Rebelde: revendo a telenovela de 2004 em 2022; uma experiência nostálgica!
Apesar da narrativa problemática, relacionamentos abusivos e gordofobia, Rebelde ainda entretém seja pela nostalgia ou pelo absurdo
Publicado em 20 de junho de 2022, por Victoria Vischi • NovelasA telenovela mexicana Rebelde, produzida pela Televisa, foi exibida originalmente de outubro de 2004 a junho de 2006 pelo canal Las Estrellas. A produção foi transmitida no Brasil pelo SBT e acompanha a história de estudantes do colégio internato Elite Way School, um ambiente elitista com supervalorização dos bens materiais e de poder, no qual as personagens lutam para romper as barreiras sociais e para fazer o que acreditam.
A telenovela foi inspirada na produção argentina Rebelde Way, de Cris Morena, e alcançou sucesso internacional, também com a banda RBD, formada pelos protagonistas da história — Mía (Anahí), Roberta (Dulce Maria), Lupita (Maite Perroni), Miguel (Alfonso Herrera), Diego (Christopher von Uckermann) e Giovanni (Christian Chávez).
Quando Rebelde foi exibida pela primeira vez no SBT, acompanhei a história me tornando uma fã fervorosa, que ensaiava as coreografias e chorou desesperadamente quando o capítulo final foi exibido. Neste ano, após assistir a série Rebelde, da Netflix, que acompanha uma nova geração de estudantes do Elite Way School, decidi rever a versão antiga.
Com diversas linhas narrativas paralelas, como é comum em telenovelas, Rebelde é repleta de dramas adolescentes, mas acompanha também histórias centradas em professores e pais de alunos. Entre situações que beiram o absurdo, a trama pavimentou as narrativas de “inimigos para amantes” de uma geração, com os relacionamentos principais entre Mia e Miguel, Roberta e Diego e até mesmo a relação entre a mãe de Roberta, Alma Rey (Ninel Conde), e o pai de Mia, Franco Colucci (Juan Ferrara).
As situações de inimizades não ficam apenas em uma antipatia adolescente para disfarçar atração. Chegamos a ver no início da 1ª temporada Miguel ameaçar jogar Mia de um precipício e as brigas entre Roberta e Diego não ficam muito atrás.

(Televisa/Reprodução)
Além da formação tóxica e problemática de relações românticas, a história mostra diversas situações desconfortáveis de assistir, com cenas com grande sexualização das personagens femininas evidenciadas pelas interações de alunos com a professora de dança e Alma, e piadas com teor preconceituoso, como piadas gordofóbicas e homofóbicas.
Apesar das problemáticas, a narrativa muitas vezes chega a ser caricata, com comportamentos absurdos, que continuam a entreter pelo quão trash se tornam. De forma surpreendente, rever Rebelde tem sido uma experiência divertida e leve. Reconhecer as situações tóxicas e incorretas presentes no roteiro, não tirou a diversão de acompanhar a produção, ainda que tenha feito com que a veja com outros olhos.
O ritmo de desenvolvimento da narrativa da telenovela é completamente diferente de séries televisivas, ainda que Rebelde também tenha rendido três temporadas. São no total 440 episódios, divididos nessas temporadas, sendo que a primeira delas conta com 215 capítulos.
Dessa forma, enquanto hoje estamos acostumados a ver relacionamentos e narrativas se desenvolverem rapidamente em séries que costumam possuir entre 8 e 20 episódios, em Rebelde o avanço é muito mais lento, apresentando o verdadeiro significado de slow burn (queima-lenta).

(Televisa/Reprodução)
Outra diferença é o enorme número de personagens que têm narrativas próprias desenvolvidas. São muitos os coadjuvantes, que apresentam seus próprios arcos e subtramas, permeando a história. De modo que vemos pessoas entrarem e saírem de foco ao longo dos episódios, tendo mais tempo de tela durante determinada sequência de episódios, para depois quase sumirem em outros e retornarem mais a frente.
Ao mesmo tempo em que essa pluralidade de narrativas é interessante, por vezes, fico com pressa para que o foco volte aos arcos que me interessam mais e saia de personagens e desenvolvimentos que acho sem graça, como as interações entre a esposa do diretor e o professor Henrique.
No ponto em que sentei para escrever esse texto, estou no capítulo 64 da 1ª temporada, ainda longe de chegar a metade dessa etapa, mas com uma quantidade de tempo dedicada a assistir que seria como ver pelo menos seis temporadas de um original Netflix.
Resolvi compartilhar as minhas primeiras impressões, já não tão primeiras, nesse ponto. Pretendo voltar a compartilhar como tem sido a experiência de rever essa história que marcou a minha infância quando achar que tenho coisas novas a dizer, pode ser daqui outros 60 ou 120 episódios, não sei.
E, quem sabe, uma impressão final ao chegar ao fim dessa jornada, que pode se tornar uma história sem fim caso eu perca o interesse em algum ponto dos 440 episódios. Conta pra gente o que achou dessa volta no tempo, e continua acompanhando o Portal Pop3 para mais conteúdos sobre o mundo pop!