução)

Trago um exemplo de como uma novidade pode incomodar e muito: em 1998, a revista Veja definiu o Ray Of Light, de Madonna, como “para boi dormir”. Em um parágrafo, o novo gênero que Madonna abordava, “new age”, era definido como “aquela música cheia de climas oníricos, para relaxar e meditar. […] A cantora combina com os sons do tecno, corrente da dance music que abusa dos efeitos eletrônicos para fazer os ouvintes dançarem como robôs. […] Tudo no disco soa postiço e, o que é pior, as músicas são muito arrastadas e chatas. Fica-se com saudades dos velhos tempos, atrevida e escrachada. Não que seus discos fossem grande coisa em termos musicais. Mas pelo menos eram divertidos.”. Após um ano desta crítica, Ray Of Light ganhou quatros prêmios no Grammy Awards e o álbum segue até hoje sendo um dos mais aclamados de sua carreira.

Mais recentemente (a partir de 2013), um estilo musical que conquistou um público no cenário underground da música pop foi o “Hyperpop”. Anteriormente chamado erroneamente de PC Music (que, na verdade, é o nome de uma gravadora), o estilo ganhou notoriedade com lançamentos de artistas como SOPHIE, 100 gecs, A.G. Cook e Charli XCX. Embora estes artistas definam o gênero hoje, o Hyperpop vem sendo indiretamente desenvolvido desde 2011.

Contar a  história do Hyperpop precisaria de mais alguns bons parágrafos, então resumirei em poucas palavras: este gênero foi desenvolvido a partir de 2013, ganhou mais espaço com a gravadora PC Music e hoje conquistou uma base de fãs fiéis. Ele basicamente desconstrói o bubblegum pop dos anos 90 e 2000, com misturas sonoras estranhas e sem tanta conexão imediata. Curiosamente, antes mesmo da gravadora PC Music ser debutada, alguns produtores começaram a brincar com instrumentos, sons estranhos e vozes alteradas, como “How I Roll” de Britney Spears, considerada pela Billboard como uma canção caótica e precursora do que seria o PC Music/Hyperpop.

Não dá para negar: o Hyperpop realmente é tudo aquilo que falam. Um misto de sons estranhos, vozes distorcidas e uma bateção de panela e ritmos desconexos. Fato: não dá para manter um mesmo ritmo relevante por tanto tempo. E a novidade nem sempre é algo bem-visto. Tem gente que até hoje considera Björk uma doida varrida que só sabe gritar, sendo que seu primeiro álbum é quase uma obra-prima pop levemente alternativa, e a mesma já declarou se considerar uma cantora pop. E cá entre nós: ela é quase uma Britney Spears do “mundo conceitual”.

Vivenciamos atualmente o ouro do Hyperpop, assumidamente amado e odiado, e cada vez mais ganhando espaço no Brasil e mundo. Por aqui, o festival Primavera Sound anunciou atrações que abordam o gênero, como Charli XCX, Caroline Polachek e ARCA. E aqui em Londrina — Paraná, uma dupla londrinense que foi precursora do ritmo em festas. A primeira se chama Tri, a segunda, Niz.

(Triniz/Divulgação)

Uma junção após um tempo experimentando sons sozinhas, o duo Triniz foi consequência de duas mulheres que conversavam sobre músicas que não eram abordadas em festas londrinenses. Após muitos rolês e algumas discotecagens solos, elas se tornaram uma dupla e a voz de meia dúzia de jovens que em 2018 estavam cansados de “Bad Romance“. Hoje, a meia dúzia cresce gradualmente a cada mês.

Exatamente 4 anos após seu debut, conversei, no último 26 de maio, com a dupla. Era uma entrevista planejada por alguns meses, mas que não havia sido formalizada. A necessidade bateu na porta quando o duo recebeu uma das missões mais importantes da carreira: tocar no Churrasco de Design 2022.1. Eu, como fã e amigo da dupla, conversei sobre variados assuntos (que precisarei contextualizar). É uma conversa longa, mas que expõe a genialidade de duas mulheres que contam com um amor por parte do público que fazia tempo que não acontecia em Londrina (PR).

Eu estive presente no Churrasco de Design, e devido aos acontecimentos posteriores, preciso avisar: esta entrevista não é indicada para quem vem espalhando ódio a respeito da dupla. Esta entrevista, assim como qualquer outra realizada com qualquer artista nacional e internacional, tem um único e exclusivo motivo: celebrar a arte que produz.

Triniz: como a dupla reinventou e reforçou que ser DJ é uma arte

Pelo amor de Deus, não me xingue por dizer que ser DJ é uma arte. Eu tenho um ponto e vou provar (ou talvez só seja um bait para você ler tudo que a Triniz têm a dizer). Mas para começar a falar sobre Triniz, preciso voltar para 2016. Na época, quem tinha mais de 18 anos se deparou com um nome na tela do computador e celular quando via algum flyer (pôster) de festa: Popolins.

(Popolins/Reprodução)

Um dos maiores fenômenos na noite londrinense dos últimos anos, Guilherme e Vinicius Popolin são irmãos e trabalharam como DJs por alguns anos. Com uma proposta musical que misturava atualidades e uma boa dose de nostalgia, seus sets — nome para o ato de dar play nas músicas e mixar — eram marcados por uma mistura do Brasil com o Egito, coreografias e músicas que você sabia a coreografia e estava bêbado o suficiente para dançá-las. Na época, virei fã da dupla a ponto de ser ouvido quando pedi duas músicas e eles prontamente toparam tocar: “Planeta Xuxa” e “Nova Geração”, ambas canções noventistas que provavelmente só eu sabia cantar.

O impacto da dupla foi tão gigantesco que eles se tornaram residentes (DJs fixos) do NYL Londrina, e eram figuras requisitadas em cervejadas como Churrasco de Design e Cecê Bebi. O sucesso era tanto que ambos eram aplaudidos na maioria de seus sets e mantinham o público na pista até os minutos finais. Eu e meus amigos, na época, criamos uma piada interna quando vinha a indagação sobre sair no fim de semana, e sempre alguém dizia “vai ter Popolins?” para decidir onde ir. Íamos onde eles estavam.

Em atividade até 2018, o duo Popolins foram um dos DJs que presenciaram uma transição de gerações nas festas londrinenses: o espaço para músicas eletrônicas e trash estavam praticamente inexistentes. E, quando menos perceberam, a repercussão ao tocar Chiquititas ou Eliana era praticamente nula. A nova geração vinha mais Pop, Funk e Alternativa. Era o ápice do Pop Nacional, que rendeu até espaço o retorno do Rouge, e a “Drag Music” nos presentava com canções icônicas de Lia Clark, Aretuza Lovi, e até na região do norte do Paraná ganhamos os hits “Erva Natural” e “Close” de Ariel Trippy, e “Não Mais” de Khloe.

Encerrando as atividades no ápice da dupla, hoje Popolins ocupada um espaço no coração e na memória dos fãs — eu incluso. As músicas que tocavam é praticamente inexistente nas festas de hoje, ou pelo menos com a mesma movimentação que conquistaram. Havia uma sagacidade da dupla em misturar interludes, intros, músicas ao vivo, décadas, nacionalidade e Britney Spears. Além das músicas, muita performance, interação com o público e a sensação de ver dois artistas performando músicas que ensaiaram e estudaram em casa.

(Triniz/Divulgação)

Tudo na vida passa, e em Londrina o som noventista se resumiria em festas temáticas, e ritmos como funk e sertanejo se tornaram tendências em festas gerais. Hoje, rolês como Terça Tilt, Puppets e We Love 90’s continuam firmes por mais de uma década, mas outras festas novas e semi-novas como Dumb, Pimps, Coven e aquela das frutinhas representam uma nova geração de produtores e públicos, não tão apegados com Sandy e Junior, como minha geração. No lugar, vivem uma sede por celebrar as músicas que não tiveram a oportunidade de dançar durante a falta de eventos devido à covid-19, e outras canções e artistas mais recentes. Porém, a movimentação ao redor da dupla Triniz me lembra exatamente do que vivi com os Popolins anos atrás:

  1. Uma base de fãs que as seguem por cada evento, entendem o som abordado e até sugerem músicas para abordarem;
    Esperam por músicas específicas. Mas ao invés de Lua de Cristal, teorizam se terá Vroom Vroom;
  2. Músicas não tão convencionais. Pode parecer chocante, mas tinha gente que revirava os olhos com Ragatanga, mesmo tendo sido lançada 13 anos antes. Em comparação, seria alguém hoje revirar por tocar… Bad Romance;
  3. Sets performáticos e interativos;
  4. O nome ser tão forte que ganham espaços maiores. Enquanto os Popolins foram sensações de cervejadas, as Triniz estiveram em duas edições envolvendo Hyperpop em uma balada grande.

E para finalizar, o que há de mais comum em ambos os duos: discotecar era muito mais do que dar Play e Cue. Os sets nunca são iguais, as roupas quase não se repetem, o palco é usado para dançar e pular, a troca de olhares entre público e DJ são gigantes, além de cantar cada verso da canção. Claro, os haters também são um ponto em comum.

Acompanhei as Triniz por quase seis meses, desde a reestreia nos palcos em dezembro de 2021. Posso dizer: elas são um fenômeno e um acontecimento na noite londrinense. Você, leitor, pode não ser fã do som que elas produzem, mas você sabe quem são elas, o rosto, o estilo de música e até quem está na frente do palco dançando. Mesmo atuando exclusivamente em Londrina, o perfil profissional da dupla já conta com 500 seguidores. Não é um número gigante se comparado com os maiores DJs da atualidade como Daniel Queiroz e Juice, mas para uma cena alternativa e em constante evolução. E caso você nunca tenha vivenciado o que é Triniz em uma festa, o vídeo a seguir resume a energia caótica:

Muito textão, que sede. Confira a seguir a entrevista que realizei com a dupla. Alguns avisos: a entrevista está longa, vale muito a pena. Por ser uma grande leitura, selecionei especialmente a playlist do set que a dupla abordou no último Churrasco de Design para relaxar seus ouvidos. Outros vídeos estão anexados para ilustrar e contextualizar algumas falas da entrevista. Mais uma vez, a entrevista foi realizada no último dia 26 de maio, exatos quatro anos da primeira discotecagem. Ofensas e ataques a partir desta postagem estão sujeitas à medidas jurídicas. Respeitar.

PARTE 1 – O INÍCIO

Matheus: Vocês já me conhecem, mas eu sou o Matheus, hoje vou estar a frente da entrevista em nome do Portal Pop3, e que honra receber esse duo! Primeiramente: vocês acreditam que a nação Triniz — seus fãs — possuem ideia de como é a história de vocês?

Giovanna (Tri): Acho que algumas pessoas têm ideia. Elas nos conhecem faz tempo, mas imagino que a grande maioria talvez não tenha ideia [de como é a história], pois são pessoas que conheceram a gente depois da pandemia. Essa é a visão que eu tenho…

Luiza (Niz): Eu concordo. As pessoas que eram mais próximas sabem, né? Por serem pessoas mais chegadas mesmo, que acompanharam a gente antes da pandemia e tal… Mas tivemos um crescimento na pandemia. Então acho que existe uma divisão de antes e depois, não sei se posso dizer exatamente isso, mas depois da pandemia as pessoas que começaram a acompanhar a gente.

Matheus: Pra começarmos a falar da história da Triniz, gostaria de entender vocês individualmente. Quem são vocês fora da dupla? Trabalham com outra coisa, estudam ou já se dedicam apenas a carreira de dupla?

Giovanna (Tri): Nossa, difícil essa pergunta. Fora da dupla eu trabalho, tenho um outro emprego numa agência. E sou formada em Letras.

Luiza (Niz): Quem dera poder trabalhar só com isso! Mas seria um sonho se discotecagem fosse minha renda principal, sabe? Trabalhar só com isso, pra poder dedicar cem por cento do meu tempo, mas não é realidade, né? Hoje sou formada em Artes Visuais, mas eu não trabalho com isso, trabalho com atendimento ao público. Quando sobra um tempo, sempre que sobra, a gente se dedica a carreira de discotecagem. Pra estudar, pra pegar novas referências sempre. E quem sabe um dia a gente consiga fazer com que discotecagem seja o nosso principal trabalho.

Giovanna (Tri): E acho que quem eu sou fora da Triniz é uma pergunta difícil, porque a Triniz dominou minha vida, sabe? É difícil responder essa pergunta no momento. E eu não estou falando disso de um jeito ruim, estou falando isso de um jeito bom. Acho que fora da Triniz, no momento que a gente está, eu nem tenho fora da Triniz.

Luiza (Niz): Complementando com o que a Gi falou, eu também não consigo me ver mais dessa forma sabe? Porque existe a Luiza [pessoa] e existe a Niz [artista]. Assim como eu imagino que tem a Gi e tem a Tri. Só que as duas coisas parecem que já é parte da gente. Fora palco, fora da noite, da mesa de discotecagem e tipo a gente é uma coisa, e ali é outra.

Matheus: É bem perceptível como vocês são próximas, principalmente na movimentação do insta e os própries stories de vocês. Como se conheceram? Se lembram das primeiras trocas de ideias só como amigas?

Giovanna (Tri): Nos conhecemos em 2014. Eu fazia Letras na UEL [Universidade Estadual de Londrina]. Tinha uma amiga que morava em Assis, e essa amiga tinha outros amigos de Assis. A Luiza era uma dessas, tá ligado? Eu lembro que uma das primeiras interações que a gente teve sozinhas foi no Facebook, comentando sobre uma música do Tyler, the Creator, a música era “I F*cking Hate You”. Ao vivo nossas interações era em grupo. Depois dessa conversa, viramos amigas e próximas, sendo assim desde então.

Luiza (Niz): A gente se conheceu na UEL em 2014, eu fazia Artes Visuais e ela Letras. A gente dava bastante rolê no beco. Aconteceu bastante coisa nessa época, tivemos um pequeno hiato na convivência, mas nossa amizade se firmou em um Churrasco de Design, quando conversamos sozinhas, e depois mais pra frente foi surgindo a ideia de da dupla. A Gi antes tocava sozinha, mas sempre trocávamos ideias em relação a músicas. Sempre foi uma coisa que a gente teve em comum. É isso.

(NYL/Reprodução)

Matheus: A Luiza já citou sobre discotecagem, então vou entrar nesse tópico: lembram como surgiu a ideia de tocarem juntas? E quando foi a primeira vez?

Luiza (Niz): A Gi começou a discotecar sozinha, e sempre tivemos a música como uma coisa que nos uniu. Um dia cheguei nela e falei: “meu, o que você acha da gente começar a discotecar juntas?”, daí ela topou e foi meio que seguiu dessa forma.

Giovanna (Tri): Eu lembro que eu estava tocando sozinha. Toquei uma vez na Puppets, o Edy [Savage] me chamou. Olhando hoje em dia o set foi uma bosta, foi horrível, uma merda, mas ainda bem que ele chamou e passei por isso. Depois toquei em uma outra festa, Frootaria: Os Feirantes de Branco, foi quando ela [Luiza] falou pra fazermos um set juntas pra tocar. Falei: “ah, vamos ter que achar alguma festa que aceite a gente”, daí lembro que tocamos em um flash day num estúdio, que não existe mais, de tatuagem, e tocamos músicas no MacBook para as pessoas que estavam lá, porém nem conta muito porque foi no Spotify, só fizemos uma playlist e apertamos play.

Luiza (Niz): Se não me engano, a primeira festa “FESTA” que tocamos juntas foi no NYL, em uma festa da Lady Gaga [Oh My Gaga! #01], o Caê [produtor de eventos] que coisou lá pra gente tocar.

Giovanna (Tri): E amigo, na época foi na pista de fora, que nem existe mais. Na época o Caetano estava fazendo muitas festas lá e ainda teve uma outra festa que tocamos músicas dos anos 2000, que era tipo temática da MTV.

(Puppets/Reprodução)

Investiguei a timeline, e as primeiras festas da “era pré-Triniz” rolaram entre maio e julho de 2018. Além da “Oh My Gaga!”, elas também tocaram nas festas “Puppets: Crybaby”, “Waka Waka (This Time For SoHo Bar)” e “I Want My MTV”. Percebi que em todas essas edições o nome da dupla não era muito definido, às vezes sendo anunciadas como “Gi Triani e Luiza Diniz”, “Triani e Diniz” ou “Giovanna Triani e Luiza Diniz”. As questionei quando surgiu o nome “Triniz” e quando bateram o martelo que esse seria o nome de fato:

Giovanna (Tri): Amigo confesso que isso é uma confusão na minha cabeça. Existiam pessoas na época [2018] que me chamavam de Triani, quando a Luiza me conheceu ela também me conheceu por Triani, só que ninguém nunca chamou ela de Diniz, era Luíza. E a gente [na época] nunca conseguia encontrar um nome [pra dupla]. Quando começamos a tocar, nas primeiras festas a gente ainda não tinha nome, então sempre mandava [para os produtores incluírem na arte] “Triani e Luiza”, ou “Giovana e Luiza”, algo assim. Até que um dia a gente estava bêbada em algum rolê que não estávamos tocando e alguém falou “ah, e se vocês juntassem o nome de vocês”.

Luiza (Niz): A gente estava pensando que precisa de um nome pra nós duas, né? Porque tipo, sei lá, era uma coisa que a gente gostava [ser DJ] e queria fazer, então pensamos que precisava de um nome. A gente pensou em vários, não lembro muito bem como chegou a conclusão, se foi eu, ela ou nós duas, mas Giovana e Luiza era uma coisa que não ia dar certo, tentamos nomes de “shipp”, só que tipo: Giovana + Luiza = Luana (risos), não ia dar certo. Aí pensamos nos sobrenomes e que tinha sonoridade muito massa e muito foda.

Matheus: Mas foi o nome certo, icônico demais. Olhando os flyers dos primeiros eventos, vocês foram de Gaga pra Eletrônico pra Copa de 2018 e ainda um pouco de nostalgia MTV, são muitos temas e ritmos em pouco tempo. Vocês lembram quais músicas faziam parte dos seus sets? Como era feita a seleção?

Luiza (Niz): Pelo que me lembro, a gente gostava de uma coisa meio nostálgica desde sempre, então… nossa amigo, que pergunta difícil (risos). Mas era bastante música dos anos 2000, e misturando um pouco de música recente. Lembro que a gente gostava muito de falar sobre música, então os sets era bem doideiras. Na Puppets lembro que a gente tocava Crystal Castles, Grimes, mas também tinha uma pega nostálgica, “Like a G6”, Summer Eletrohits, sempre gostamos de tocar. Mas nossa, que pergunta difícil, preciso da Giovanna pra me ajudar.

Giovanna (Tri): No começo a gente ia em qualquer festa que chamassem a gente, e a seleção que fazíamos no começo era pensado em “vamos tocar tal gênero, e esse subgênero”. Quando eu comecei a tocar, queria abordar algumas que ouvia na minha casa e não ouvia no rolê, e a Luiza também queria tocar músicas que ouvia na casa dela, então a gente juntava essas ideias, o gosto musical dela e o meu. A gente não criava um conceito só, e sim juntávamos qualquer coisa que ouvíamos, tipo “quero ouvir essa da Beyoncé que nunca vi em nenhum rolê”. Era aleatoriamente, e fazia um set que combinasse mais ou menos.

(Churrasco de Design 2019.1/Reprodução)

Matheus: Da primeira era Triniz, pensando entre 2018 e início de 2020, quais são as principais lembranças que possuem das discotecagens e festas? Como era a interação de vocês com o público, produtores?

Giovanna (Tri): Infinitas memórias, infinitos comentários, infinitas coisas. Vou tentar fazer em tópicos, primeiro eu vou fazer a relação com o público. Começamos a tocar em festas com o público [apoiando e dançando] na Dumb e na Frootaria, pois antes às vezes por ser em pista externa ou horário muito tarde ou tinham poucas pessoas, ou elas não estavam muito na vibe. Eu diria que as memórias boas antes da pandemia foi num dia da Puppets que a gente tocou quatro horas da manhã, no 277 [antigo bar da cidade] e tocamos “Blue Monday”, lembro que foi uma vibe, gostei muito desse dia.
Outro dia muito legal foi na cervejada da Frootaria, foi muito, muito legal esta cervejada. Foi uma das primeiras vezes que a gente tocou num set que as pessoas interagiram e gostaram, principalmente quando tocamos Carly [Rae Jepsen] e as pessoas gostaram e cantaram. Nessa época as três principais festas que tocávamos era na Dumb, Puppets e Froot, então também depende de qual a festa tocava pra falar isso [interação], sabe? Eu sinto que a gente se dava melhor quando não era em baladas, nesses lugares a interação era muito difícil, o público desses lugares já vão pra festa esperando um certo tipo de coisa, com certa expectativa.
E às vezes a gente [Triniz] era uma quebra de expectativa. Eu lembro que nessa época foram reclamar da gente no Maximo Villa, tá ligado? Rolava isso. Na Dumb era legal porque era um público que curtia Rap, Hip Hop e R&B, e a gente tocou bastante isso em 2018 e 2019, pois a música Pop estava nessa era também. Na Puppets também era um pouco difícil pois a gente tentava fazer algumas coisas diferentes e o público sempre na expectativa de ser uma techneira, então às vezes não gostavam. Mas, em todas as festas, diria que a gente tocava coisas que as pessoas não esperavam ouvir.

Luiza (Niz): Falar real: no começo era mais difícil. Quando a gente viu que era um negócio que a gente queria fazer, que realmente amava, acaba sendo mais difícil, pois você bota todo um amor no negócio e a gente sempre acreditou, muito, muito no que queríamos propor e trazer enquanto discotecagem, e no começo as pessoas não curtiam muito [as músicas] não, então acabamos tocando pra pista vazia. A gente lotou muito fumódromo, né, e já aconteceu dar vários BOs, já aconteceu de colar polícia e a gente tinha que parar o set na hora.
Mas em relação ao público no começo era mais difícil, mas algumas pessoas gostavam, sempre tinha algum que falava “nossa você tal música, que legal”, e a gente sempre quis mostrar coisas novas pro público. Eu lembro muito da Frootaria no Zerão 2, foi muito foda, uma das memórias mais daoras. Meu, o público era muito grande, tinha muita gente na arquibancada. Lembro de pessoas falando “Meu Deus tá tocando Kim Petras”, e foi marcante. Isso é uma lembrança que tenho muito carinho, mesmo.

(Frootaria/Reprodução)

Giovanna (Tri): E como os produtores, eu não tenho o que dizer, sabe? Porque, na verdade devo tudo a quem nos deu oportunidades. O Edy [Puppets] sempre deixou a gente tocar livremente, já fizemos sets horríveis e ele sempre nos chamou, as pessoas reclamavam da gente no Maximo Villa e o WETTO [Frootaria] sempre nos apoiou e chamou novamente, mesmo quando as pessoas xingavam. O Caetano [Dale Produções] no começo [da dupla] sempre dava chance e chamava pra ir tocar. A Maria Alice [Dumb] continuou nos chamando quando trocou de local. Sempre foi uma galera de produção que tivemos contato. A gente só tinha um sonho e uma vibe.

 

Na próxima parte da entrevista cito um assunto delicado: em 2019, a dupla, junto a outros DJs como Licas XCX, foram alvos de ataques no Twitter. Por estarem fazendo um som um pouco mais alternativo e envolvia muitos lançamentos e músicas novas, as pessoas que gostavam de um pop comercial ou mais nostálgico não recebia muito bem, a ponto de xingá-los publicamente. Uma das situações mais desconfortáveis e desrespeitosa desta fase foi quando uma pessoa chamou eles de “lotam fumódromo” — uma referência citada anteriormente e acabou sendo uma piada interna entre eles e posteriormente com o público, dando outro significado ao xingamento.

Na época dos ataques, não morava no Brasil, então eu acabava acompanhando o que acontecia por internet. E sinceramente, alguns ataques machucavam até eu, vivendo outra realidade, ao imaginar que alguém precisaria ler aquilo e em seguida construir um setlist de músicas para a festa seguinte. Ao mesmo tempo, considerava serem ataques planejados e midiáticos, com objetivo de desmoralizar os eventos que as chamavam, seja para expulsá-los dos eventos ou construir uma nova fase que fosse “a correção” daqueles erros. Na próxima pergunta, me refiro a esta polêmica “midiática fabricada”, justamente por acreditar ser um boicote proposital para prejudicar a carreira delas.

(Puppets/Reprodução)

Matheus: Lá por 2019, o nome de vocês, sem querer, foi envolvido em uma polêmica (midiática fabricada) sobre serem haters de Pop Mainstream (chamado de Farofa) e Bubblegum Pop (principalmente os de 2010) e só tocam “pc music”. Dois tópicos agora: Como vocês se posicionam sobre essas suposições? Cabe uma farofinha dentro do set Triniz? O que diabos é PC Music?

Giovanna (Tri): (risos) É amigo, estamos nessa polêmica. Minha opinião oficial sobre essa polêmica é a seguinte: tem como gostar de Hyperpop e amar Pop Farofa. Tem como gostar das duas coisas. Dito isso, quero dizer: quando eu e a Luiza começamos a tocar, sempre íamos em baladas LGBT, e só tocávamos músicas pop que todo mundo conhecia. Só tocava “pop farofa”, mas aí, como nosso conceito era tocar músicas diferentes e que ouvíamos em casa, obviamente tinha um pouco de pop alternativo. Era uma época que nem chamavam de Hyperpop, começaram a chamar de PC Music. E tipo, quando o PC Music surgiu, a gravadora, pois na verdade esse é o nome de uma gravadora, também com a mesma ideia de juntar ideias da música pop com coisas diferentes. A gente só está com a mesma ideia de fazer um set de música pop tradicional, mas com coisas diferentes, só que eles estão executando muito maior. A gente está tipo reproduzindo, sabe?
Quando falo do pop alternativo em baladas era tipo tocar alguma música da Kim Petras antes dela estourar na bolha [LGBT] com o Turn Off the Light [álbum/mixtape] . Eu entendo que nas baladas não queriam ouvir uma mina aleatória como a Kim, mas também era pop e merecia um espaço ao lado de Beyoncé e Lady Gaga. Mas tipo, o Pop Farofa sempre teve o espaço dele. A gente só achava que como existiam outros tipos de Pop, eles também podiam aparecer e ter o lugar deles. Mas eu entendo quem ia pra uma balada ouvir Farofa nem sempre iria querer ouvir um “bate panela”, ainda mais em 2019 que existia muito bem hyperpop mainstream.

Quando Giovanna cita “Hyperpop Mainstream”, ela se refere à uma bolha que foi estourada nos últimos tempos. Lady Gaga abordou alguns artistas de Hyperpop no último ano para o álbum de remixes “Dawn of Chromatica“, e recentemente Charli XCX conquistou o topo das paradas do Reino Unido com o álbum Crash. 

Luiza (Niz): Agente serve farofa pra caralho, na verdade. Só que vou falar a real, na época não gostava mais de escutar o mesmo tipo de música nas festas [se referindo ao Pop Farofa]. Tinha música legal de 2010, mas eram sempre as mesmas coisas, e a gente só tentava fugir daquilo. A gente até tocava Britney Spears, então cabe super uma farofa, mas tem que ser uma farofa boa, né?
Na época não fazia sentido, por exemplo, tocar Toxic [Britney Spears], a gente só ia ser mais uma pra tocar isso, então qual era o sentido? Nossa ideia era era tocar algo diferente, e aí veio ideias de trazer sonoridades diferentes. Mas acho que muitas pessoas não estavam abertas a escutar sons novos. E aí alguns enchiam a porra do saco e acabavam sendo chatos, até chamando Hyperpop erroneamente de PC Music. Mas hoje a gente vê que mais pessoas entendem e passaram a gostar [de Hyperop]. No final do ano passado pra cá, e também na pandemia, as pessoas entenderam.
O que ajudou muito a fazer as pessoas entenderem [o genêro] foi o álbum How I’m Feeling Now da Charli, foi uma coisa bem marcante para as pessoas conhecerem. E sem querer se gabar, mas [o Hyperpop] era uma bola que a gente cantava. O Licas também curtia esse tipo de música, então éramos nós. Só acho que não tem como você querer que a música não evolua, é o curso natural o pop ir mudando conforme o tempo. A música conforme passa vai se modificando, e se você não abrir a cabeça vai ficar parecendo aqueles velhos chatos que falam que só rock presta, sabe? É uma mentalidade muito tosca.

(Pimps/Reprodução)

E já que elas falaram de How I’m Feeling Now, precisamos entrar no assunto temido de toda pessoa envolvida com eventos: a C-Word. A primeira era Triniz terminou em março de 2020, quando a pandemia aterrorizou o mundo. Em Londrina, o decreto para suspensão de eventos encerrou os planos da dupla de continuarem tocando em festas e também prejudicou diversos produtores e casas noturnas que dependiam de eventos para sustentar a casa. Sem alternativas, algumas festas passaram a produzir festas on-line, e naquele momento as Triniz continuaram aparecendo por alguns meses, seja discotecando  on-line ou produzindo Mixtapes, sem desistir da dupla.

Matheus: Como foi para vocês o baque da covid-19? Afetou muito a dupla? Conseguiram produzir algo?

Luiza (Niz): Foi bem triste, porque a gente estava mantendo um ritmo né? Tocando nas festas e tudo mais. Aí veio a C-word e foi foda, precisamos ficar em casa. Só que como eu e a Giovana amávamos discotecagens resolvemos não parar, continuamos estudando referências, adquirindo novas músicas. E foi algo, falo por nós duas, positiva no sentido de estudar e aprimorar nossa discotecagem em casa. E não é uma vergonha pra mim falar que a gente usa o Virtual DJ pra mixar, não temos uma controladora, então a gente estuda mixando no Virtual DJ, até hoje, e na época [o Virtual DJ] foi muito importante pra sentar, parar e estudar. Nós continuamos produzindo muita coisa, tocamos on-line e lançamos vários sets on-line.

Giovanna (Tri): Antes da pandemia a gente estava começando a tocar bastante. A gente ia tocar naquela festa anos 80 que não rolou [Mamma Mia! O Baile, que aconteceria na semana que os eventos foram suspensos por lei], a gente estava superanimada na época, achando que a nossa carreira em 2020 ia decolar. Finalmente íamos conseguir mais espaço, e era uma época que estávamos capengando mesmo pra conseguir um público que gostasse da gente, sabe? Estávamos em dúvida ao gênero que realmente queríamos tocar. Olhando pra trás, eu imagino que estávamos capinando pra construir um público. Ao mesmo tempo que a pandemia foi horrível, ela foi essencial para as pessoas lembrarem da gente e nos ouvirem, ficávamos em casa e lançávamos um set no Soundcloud. Na pandemia ficamos em casa e mixamos sem depender de uma opinião do público, acabamos fazendo uns dez sets assim [livremente]

Luiza (Niz): Acho que hoje fica um sentimento até meio que nostálgico, uma coisa de cada um festando na sua própria casa, tinhas as edições on-line das festas. Foi um tempo muito importante para aprender algumas coisas, aprimorar nossa mixagem, discotecagens e referências. Não ficamos paradas.

PARTE 2 – O COMEBACK

Matheus: Passando a pandemia, chegamos no fim de 2021 e o comeback de vocês em discotecagens foi na “Isso Não é Uma Frootaria”. Lembra como foi o convite na época? Foi uma sensação de “finalmente vamos voltar”?

Luiza (Niz): Sim, foi muito bom. Ficamos muito felizes e animadas com o convite. Eu acho que naquele dia, amigo, naquela Frootaria, que NÃO era uma Frootaria, naquele fatídico 19 de dezembro, abriu um portal. Eu até falei com a Giovanna ontem, que aquele set abriu um portal e o mundo rodou. Foi incrível, muito foda… Não tenho palavras. A gente viu que o público estava tendo uma resposta tão foda [quanto as músicas], não sei se foi a primeira vez que isso aconteceu, pois a gente foi construindo e quando tocamos na última Pimps [antes da pandemia] o público já estava começando a aceitar [o som]. Na pandemia algumas pessoas continuarem acompanhando a gente, mas quando chegou na Frootaria foi uma baforação total, a gente viu que o publico aceitou muito bem nosso set e ficou fritando. Tenho certeza de que aquele dia foi muito importante, mesmo.

Giovanna (Tri): Nossa amigo, essa festa foi um divisor de águas. Foi um divisor de águas na minha vida eu diria. Juro. Pensa: a gente discotecava pra cinco pessoas, está ligado? No máximo. Na pandemia a gente só ficava só em casa, fazendo sets do jeito que a gente queria, sem saber se as pessoas pós-pandemia ainda iriam lembrar que a gente existia. Se ia ter uma festa pra tocar tudo isso, se as pessoas iam gostar de ouvir a gente. [Não sabíamos] se a gente ia continuar tocando para cinco pessoas, se ia precisar capengar pra ter um público. Então quando nos chamaram pra Frootaria ficamos muito felizes, ficamos tipo “Meu Deus é a Frootaria” [lembrando que NÃO ERA uma Frootaria], mas também ficou uma sensação de medo, eu estava com medo. Pensando se iam gostar, curtir. E daí foi… Perfeito, sabe? As pessoas gostaram muito, ficaram comentando depois no Twitter, isso foi algo que nunca tinha acontecido, sabe? E eu me diverti. Foi realmente um divisor de águas. Perfeito.

Luiza (Niz): Eu tinha esquecido dessa parte que a Giovanna disse. A gente ficou muito nervosa pra voltar, é porque fazia muito tempo. Naquele momento foi a primeira festa que teve depois da pandemia. Ficamos muito nervosas pra voltar, questionando se as pessoas iriam gostar, aceitar e se ainda lembravam da gente. Eu lembro que estava super nervosa, mas assim… Depois que damos o primeiro play na primeira música, tudo fez sentido.

(Triniz/Divulgação)

Matheus: Eu (obviamente) estive presente no comeback de vocês, e uma das coisas que mais chamou a atenção foi que MUITAS pessoas trataram vocês como artistas e ficaram assistindo — e dançando — o set que produziram. Esse movimento acontecia antes da pandemia ou foi recente? Como vocês enxergam esse movimento do “front”, que virou tendência? É um gás para as discotecagens?

Luiza (Niz): Ai amigo, com certeza, né? É a nossa nação, a nossa nação Triniz que só cresce a cada dia e é obviamente muito importante pra gente, principalmente essa resposta que o público vem dando, sabe? É indescritível, muito gratificante ver que finalmente as pessoas estão gostando de uma coisa que você faz. Quando as pessoas realmente gostam de uma coisa que você faz é muito bom, não tem sensação melhor. É um gás na nossa discotecagem, eu amo estar dançando junto porque eles estão ali fritando e eu estou ali também, sabe? É uma troca e a melhor coisa do mundo. Pra mim [discotecar] é a coisa que eu mais amo fazer na minha vida. É muito importante finalmente saber que as pessoas estão gostando, qualquer artista faz [sua arte] com o coração, e é seu coração que você está dando ali naquele momento [na discotecagem], no começo não tínhamos uma resposta tão boa, ou às vezes não entendiam a proposta, mas agora nós temos esse amor das pessoas, e que as pessoas realmente gostam do que a gente está fazendo. Simplesmente muito foda.

Giovanna (Tri): Foi a primeira vez que alguém ficou ouvindo e presentando atenção, que não estava lá só pra ouvir uma música aleatória. Foi a primeira vez que ficaram prestando atenção em nós, tocando. Agora as pessoas gostam de ficar vendo, além de ouvir as músicas, a pessoas nos assistem, não é só a música, elas estão vendo eu e a Luiza, sabe? Nunca tinha acontecido, e eu fiquei super chocada e surpresa, nunca imaginei. E pra mim é legal, eu gosto de ver que as pessoas estão gostando de ouvir a música, gosto de ver as respostas, tanto que se a gente tiver tocando uma música que a gente perceba que as pessoas não estão curtindo tanto na pista, nós trocamos, tá ligado? É importantíssimo essas pessoas que ficam no front. Além de divertido, a gente sempre conhece novas pessoas, interagimos, então é tudo.

Matheus: E após a “NÃO Frootaria”, como tem sido essa nova era da Triniz? Vocês estão recebendo muitos convites, os eventos estão legais?

Giovanna (Tri): Está sendo tudo. Não sei nem explicar. Está sendo maravilhoso assim. A minha vida por inteiro está sendo me dedicar à isso [discotecar] porque eu quero isso. Aquele dia [Isso Não é uma Frootaria] eu percebi que tem pessoas que estão aí pra te ouvir. E a gente quer fazer projetos futuros que vão além de discotecar. Eu diria que cem por cento das festas que tocamos depois da pandemia foram perfeitos, eu gostei de todos. Estou só aproveitando, sabe?

Luiza (Niz): Tá sendo tudo na real, estamos muito felizes com os convites que estamos recebendo com as festas que estamos tocando. Pra gente é uma coisa que a gente quer fazer, quer seguir e a gente só espera melhorar daqui pra frente e continuar, trazendo coisas novas, continuar tocando e é isso. Baforando muito.

(Triniz/Divulgação)

Matheus: Um comentário pessoal: uma vez, fui em um evento Accidental Gig em que vocês tocaram quase 3 horas direto, com muitas pessoas ficando até o fim. Como é pra vocês saberem que são amadas a ponto de pessoas como eu quererem ficar até o último segundo do set?

Giovanna (Tri): Neste dia o produtor falou que podíamos tocar a hora que quiséssemos, e óbvio que a gente ficou tocando lá porque estávamos tirando uma pira, sabe? Mas eu nunca imaginei que ia ter gente ficando até o fim, tipo quatro horas da manhã ouvindo. Mas eu acho que como a gente ficou bastante tempo deu pra contar uma história, digamos assim, deu pra tocar de tudo. Acho que as pessoas foram sendo surpreendidas por tocarmos várias coisas e vários gêneros, e elas acabaram só ficando, sendo levados pelo som, nem devem ter percebido que passou tipo quase três horas, sabe? Porque nem eu mesma percebi.

Luiza (Niz): Que isso amigo, não sei nem responder, é uma honra pra gente estar tocando e ver que as pessoas estão curtindo, e aquele dia a gente tocou por muito tempo MESMO e foi muito massa porque foi meu aniversário, então foi bem babado. Foi no sábado, meu aniversário era domingo, então foi um rolê muito legal e para um público bem diferente do que a gente estava habituada, ficamos muito nervosas, com medo de não agradar, mas teve gente que colou lá pra ver a gente e isso é muito legal, sempre ficamos feliz com comentários como esse [minha pergunta], então de verdade, muito obrigada.

Matheus: Assim como farofa, synthpop e bubblegum pop, talvez possa chegar um momento em que o Hyperpop seja um gênero nostálgico. Como vocês se imaginam como duo quando este momento chegar? Continuará sendo o ritmo principal do duo ou vocês pretendem acrescentar novas tendências do mercado musical?

Giovanna (Tri): Eu já parei pra pensar nisso, porque assim como alguns ficam pensando “queria a volta do Pop 2010”, eu fico imaginando que daqui dez anos as pessoas ficar querendo a volta do Hyperpop. Mas sinceramente eu não me importo com isso porque o Hyperpop está sempre se inovando. E sempre tem coisas novas no Hyperpop, sempre estamos tocando outras coisas, também abordamos um pop nostálgico e outros gêneros eletrônicos. Então estamos sempre mudando, e se chegar o fim do Hyperpop está tudo bem, vamos continuar tocando o que já existe e acrescentando coisas que surgirem.

Luiza (Niz): Acho que a gente sempre teve um repertório grande e massa, que inclui vários gêneros pop e eletrônico, acho que [o fim do Hyperpop] nem é uma questão, sabe? Nunca tinha pensado nisso, agora que estou pensando. Mas acho que a gente pretende sempre tentar coisas novas. Acrescentando e estudando novas referências. — nessa hora, Luiza solta: “Tipo não sei sim. Foi mal. Estou lavando louça aqui.”. Mas eu acho que com certeza a gente tocará outros gêneros e sempre se atualizar, né?

Matheus: Duas perguntas em uma: qual música vocês definitivamente tocam nas festas e qual JAMAIS ousariam baixar?

Luiza (Niz): Tocaria: Good Puss. Não tocaria: Taylor Swift, desculpa quem gosta.

Giovanna (Tri): Tocaria: SOPHIE – MSMSMSM. Não tocaria: não quero mexer nesse vespeiro, mas t*yl*r sw*ft.

Além da interação nas festas, a movimentação da Triniz é gigantesca no Twitter, além da interação com a fanbase. Antes de finalizar a pergunta, ousei em perguntar uma história sobre elas odiarem Lorde e nunca mais tocarem um som dela porque, segundo os rumores, um menino abordou elas pedindo com êxtase por Lorde.

Matheus: Caminhando para o final, uma pessoa da nossa redação comentou que há um boato que vocês odeiam a Lorde e nunca tocariam uma música dela. É verdade?

Giovanna (Tri): (risadas) A história da Lorde é a seguinte: a gente ia tocar na Frootaira de Carnaval e aí um menino mandou uma mensagem no Instagram falando “oi, por favor, toca Lorde”. E ele estava lá [na Frootaria] e aí quando a gente encontrou ele, eu fiquei: “você é o menino que mandou mensagem no Instagram pedindo pra tocar Lorde?”, e aí algum amigo próximo ouviu e ficou zoando como se eu e a Luiza nunca fôssemos tocar Lorde. Mas a gente não odeia a Lorde, já tocamos “Perfect Places” e “Ribs”.

Luiza (Niz): Amigo, a gente ama a Lordinha, a rainha, a gente ama, a gente já tocou várias da Lorde, com certeza. É que virou um meme, né? “Ai, toca uma da Lorde”.  Mas já tocamos várias dela, amo “Supercut”. A gente já tocou várias da lenda, né, mano?

Matheus: Olhando para essa trajetória de anos, o que vocês aprenderam como Triniz?

Luiza (Niz): É foda porque quatro anos é muita coisa, sabe? É tipo uma criança. Quatro anos do Triniz Junior. Mas tipo, deu pra aprender muita coisa, acho que tanto cada uma de nós individualmente quanto como dupla, a gente cresceu muito e em várias circunstâncias. Valeu muito a pena e está valendo ainda. A gente passou por tudo isso, acho que a gente tem muito pra crescer e evoluir, ainda queremos tocar fora de Londrina, ir para outros lugares. Eu só tenho a agradecer mesmo a todo mundo que de uma forma ou outra esteve com a gente.
Os produtores que acreditaram na gente desde o começo. Muita gente desacreditou da gente e até hoje meio que desacredita, mas não é o caso dos nossos migos que ficam no front, às vezes indo no rolê só pra ver a gente tocar. Eu não preciso nem citar nomes porque “os de verdade” sabem quem são. Tô muito feliz mesmo da gente estar sendo chamada pra tocar, em vários lugares e eventos, de estar junto e tocar com a Giovana, coisa que eu mais amo na minha vida, eu acho que a gente se completa de uma forma muito linda, e é isso.

Giovanna (Tri): Amigo valeu muito a pena e vale a pena sempre. É tudo na minha vida. [A Triniz] dominou completamente minha vida, e eu gosto, aprendi muito, eu amo mais que tudo, eu queria largar tudo e só discotecar. Isso é um plano, é o que a gente queria fazer de tanto que valeu a pena. Mudou várias coisas pra mim, eu nem sabia que era algo que teria afinidade. E depois da pandemia ainda, é graças as pessoas que vão ao nosso set e comentam sobre a gente no Twitter, os que estão no front, no Instagram comento. É indescritível, sem palavras.

Matheus: Para finalizar, essa entrevista está sendo realizada em um momento importante da carreira do duo: logo mais, no sábado, vocês estarão na line-up do comeback do Churrasco de Design, um dos principais (senão maior) evento da UEL. Quais são as expectativas para este grande acontecimento?

Giovanna (Tri): Eu tô tipo assim… Cagada de medo. Eu estou real cagada de medo, antes da pandemia eu ficava muito muito nervosa antes de tocar, depois da pandemia isso melhorou um pouco porque já fazia um tempo que estávamos tocando. E geralmente eu não fico muito nervoso em relação as músicas, vou confiante. Mas estou meio cagada de medo, é um evento que as pessoas botam muita muita muita expectativa. E vai ser um comeback de dois anos, elas já vão com muita expectativa. A gente quer que seja muito legal e que curtam, que dancem e bebam e se divirtam. Ficamos bastante na expectativa, animadas. Mas achamos que vai ser legal, vamos chegar na hora e esquecer que estávamos com medo e aproveitar. Vai ser bafônico.

Luiza (Niz): É o churrasco, a gente já tocou algumas vezes no passado e sempre é um momento muito foda, né? A gente sempre ama tocar no Churrasco de Design, é uma puta festa e muito amada, muito esperada por muitos e vai ser tudo. Estamos com expectativas boas, né? A gente não quer só tocar, mas curtir e vai ter muita gente massa tocando: Pauli&Rakel, Alvez e Suzi, o Gabreuls e o CHROMECASTRO. É um rolê muito massa. E o que a Gi falou é verdade, vai ser bafônico. É isso amigo.

(Portal Pop3/Reprodução)

Dois dias após a entrevista, as Triniz se apresentaram no Churrasco De Design no início do evento, aproximadamente 16h30. Eu, que já havia realizado a entrevista, digitei algumas coisas no meu bloco de notas do celular para não esquecer caso a bebida subisse e me desse uma espécie de amnésia, haha. Uma das anotações que destaco aqui foi “16h32 — CHROMECASTRO já terminou, Triniz já está começando forte com HEY QT”. Infelizmente, o forte não pareceu ser real para algumas pessoas que frequentaram o evento.

No domingo, uma enxurrada de críticas envolvendo a sonoridade do evento tomou conta a ponto de contas com certa relevância depositassem comentários de ódio. Um que particularmente me pegou foi se referindo ao grupo que gosta de hyperpop que “voltasse pro esgoto”. Em poucas horas, a nação Triniz as defendeu com unhas e carne, mostrando que para muito ódio, também há muito amor. E uma rinha meio tóxica também, mas abafa. No negativity on this site.

Não sou bobo e reconheço que entro na bolha de “cinco fãs” que o duo tem segundo algumas pessoas do Twitter, mas, ao mesmo tempo, meu guarda-roupa tem basicamente 15 ou 16 peças que referenciam o pop mainstream que os mesmos críticos aclamam — quem já me viu por aí com certeza viu o rosto de alguma Spice Girl, MARINA, Lorde e até mesmo Nicola Roberts.

Nos últimos dias, passei a refletir se gostar de farofa e hyperpop pudesse me fazer  um patinho feio, um estudioso não-oficial de música ou apenas alguém que deixa o caos acontecer. Minha última festa pop antes da pandemia foi no Zerão, em junho de 2019. Passei basicamente 2 anos e meio sem poder frequentar uma festa. De tanta saudade, achei que simplesmente só não me importei com novos gêneros em festas.

(Triniz/Divulgação)

Mas, o que me fez concluir que não era sobre isso foi quando comecei a relacionar a história da Triniz com os Popolins. Em ambos os casos, não só acompanhava as discotecagem como estarem presentes me convencesse a sair de casa. Lembro de uma edição no NYL em que eu e minha amiga fomos sozinhos, apenas para dançar o set dos Popolins. Este ano, vivi a mesma situação ao ir na Accidental Gig convencido pela presença delas. Pra curtir, pra apoiar e também pra respirar um pouco e me divertir.

E como pode seis anos, algumas marcas de velhice e dor nas costas me causar a mesma sensação de admiração e apoio? É aí que passo a considerar o ato de ser DJ uma arte. Arte por pesquisar músicas, se preocupar com a qualidade delas, sentar para criar uma sequência musical que faça sentido em caixas de som alta e também de enfrentar um público gigante, sabendo que a resposta possa ser positiva ou negativa.

(Triniz/Divulgação)

E engana-se quem pense que estou dizendo “engula seu preconceito da Triniz com farinha”. Está tudo bem você não se identificar com o som delas, só não pode usar isso como motivo para xingá-las. O Hyperpop não é o gênero que domina horas de festas, e chega a ser estranho como um set de 1h da dupla pode incomodar as pessoas a ponto de xingá-las. E detalhe: aqui, não falo por todo o som de 9h do Churrasco de Design, e sim sobre Triniz.

Não acho que aqui seja o melhor espaço para discutir que tipo de música um DJ deve tocar, mas em uma cidade com Fer Matias, Nane, Luan Caetano e Dan Murata, que dominam com maestria a história da música Pop (e Farofa), acredito que depositar um ódio é levemente exagerado, não? Um formato muito interessante que existe em Londrina e no Brasil é o “calendário de eventos”, e aproveito o espaço para divulgar os incríveis Qual é a Boa Londrina. Mas também vale stalkear os DJs citados acima, o Fer, por exemplo, teve a pachorra de me surpreender ao tocar “Holler” no Oloo Bar, enquanto Nane sabe misturar Jennifer Lopez e Charli XCX como ninguém. O Luan Caetano é uma das maiores referências ao se tratar de misturar Pop e Eletrônico, e Dan Murata corre o risco de ser vaiado se não tocar Whitney, Beyoncé e seus singles.

Conclusão: sobre o Churrasco, eu amei viver mais um set delas. Tri e Niz incluíram na discotecagens clássicos do Pop como “In the Dark” – DEV, “Superbass” – Nicki Minaj”, “Bitch I’m Madonna” de Madonna, e também abordou um mash-uop de”Slut Pop” – Kim Petras com “Take It Off” – Kesha, “Cleo” – Shygirl, “Sine From Above (Remix)” – Lady Gaga & Elton John e “MOTOMAMI” – Rosalía. Mas mais do que um set, a proposta que as Triniz trazem ao público é apresentar o que há de mais novo na música Pop. Além do hyperpop, sempre existe espaço para artistas como Rina Sawayama, cupcakke, Mitski, SZA e Lana Del Rey. Prometo: nenhum desses é Hyperpop.

Triniz: Muito obrigado pela oportunidade e confiança de concederem esta entrevista. Agradeço ao Carlos e Lucas por terem me acompanhado nos últimos meses para dançar e também ensinar um pouco sobre este ritmo.

(Triniz/Divulgação)

Finalizo lembrando da primeira vez que vivi o set delas após a pandemia. Chorei muito no inbox pedindo “It’s Okay to Cry” da SOPHIE, era a música que mais queria ouvir em uma festa. Prontamente, elas executaram. Me senti especial. Quem eu encontro no front?

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Quando criança e no auge da internet discada, imitei a performance de "Naked" das Spice Girls em Istambul na cadeira do computador. Minha mãe entrou no quarto e viu a cena, foi constrangedor. Não veja essa performance no YouTube.